Arte Que Traça e Desafia Limites

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Nova York

Estamos muito orgulhosos pela exibição, pela primeira vez no Museu de Arte Moderna (MoMA) de Nova York, da única tela de Tomie Ohtake a constar no acervo do museu. Adquirida de nossa galeria em 2024, a tela sem título, datada de 1982, representa as pesquisas de Ohtake que a levaram a ser respeitada como um dos eixos do abstracionismo brasileiro. A pintura em acrílica está na coletiva ‘Body on the Line’, na sala 420 da The David Geffen Galleries, no quarto andar da instituição.

São Paulo

É incomum galerias convidarem dois artistas para pilotar curadorias de duas exposições coletivas concomitantes, sob o mesmo teto. É o que fizemos, dessa vez, na sede na Avenida Europa. Com apoio de nosso núcleo curatorial, convidamos Laura Vinci e Artur Lescher, dois paulistanos há muito no nosso portfolio, ambos da mesma geração – por coincidência, ambos nascidos em 1962. Lescher e Vinci se respeitam e se admiram em suas diferenças narrativas desde que se jogaram de cabeça, em meados dos anos 80, no então incipiente circuito das artes visuais de outrora.

O pianista e compositor, Duke Ellington, dizia que o primeiro passo para ser um músico é começar ouvindo os grandes músicos, o segundo, é ouvir a si mesmo. Nas artes é o mesmo. Os nomes nas duas coletivas, percebe-se, seguiram o conselho do mestre que internacionalizou o jazz. Com coragem para enfrentar a inescapável ferramenta do erro e do acerto, suas obras trilham novos caminhos, abrem novas portas, novas possibilidades para a fruição de um novo olhar, de uma nova linguagem. Somos todos, a bem da verdade, saídos da mesma forma, do mesmo barro, mas cada um com suas diferenças que tanto enriquecem a todos.

Cortesia MoMA

TOMIE OHTAKE (1913-2015), Sem Título, 1982, tinta acrílica

A Cor entre Linhas” com curadoria de Artur Lescher

Conhecido por sua obra tridimensional, Lescher concebeu o leitmotif de sua coletiva “A Cor entre Linhas” a partir de uma instalação sua, inédita, sem título, de grande dimensão (500 x 590 x 840 cm), produzida em dois materiais que costuma utilizar, latão dourado e linhas de multifilamento. Ocupando a totalidade de um dos espaços da galeria, a instalação retílina desenha com sutileza o piso e a altura do espaço, discutindo a linha e a cor, conceito-base da seleção em escultura e pintura de Fabio Miguez, Milton Machado, Sergio Sister e dos já falecidos Abraham Palatnik, Amelia Toledo, Antonio Dias, Carlito Carvalhosa, Mira Schendel e Tomie Ohtake.

Flávio Freire/Cortesia Galeria Nara Roesler

ANDRÉ VARGAS, Diáspora, 2022, chinelo de borracha entalhado, ed PA 1/1 (edição de 3 + PA 1), 10x22cm

Há uma sensação de silencio e de ordem nesta coletiva, que se contrapõe à cacofonia, para não dizer histeria, na qual o mundo mergulhou. Claro, Mondrian vem logo à mente com seus exercícios pioneiros de linha e cor que introduzem uma nova visão na arte e na vida. Pondo abaixo a curva e a figura até então dominantes, o artista e teórico holandês que, por sinal, adorava jazz, chocou conservadores e reacionários, mas inseriu o mundo no ciclo da modernidade.

“Cosmos – outras Cartografias” com curadoria de Laura Vinci

Segundo Vinci, o foco decorre “das várias crises que o nosso planeta enfrenta atualmente – sejam elas políticas, migratórias ou ambientais”.  Para refletir sobre essas questões prementes, sua curadoria propôs um grupo eclético de 22 artistas de diversas idades, alguns deles de outras nacionalidades, que exploram em diferentes mídias abordagens distintas sobre esses temas. São eles os brasileiros Ana Linnemann, André Vargas,  Anna Bella Geiger, Arjan Martins, Carlos Motta, Jaime Lauriano, Jonathas de Andrade, Marina Camargo, Nelson Felix, Paulo Bruscky, Paulo Nazareth, Rivane Neuenschwander, Talles Lopes, Vanderlei Lopes e os já falecidos Brígida Baltar e Nelson Leirner. A curadoria inclui também obras do chileno Alfredo Jaar, do português Carlos Bunga e do sueco Runo Lagomarsino, além de duas da própria Vinci.

Flávio Freire/Cortesia Galeria Nara Roesler

ANTONIO DIAS (1944-2018), The Tripper, 1972, tinta acrílica sobre tela, 100x100cm

Na arte brasileira, o pioneiro a ir fundo na discussão foi, sem dúvida, o grande Nelson Leirner, que viveu na carne a problemática, era filho de imigrantes poloneses que fugiram da Europa durante a diáspora judaica da Segunda Guerra Mundial. Em toda sua obra, ele levou à arte seu olhar pop, crítico, ferino, farsesco, como na litogravura em exibição, “Assim é se lhe parece”, de 2008. Na verdade, título vem de uma série antológica de mapas do artista que criticava a vida e a própria arte. O título irônico, Leirner tomou emprestado da peça homônima de 1917, final da Primeira Guerra Mundial, do dramaturgo italiano Luigi Pirandello, mestre da farsa filosófica. Tragédias em paralelos, mais o mundo gira, mais permanece igual… O que diria seu xará Nelson Rodrigues?

Erika Mayumi/Cortesia Galeria Nara Roesler

MILTON MACHADO, Terras (detalhe), 1989, acrílica e pó de tijolo sobre lona, 56x319cm

SERVIÇO

A Cor entre Linhas

Curadoria Artur Lescher e Núcleo Curatorial Nara Roesler

Cosmos – outras Cartografias

Curadoria Laura Vinci e Núcleo Curatorial Nara Roesler

Ambas até 15 de março de 2025

Galeria Nara Roesler, São Paulo

Com colaboração de Cynthia Garcia, historiadora de arte, premiada pela Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA) [email protected]

Nara Roesler fundou a Galeria Nara Roesler em 1989. Com a sociedade de seus filhos Alexandre e Daniel, a galeria em São Paulo, uma das mais expressivas do mercado, ampliou a atuação inaugurando no Rio de Janeiro, em 2014, e no ano seguinte em Nova York.

[email protected]
Instagram: @galerianararoesler
http://www.nararoesler.com.br/

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