Misturas São o Grande Atrativo da Californiana Vinícola Linne Calodo

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O vinicultor californiano Matt Trevisan adora trabalhar com as mãos e realiza tarefas que muitos outros proprietários de vinícolas deixam para outras pessoas. “Conserto tudo, até tratores, caminhões, bombas, empilhadeiras, fermentações e portões”, diz Trevisan, cuja vinícola Linne Calodo, em Paso Robles, cidade na Califórnia, é conhecida pelas suas misturas de Rhone — uma referência ao Vale do Rhône, na França, com o blend das uvas Grenache, Syrah e Mourvèdre — e a zinfandel, variedade tinta muito popular nos Estados Unidos, especialmente nesta região.

Trevisan e sua esposa Maureen fundaram a vinícola em 1998 e, além da sua habilidade manual, ele diz que sua formação em engenharia aeronáutica e bioquímica tem sido muito útil na viticultura. Ele ingressou na California Polytechnic State University (Cal Poly), uma universidade pública em San Luis Obispo, no estado, para estudar engenharia aeronáutica e obteve um certificado de piloto antes de se formar em bioquímica.

“Durante o meu tempo na Cal Poly, trabalhei nos estoques de química”, recorda Trevisan. “Minha supervisora havia atuado na indústria do vinho, e seu marido trabalhava nas relações com os produtores para a Robert Mondavi Winery. Foi ela quem sugeriu que eu olhasse para a indústria do vinho.”

Para Trevisan, sua mente de engenheiro e químico o ajudou a projetar estradas na vinícola, planejar a infraestrutura e construir edifícios. “A capacidade de visualizar e depois construir é extremamente útil”, afirma. “Tenho a capacidade de olhar para um problema, analisar a engenharia e avaliar o método adequado para resolver a questão. Muitas vezes, isso começa com o uso de chaves inglesas.”

Mas os apreciadores de vinhos estão de olho mesmo na qualidade das misturas da Linne Calodo — não sobre sua infraestrutura. “Estávamos observando as semelhanças com o clima e os solos mediterrâneos e a histórica mistura de grenache, syrah e mourvèdre”, diz ele. “Esses vinhos foram inspiradores, e a tela estava em branco. Parecia o caminho natural e nativo para onde deveríamos ir, junto com misturas à base de zinfandel, que têm uma história comprovada aqui em Paso Robles.” As misturas de Rhone são vendidas por US$ 95 (R$ 540 na cotação atual) no site da vinícola.

Divulgação

Vinho estocado da Linne Calodo

A Linne Calodo acabou de lançar o seu 2021 Level Headed, composto por 85% de grenache, 8% de syrah e 7% de mourvèdre, envelhecido por 29 meses em um foudre de carvalho francês. Foram produzidas 480 caixas. A safra 2021 marca o segundo lançamento do Level Headed, após a inaugural de 2019.

As uvas colhidas para o 2021 Level Headed vieram predominantemente do Gabbi’s Block, uma parcela íngreme de terra voltada para o nordeste, na vinícola Stonethrower da Linne Calodo, localizada a 16 quilômetros do Oceano Pacífico, a uma altitude de 411 metros.

As misturas da Linne Calodo se diferem de outras de Napa Valley, uma das regiões mais famosas no norte da Califórnia e prestigiadas do mundo, com 400 vinícolas. “Minhas misturas são menos convencionais e talvez mais energéticas em estilo”, diz Trevisan.

“Nunca busquei ser uma mistura de topo. Estou fazendo isso para alcançar perfeição, equilíbrio químico e para proporcionar um vinho fácil de beber ou com uma composição de taninos definida que permita envelhecimento.”

Produção longe do fogo

Para ele, os incêndios florestais na região são sempre uma preocupação, por isso a Linne Calodo toma medidas preventivas. Quase 30 vinícolas foram danificadas ou destruídas nos incêndios de 2017 nos condados de Napa, Sonoma e Mendocino, de acordo com o San Bernardino Sun. A Linne Calodo está no condado de San Luis Obispo, a algumas centenas de quilômetros ao sul dessas vinícolas.

“Os incêndios florestais têm ficado distantes até agora, mas a base aérea da Cal Fire está a apenas 16 km no Aeroporto de Paso Robles”, diz Trevisan. “Fazemos muita mitigação de incêndios florestais todos os anos em nossas propriedades, o que inclui o pastoreio de ovelhas e manter o chão da nossa floresta de carvalho limpo. Isso nos obriga a percorrer a floresta todo ano após a colheita e fazer pilhas de queima com toda a madeira caída que é pequena demais para ser usada como lenha”.

Segundo o produtor, a queima ocorre entre dezembro e março. “Gostamos de dizer que, ou queimamos de forma controlada, ou ele vai queimar de forma descontrolada durante o verão.”

Outro de suas preocupações são as prisões feitas pelo governo federal de imigrantes ilegais que trabalham na indústria do vinho da Califórnia. “Acho que eles colocaram medo em uma força de trabalho que está apenas tentando ter uma vida melhor”, diz Trevisan. “O barulho das espadas e o direcionamento étnico são regressivos. Continuarei esperando o dia em que um bando de gringos trabalhe tão arduamente no campo quanto os imigrantes que alimentam nosso país.”

Sobre a produção, Trevisan diz que seus planos futuros de viticultura são replicar o que ele tem feito. “Gosto de produzir pequenos lotes de vinho que contem uma história verdadeira”, diz ele. “Tenho muito cuidado para manter a vinicultura divertida. Gostaria de ver meus filhos assumindo as rédeas e seus filhos encontrando alegria no que criamos aqui em Paso Robles. A vinicultura multigeracional é o meu sonho.”

* Gary Stoller é jornalista e colaborador da Forbes EUA, onde escreve sobre viagens, estilo de vida e vinhos.

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