Greve em Florianópolis: sindicato e prefeitura farão nova rodada de negociação na segunda-feira

Descontos pelos dias parados por falta injustificada e abertura de processos administrativos serão algumas das medidas adotadas pela Prefeitura de Florianópolis contra os servidores públicos que seguem de braços cruzados.

Greve da Comcap causou acúmulo de lixo em ruas de Florianópolis – Foto: LEO MUNHOZ/ND

O município entrou na Justiça com duas ações solicitando a ilegalidade da greve movida pelo Sintrasem (Sindicato dos Trabalhadores no Serviço Público Municipal de Florianópolis). Na noite de quarta-feira (13), o TJSC (Tribunal de Justiça) decretou a ilegalidade da greve dos servidores da saúde, educação e assistência social.

Na sexta-feira (15), por volta do meio-dia, adotou a mesma decisão em relação à paralisação da Comcap (Autarquia de Melhoramentos da Capital). Na educação, em torno de 40% dos profissionais seguem de braços cruzados. Na saúde, em torno de 20%. Após quatro dias de paralisação na limpeza urbana, os locais atendidos pela Comcap estão, a cada dia que passa, com mais lixo acumulado.

Prefeito de Florianópolis, Topázio Neto (PSD) lembrou que, desde quinta-feira (14), caso a decisão da Justiça fosse respeitada, a Capital não deveria ter nenhuma escola em greve e nenhum posto de saúde com dificuldade de atendimento.

“Já deveriam ter retornado pela determinação legal. Vamos identificar essas pessoas que faltaram e, obviamente, se tornam faltas injustificadas. Além de descontar, daqui a pouco, teremos direito de abrir processos administrativos para entender o motivo da falta”, declarou Topázio.

A Justiça também determinou retorno imediato dos trabalhadores da Comcap e, ainda, conforme o prefeito, “o servidor que não estiver trabalhando, também estará sujeito a ter os dias descontados e falta injustificada registrada no ponto”.

Na segunda-feira (18) à tarde, o Tribunal de Justiça chamou uma mesa de negociação para o caso dos servidores, convocando representação da prefeitura e do sindicato. No caso da Comcap, a tendência é que o tribunal chame outra rodada de negociação, entre segunda e terça-feira (19).

Como a greve segue, a reportagem procurou o TJSC para entender o funcionamento da multa de R$ 100 mil aplicada por dia de descumprimento da decisão. O órgão informou que “detalhes de modo de cobrança e valor não estão definidos, somente o que a decisão trouxe: a aplicação da multa em caso de descumprimento e o valor”.

Acúmulo de lixo pela cidade

Enquanto a greve não termina, os prejuízos continuam. Funcionária de um minimercado na Serrinha, Jordana Melo da Luz, 20 anos, lamenta a existência de uma enorme pilha de lixo a metros do comércio onde trabalha. “É bem ruim, porque junta rato e, como trabalhamos com comida, não é nada legal. Prejudica todo mundo, a passagem de ônibus, das pessoas”, disse a trabalhadora.

No Monte Serrat, em Florianópolis, lixo acumulou nas ruas com a greve dos servidores – Foto: LEO MUNHOZ/ND

Davi Machado, 18 anos, é atendente de padaria num mercado que fica nos Altos da Caieira. É outro comércio a poucos metros de mais um lixão a céu aberto. “O povo vê esse lixão e o relaciona com a higiene do estabelecimento. Fere a credibilidade do nosso estabelecimento”, disse Davi. Segundo ele, os cachorros de rua também mexem no lixo, além dos próprios animais dos moradores da comunidade, que espalham as sacolas na pilha.

Sergio Machado é o dono do mercado onde o filho Davi trabalha e doou um terreno, perto dali, para que os containers de lixo sejam transferidos do atual ponto, no canto da rua e ao lado do ponto de ônibus.

“As pessoas vêm pegar o ônibus, mulheres com crianças, idosos e o lixo tá do lado do ponto de ônibus. Doei o terreno e é só o pessoal da Comcap vir para cavar e fazer o lugar para colocar os containers, como tem na descida do Monte Serrat, para não ficar perto do ponto de ônibus, porque prejudica”.

Acionada, a Secretaria de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável informou que, em decorrência da greve, as comunidades do maciço do Morro da Cruz serão atendidas em rotas emergenciais da coleta de resíduos, por meio do remanejamento de equipes. O trabalho já iniciou e segue nos próximos dias. Salientou ainda que novas equipes devem ser adicionadas no trabalho de coleta nos próximos dias.

Caminhão incendiado

O prefeito Topázio disse que acompanha o caso do incêndio do caminhão de uma empresa terceirizada contratada para a coleta do lixo. Enquanto o caso não for solucionado, chegou a suspender as negociações com o sindicato, mas serão retomadas na semana que vem por determinação da Justiça. “Estamos esperando novidades da investigação policial”, disse o prefeito.

Caminhão ficou destruído pelas chamas – Foto: Reprodução/CBMSC/ND

O carro utilizado pelos bandidos para render os trabalhadores da terceirizada foi alugado por Roberta Zimmer Cézar, diretora de conselho deliberativo do Sintrasem. Procurado, o sindicato disse que a diretora não vai se manifestar e informou que aluga inúmeros veículos para que os trabalhadores façam visitas aos locais de trabalho, reuniões, panfletagens e outras atividades. “Somente no dia deste caso, havia seis carros locados. No último ano, foram dezenas de aluguéis de veículos”. A nota não explica, entretanto, o que um carro alugado pela diretora fazia na cena do crime.

A fim de evitar novos episódios como este, a Secretaria de Segurança e Ordem Pública adotou algumas medidas de segurança. A empresa compartilhou os itinerários e viaturas da Guarda Municipal intensificarão rondas. Também foi criado um canal direto entre a supervisão da empresa para reportar situações suspeitas ou problemas e os atendimentos serão priorizados. “Não se pode admitir, a qualquer pretexto, a violência contra trabalhadores que estão cumprindo sua missão, e não mediremos esforços para protegê-los”, disse o secretário Araújo Gomes.

Adicionar aos favoritos o Link permanente.