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A alta do cacau não está assustando tanto os brasileiros nesta Páscoa. De acordo com pesquisa feita pelo Google com mil consumidores, quase metade deles (46%) pretende gastar mais de R$ 100 em chocolate. O número de buscas pela guloseima aumentou em 20% comparado com o mesmo período do ano passado, a maioria realizada nas duas semanas anteriores à comemoração.
“Mesmo sabendo do aumento dos preços e da menor oferta no mercado, os chocolates em formatos de ovos ainda têm o maior apelo para quem pretende presentear na data”, disse Camila Cardoso, líder de insights estratégicos do Google Brasil. Não por acaso, metade das pesquisas no buscador foram pelos ovos de Páscoa. No entanto, a demanda por caixas de bombom avançou, o que indica que o consumidor está buscando alternativas mais econômicas para presentear.
Apesar disso, de acordo com a Associação Brasileira da Indústria de Chocolates, Cacau, Amendoim, Balas e Derivados (Abicab), o número de ovos de chocolate terá queda de 22,4% em relação à Páscoa de 2024, com produção de 45 milhões de unidades. Vale destacar que o preço final desses itens está impactado pela compra de amêndoas de cacau realizada, no mínimo, seis meses atrás.
A alta do preço do cacau
Entre 2002 e 2022, o preço da commodity oscilou pouco, entre US$ 1,5 mil e US$ 3 mil (R$ 8,8 mil e R$ 17,6 mil) por tonelada. Só que essa faixa está se ampliando desde o final de 2023. Em 24 de dezembro daquele ano, a tonelada do cacau custava US$ 4 mil (R$ 24,7 mil). No último domingo (13), a mesma quantia era cotada a US$ 8 mil (R$ 47 mil), um aumento de 100%. Em 2024, o ajuste chegou a 280% e a tonelada chegou a custar US$ 13 mil (R$ 76,4 mil). A valorização não ocorreu por acaso e há uma série de fatores que estão afetando o preço médio da fruta, sobretudo, as mudanças climáticas.
O cacau precisa ser cultivado em condições climáticas específicas, com calor e umidade. Regiões da Gana e da Costa do Marfim, onde 70% da colheita mundial se concentra, são propícias para essas plantações. No entanto, o avançar da temperatura média do planeta não só tem tornado o clima mais quente, mas também mais úmido. Essas mudanças deixam a árvore do cacau mais vulnerável a insetos e fungos, o que tem afetado a qualidade da safra e derrubado as colheitas.
Apesar do Brasil produzir cacau, a colheita é insuficiente para atender à demanda interna. Segundo a Associação Nacional das Indústrias Processadoras de Cacau (AIPC), em média, são produzidas entre 190 mil e 200 mil toneladas no país, sendo que a indústria local processa entre 230 mil e 240 mil toneladas.
O cenário de incertezas, causado pelo conflito tarifário e as guerras no Oriente Médio, bem como na Europa, vêm causando pânico nos compradores, que antecipam a aquisição da commodity. Além disso, esse contexto aumenta a especulação no mercado futuro de cacau e eleva os custos logísticos — fatores que também corroboram a disparada no preço da fruta e, por consequência, afetam o bolso de quem quer presentear ou simplesmente aprecia chocolate.
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