Forbes, a mais conceituada revista de negócios e economia do mundo.
Quando Fellipe Zanuto levantou a bandeira da pizza napolitana em São Paulo, pouco se falava por aqui sobre fermentação natural, farinha italiana ou ingredientes de origem. O ano era 2011, e ele acabara de assumir o ponto aberto por seu padrasto como uma oportunidade de criar um negócio só seu: A Pizza da Mooca.
Em 14 anos de operação, prêmios — dentro e fora do Brasil — nunca faltaram. “Desde a abertura, nosso objetivo sempre foi deixar o cliente feliz. Esses reconhecimentos são apenas uma consequência”, diz o paulistano da Mooca, que em 2025 vê a casa figurar mais uma vez no 50 Top Pizza Latin America, como a 5ª melhor pizzaria da região.
Criada na Itália em 2017, a seleção se tornou uma das mais aguardadas e influentes do setor, elencando anualmente as melhores pizzarias do mundo. Na edição anterior, A Pizza da Mooca alcançou a 4ª posição na disputa regional e, em 2023, foi a pizza brasileira mais bem colocada no ranking global da 50 Top Pizza.
O próprio Zanuto ficou entre os pizzaiolos de maior destaque no mundo: em 2024, ocupou a 42ª posição do The Best 100 Pizza, sendo o brasileiro mais bem colocado da edição. Um feito e tanto para quem sequer tinha a gastronomia nos planos — administração era sua primeira opção ao atingir a maioridade.

As pizzas de Zanuto são de estilo napolitano
Chegou a cursar a ESPM com o plano de assumir o negócio de cama, mesa e banho da família, mas, no meio do caminho, percebeu que a cozinha era o seu lugar. “Meu negócio sempre foi comer bem”, afirma ele, que, nas viagens com os amigos, sempre ficava responsável por preparar as refeições da turma.
Ingressou, então, no curso de Gastronomia da Universidade Anhembi Morumbi. Estagiou em Fernando de Noronha e até no D.O.M., mas, com o diploma em mãos, queria ir mais longe. A carreira na cozinha tomou ares internacionais em 2008, quando seguiu para a Austrália em busca de um master em gerenciamento de alimentos e bebidas na Le Cordon Bleu, em Sydney. Por lá, também tornou-se chef de partida.
De volta ao Brasil, foi trabalhar com Pascal Valero no extinto restaurante KAÁ, até que a pizza entrou em sua vida, em 2010: o padrasto havia aberto uma pizzaria e, ao sinal de que as coisas não iam bem, Zanuto herdou o endereço — sem querer, querendo — da noite para o dia. O jovem que sonhava em ser chef de cozinha acabou se tornando pizzaiolo por acidente.

Uma das três unidades d’A Pizza da Mooca em São Paulo
Perfeccionista assumido, ele jamais assumiria a missão sem se dedicar a fazê-la (muito) bem-feita. Mas era um total amador na arte de fazer pizza. O jeito foi estudar e testar incansavelmente até chegar à fórmula da massa — mais hidratada e fermentada que a tradicional receita paulistana. Junto a ela, apostou em um ambiente mais descolado: combo de sucesso replicado nas outras duas unidades que A Pizza da Mooca ganhou, em Pinheiros e na Vila Mariana (esta última aberta no fim de 2024, em um imóvel de 320 metros quadrados).
No meio disso, Zanuto ainda investiu em outros três negócios de sucesso: as também pizzarias Da Mooca Pizza Shop (que segue o estilo romano, com suas pizzas no balcão) e a Onesttà, mais à moda paulistana e com foco no delivery, além do restaurante Hospedaria. Foi neste último que ele resgatou toda a afetividade culinária vinda de sua ascendência italiana. “Minhas duas avós faziam uma comida muito boa”, conta ele, que até hoje tenta reproduzir o arroz com feijão de uma delas — do outro lado da família, seu prato de memória é o nhoque.

Hoje em dia, Zanuto se aperfeiçou e é especialista em três tipos de pizza: napolitana, romana e paulistana
No Hospedaria, aberto há dez anos em um galpão industrial na mesma Mooca onde nasceu, cresceu e começou a empreender, a cozinha se baseia nas receitas dos imigrantes que fizeram a cidade — em grande parte europeus e, desses, uma maioria indiscutivelmente italiana. Para isso, Zanuto pesquisou cadernos de receitas, conversou com imigrantes e seus descendentes. O resultado à mesa se traduz em pratos como a parmegiana finalizada no forno à lenha ou o arroz enriquecido com pernil, linguiça e queijo.
Ainda que preserve o desejo de abrir um restaurante italiano mais clássico — mas “sem frescura”, como já adianta —, Zanuto diz que, por ora, quer focar em melhorar o que já tem. “Sou muito perfeccionista, nunca estou 100% satisfeito”, garante.
Nem as consecutivas premiações acalmaram sua mente sempre inquieta. “O 50 Top Pizza nos deu uma visibilidade internacional, permitindo uma conexão com pizzaiolos de outros países, mas sempre dá para melhorar.”
O post Como Fellipe Zanuto se Consolidou no Topo da Arte de Fazer Pizza no Brasil apareceu primeiro em Forbes Brasil.