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Na quarta-feira (14), a Sony alertou que pode aumentar os preços dos seus produtos eletrônicos, seguindo o caminho da Nintendo e da Microsoft, que já aplicaram reajustes nos videogames. A empresa também cogita transferir as fábricas do PlayStation para os Estados Unidos, segundo o presidente da Sony, Hiroki Totoki. Atualmente a produção do console está concentrada na China.
Para Joost van Dreunen, professor da Escola de Negócios Stern da Universidade de Nova York, a mudança “é estrategicamente complicada” por causa dos desafios que envolveriam coordenar mão de obra, fornecedores e logística. “Mesmo que o PS5 e o PS6 possam ser produzidos no país, não está claro que isso deve acontecer”, completa.
Durante a divulgação de resultados da empresa, a diretora financeira da Sony, Lin Tao, alertou que as tarifas impostas pelo governo de Donald Trump vão impactar a produção de hardware, videogames e semicondutores, o que deve afetar o preço final de produtos eletrônicos, embora não tenha citado especificamente o PlayStation 5.
Em abril, após o anúncio das tarifas, a Sony já aumentou o preço do console em 25% na Europa, Austrália e Nova Zelândia. A empresa justificou a decisão dizendo que ela responde a “um ambiente econômico desafiador, que inclui alta inflação e flutuações nas taxas de câmbio”.
“A Sony aumentou os preços em todos os lugares, exceto nos Estados Unidos. É seguro dizer que lá também terá reajuste”, diz Van Dreunen.
Impacto
A empresa projeta uma queda nas vendas do videogame em 2026. A estimativa é de 15 milhões de unidades, ante 18,5 milhões no ano fiscal encerrado em março de 2025 e quase 21 milhões em 2024.
Também pesa nessas previsões o atraso no lançamento do novo Grand Theft Auto VI, um dos jogos mais aguardados do PlayStation 5. Segundo a Bloomberg, o título sairia no final deste ano, mas foi adiado para maio de 2026, o que pode impactar negativamente as suas vendas.
“De modo geral, isso é um aviso para os consumidores: os bens físicos, especialmente os que têm hardware de alta performance, vão ficar mais caros”, destaca Van Dreunen. “As empresas precisam de margem de manobra para gerir a rentabilidade. Isso significa preços mais altos”, explica.
Os efeitos das tarifas de Trump
As tarifas impostas pelo presidente americano já começaram a afetar os preços dos videogames. No mesmo dia em que anunciou as chamadas tarifas do “Dia da Libertação”, a Nintendo lançou o tão esperada Switch 2, com preço de US$ 450 (R$ 2.552), 50% mais caro que os US$ 300 (R$ 1.701) que custava a versão original, em 2017.
Van Dreunen explica que o novo preço busca criar uma margem de segurança contra as tarifas, já que o console é produzido principalmente na China e no Vietnã. Alguns jogos do Switch 2, como o novo Mario Kart World, serão vendidos por US$ 80 (R$ 454), o que quebra o padrão de preço de US$ 70 (R$ 397) que valia até agora.
Semanas depois, a Microsoft também atualizou sua lista de preços. O Xbox mais acessível, o Series S com 512 GB de armazenamento, passou de US$ 299,99 (R$ 1.700) para US$ 379,99 (R$ 2.153), enquanto o modelo mais caro, a Xbox Series X 2TB Galaxy Special Edition, subiu de US$ 599,99 (R$ 3.402) para US$ 729,99 (R$ 4.140).
A empresa justificou o ajuste pelas “condições do mercado” e pelos maiores custos de produção. Além disso, alguns jogos também passarão a custar US$ 80 (R$ 454), pouco antes da temporada de Natal, seguindo o caminho iniciado pela Nintendo.
Os principais críticos
Matt Kahla, criador de conteúdo com mais de 660 mil seguidores no TikTok, recomendou que seu público compre consoles PlayStation antes que os preços subam. Ele acredita que a Sony deveria manter seus preços abaixo dos concorrentes para ganhar espaço entre os consumidores.
Já DreamcastGuy, streamer com mais de 245 mil inscritos no YouTube, manifestou preocupação em um vídeo publicado na quarta-feira (14). Ele disse temer que, mesmo que as tarifas sejam reduzidas, os preços não voltem aos níveis anteriores. DreamcastGuy também questionou a Sony e outras empresas do setor por considerarem novos aumentos que, segundo ele, podem restringir o acesso a videogames.
No Reddit, vários usuários também criticaram as possíveis decisões da Sony. Um dos comentários mais votados em um tópico sobre o assunto dizia: “lembram quando os consoles ficavam mais baratos com o tempo? Já faz tanto tempo”. Outros jogadores acusaram as empresas de usar as tarifas como desculpa para subir os preços e questionaram se esses aumentos são compatíveis com uma política voltada para o consumidor.
O post Sony, Nintendo e Microsoft: Por Que Ser Gamer Ficará Mais Caro Neste Ano apareceu primeiro em Forbes Brasil.