Terra Santa: apesar da destruição, não perder a esperança, pede cardeal

Em vídeo, Patriarca de Jerusalém dos Latinos frisa onda de medo e destruição na Terra Santa e afirma que os que não se rendem à barbárie “concretizam a esperança”

Da redação, com Vatican News

Foto: Raimond Klavins na Unsplash

“Hoje é muito difícil falar de esperança e é ainda mais difícil falar de esperança aqui, na Terra Santa, porque tudo fala de destruição, de medo, que são o oposto da esperança. No entanto, se levantarmos o olhar como Maria nos mostra, podemos ver tantas pessoas que ainda dão a vida aqui também, e não desistem diante dessa situação bárbara”. Foi o que afirmou o Patriarca de Jerusalém dos Latinos, Cardeal Pierbattista Pizzaballa, em mensagem de vídeo enviada aos participantes da terceira edição da “Cátedra de Acolhimento”. O evento, realizado nos espaços da Fraterna Domus em Sacrofano, perto de Roma, é dedicado ao tema “Esperança e acolhimento para um futuro planetário fraterno”, que será discutido até sexta-feira, 28.

Para o patriarca, aqueles que não se rendem à barbárie “concretizam a esperança que já habita em nossos corações e que é Jesus Cristo”. A mensagem em vídeo chegou no dia do início dos trabalhos da Cátedra, que coincide com “a festa da Anunciação, a festa da acolhida por excelência”, explicou Pizzaballa, enfatizando que “através daquele ‘sim, eis-me aqui’ de Maria, Deus entra na história e a muda”.  “Meu desejo é que aquela Palavra acolhida por Maria e depois dada ao mundo se torne vida concreta para todos e continue a ser no mundo uma palavra diferente, de vida, de acolhimento, de amor e doação, que é o estilo cristão”.

O cardeal pediu o retorno dos peregrinos à Terra Santa. Segundo ele, a comunidade cristã precisa da presença dos peregrinos. Apesar da retomada das hostilidades, Pizzaballa ressaltou que não houve um regresso à situação anterior: “do ponto de vista das peregrinações, dos movimentos, a situação está mais calma”. É necessário, no entanto, “ter coragem, confiança e expressar solidariedade”, sem esquecer que “a esperança se baseia no encontro com Jesus”.

Escuridão do passado e a esperança do Jubileu

Os trabalhos em Sacrofano também contaram com a participação do bispo da diocese romena de Oradia, Dom Virgili Bercea. Ele recordou os tempos em que seu país vivia sob a influência da União Soviética: “estávamos atrás da Cortina de Ferro e sabemos o que isso significa, sabemos que os russos conseguiram transformar nossa Romênia em uma grande prisão da qual ninguém podia sair: os intelectuais da Romênia foram todos presos, a Igreja Greco-Católica foi proscrita; bispos, padres e leigos foram presos”.

“Vivemos tempos muito sombrios e esperamos que eles nunca mais voltem em nossas vidas”, continuou o bispo, acrescentando: “esperamos que a história não volte” porque “o sono da memória revive os monstros”. Bercea também disse que, como Igreja Católica, todos os católicos devem se comprometer com o Jubileu, tentando dar a todos o presente da esperança que o ano do Jubileu busca dar”. Há muitas peregrinações “que as dioceses também estão organizando em Roma para os diferentes jubileus”, lembrou.

Grande sinal da gratuidade

O evento também abriu espaço a um diálogo entre o bispo de Lucca, Dom Paolo Giulietti, e o historiador Paolo Giuseppe Caucci von Saucken. Eles conversaram sobre o tema: caminhos e percursos da terra. “Neste momento histórico, o grande sinal é a gratuidade. Fazer coisas de graça, ainda hoje, é provocador, levanta questões, transmite uma mensagem que tem uma força que não pode ser facilmente contestada”, disse Giulietti. “Eu os recebo de graça, eu os hospedo sem pedir nada”, acrescentou, “essa linguagem da gratuidade é algo que toca as cordas da humanidade de uma forma que eu diria ser objetiva e indiscutível, especialmente neste momento histórico”.

O bispo recordou que “o acolhimento é fundamental para aqueles que fazem o caminho, mas também para aqueles que o vivem depois de tê-lo feito, porque a maioria de quem hospeda são ex-peregrinos que sentem a necessidade de devolver a experiência que receberam quando fizeram o caminho”. Portanto, “ser hospitaleiro significa continuar, de alguma forma, a ser peregrino, colocando-se a serviço”.

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