Padres comentam a missão de Missionários da Misericórdia

Missionários da Misericórdia têm a faculdade de absolver pecados que são reservados à Sé Apostólica; evento jubilar deste fim de semana em Roma é voltado para eles

Julia Beck
Da redação

Foto: Canva Pro

Os Missionários da Misericórdia são tema do sexto grande evento do Jubileu 2025, que começa nesta sexta-feira, 28.  “Uma grande responsabilidade”, “motivo de alegria por poder servir”, “um chamado para se tornar um canal da misericórdia de Deus”. Assim monsenhor André Sampaio de Oliveira, da Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro (RJ), e padre Sidney Augusto Canto, da Arquidiocese de Santarém (PA), definem esta missão que receberam do Papa Francisco para serem Missionários da Misericórdia.

Os sacerdotes nomeados pelo Santo Padre fazem parte do grupo de 1258 padres indicados das várias dioceses do mundo para serem anunciadores da misericórdia divina, sobretudo por meio do Sacramento da Penitência ou Reconciliação (popularmente conhecido também como Confissão). Eles têm uma missão específica: poder perdoar os pecados mais graves. 

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Foi no Jubileu da Misericórdia de 2015, por meio da Bula Misericordiae Vultus, do Papa Francisco, que o ministério dos Missionários da Misericórdia foi instituído. O presbítero da Arquidiocese do Rio de Janeiro afirma que o Santo Padre, diante das muitas ressonâncias dos frutos espirituais que derivavam do ministério dos missionários, decidiu que este sinal da misericórdia divina não ficaria confinado apenas ao Ano da Misericórdia de 2015, mas que continuasse na Igreja até novas disposições.

“Com a reforma da Cúria Romana pela Constituição Apostólica Praedicate Evangelium, os Missionários da Misericórdia foram inseridos na estrutura da Igreja, passando a ser responsabilidade do Dicastério para a Evangelização promover e sustentar sua formação e oferecer a eles critérios de ação pastoral”, acrescenta.

Os Missionários da Misericórdia continuam a atuar na Igreja até o presente momento, passados dez anos de sua instituição. Padre Sidney destaca que os sacerdotes escolhidos exercem esta função até que o Papa, por alguma razão, determine o contrário.

Perdão dos pecados mais graves

Além de confessores humildes, capazes de perdoar a quem se aproxima e pede o Sacramento da Penitência, de modo especial, os Missionários da Misericórdia podem perdoar pecados mais graves e delicados, que também constituem delitos canônicos graves – perdão reservado à Sé Apostólica.

O presbítero da Arquidiocese de Santarém frisa quais pecados estes missionários podem perdoar: violação do sigilo sacramental da confissão, profanação da Eucaristia, simulação de Ordenação, violência física contra o Romano Pontífice e cumplicidade contra o Sexto Mandamento (“Não pecarás contra a castidade”).

Sobre este último, monsenhor Oliveira explica: “é quando o sacerdote absolve pecados contra o Sexto Mandamento, mesmo sendo cúmplice (ou seja, o sacerdote cometeu um pecado com um fiel na área sexual e este mesmo sacerdote absolve o fiel deste pecado na confissão)”.

Esses pecados geram uma excomunhão automática da Igreja, acrescenta padre Sidney. “O Papa Francisco, entretanto, com sua sabedoria e caridade pastoral, abriu as portas da Igreja para todos (…). Percebendo a dificuldade que muitos pecadores tinham de buscar o remédio para seus pecados lá em Roma, o Papa decidiu disponibilizar o remédio da Misericórdia de Deus aos pecadores do mundo inteiro, através dos Missionários da Misericórdia. Não existe, portanto, a desculpa: ‘Ah! Vou ter que ir à Roma’. Não mais! (…) A misericórdia de Deus está perto de todos”, reitera.

Experiência como Missionários da Misericórdia

“Como Missionários da Misericórdia, somos chamados a refletir que, além de sermos também pecadores, somos chamados a nos tornarmos este canal da misericórdia de Deus. Ao entrar no confessionário, recordamos sempre que é Cristo que acolhe, é Cristo que ouve, é Cristo que perdoa, é Cristo que doa a paz. Somos os seus ministros, e os primeiros a ter necessidade de sermos perdoados por Ele”, reflete monsenhor Oliveira.

O presbítero da Arquidiocese do RJ sublinha que cada missionário é chamado a recordar a própria existência de pecador e a pôr-se humildemente como sinal da misericórdia de Deus.

Desde que recebeu a missão de ser Missionário da Misericórdia (em dezembro de 2024), padre Sidney conta que tem rezado e trabalhado ainda mais em prol da Misericórdia.

“Em um mundo polarizado, onde ódio, rancor e vingança parecem querer dominar as pessoas, não é fácil buscar o Amor e a Misericórdia de Deus. O missionário tem que estar aberto à escuta, a indicar o Caminho que é o Cristo, a anunciar o Evangelho e distribuir a Graça de Deus. Tenho me confessado com frequência para também dar exemplo”.

Sacerdotes e o Sacramento da Reconciliação

Padre Sidney destaca que todo sacerdote é uma imagem do amor e da misericórdia de Deus. “Todo sacerdote deve continuar a Missão de Cristo: salvar o mundo e não condenar. Não julgar, mas absolver. Não condenar, mas perdoar”, frisa. O presbítero explica que a confissão é a porta estreita que conduz à salvação, estreita pois poucos ainda a procuram de coração sincero.

O sacramento da penitência é a volta a Deus, complementa monsenhor Oliveira. “Aqueles que se aproximam do sacramento da penitência obtêm da misericórdia divina o perdão da ofensa feita a Deus e, ao mesmo tempo, são reconciliados com a Igreja”, enfatiza. O pedido do sacerdote é para que os fiéis vivam intensamente o Jubileu, pedindo ao Pai o perdão dos pecados e a indulgência misericordiosa em toda a sua extensão.

“Os símbolos, as preces e os ritos jubilares servem como prelúdio para uma rica experiência de graça, de misericórdia e de perdão. (…) O Jubileu é um sinal de reconciliação, porque abre um ‘tempo favorável’ (cf. 2 Cor 6,2) à conversão. Coloca-se Deus no centro da própria existência, caminha-se para Ele e reconhece-se o seu primado na nossa vida”, indica.

Jubileu dos Missionários da Misericórdia

O Jubileu dos Missionário da Misericórdia terá a participação de mais de 500 presbíteros do mundo inteiro, de acordo com a Santa Sé. O Encontro Mundial dos Missionários será realizado simultaneamente e terá como tema central: “O perdão como fonte de esperança”. No sábado, 29, os missionários terão a oportunidade de vivenciar sua peregrinação à Porta Santa da Basílica de São Pedro.

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