‘Um sonho que se realiza’: 1° homem do mundo a fazer um transplante de porco recebe alta

Duas semanas após se tornar o primeiro homem do mundo a passar por um transplante de porco geneticamente modificado, Richard Slayman, de 62 anos, retornou para casa nesta quarta-feira (4). O procedimento utilizou o órgão do animal para substituir um de seus rins, afetado por uma doença renal em estágio terminal decorrente de diabetes tipo 2 e hipertensão.

Homem recebeu alta nesta quarta-feira – Foto: Reprodução/Michelle Rose/Hospital Geral de Massachusetts/ND

Em um comunicado divulgado pelo MGH (Massachusetts General Hospital), onde a cirurgia foi realizada, Slayman expressou que este era um sonho realizado.

“Este momento – deixar o hospital hoje com um dos registros de saúde mais limpos que tive em muito tempo – é algo que esperava há muitos anos”, afirmou ele. “Agora, é uma realidade.”

Ele também mencionou o “cuidado excepcional” que recebeu e expressou gratidão aos médicos, enfermeiros e àqueles que o apoiaram, incluindo pacientes renais à espera de um órgão.

“Hoje marca um novo começo não apenas para mim, mas também para eles”, declarou Slayman.

Como foi o transplante de rim?

O rim veio de um porco que foi editado geneticamente com a tecnologia CRISPR, que permite a edição detalhada do DNA, na eGenesis de Cambridge, Massachusetts.

A empresa removeu genes suínos prejudiciais e adicionou certos genes humanos para melhorar a compatibilidade do órgão com o corpo humano.

Certos vírus comuns aos suínos que poderiam representar um risco para os seres humanos também foram inativados antes do transplante.

O procedimento foi realizado sob um protocolo de uso compassivo concedido pela FDA (Food and Drug Administration), que permite o uso de tratamentos experimentais para pacientes com condições de risco de vida que não têm melhor opção.

A cirurgia demorou cerca de quatro horas e, depois do procedimento que retirou o rim do porco e substituiu o do humano.

Transplante de porco em humano foi um sucesso

Slayman expressou que este era um sonho realizado. – Foto: Reprodução/Michelle Rose/Hospital Geral de Massachusetts/ND

Segundo o hospital, este procedimento bem-sucedido em um receptor vivo é um marco histórico no campo emergente do xenotransplante – o transplante de órgãos ou tecidos de uma espécie para outra – como uma solução potencial para a escassez mundial de órgãos.

Só para se ter uma ideia, no Brasil o transplante de rim representa 92% da fila de espera pelo transplante no Brasil. Nesta quarta-feira (20), a fila de espera estava em 39 mil pessoas.

Brasileiro comanda a equipe de cirurgia

Além de comandar o procedimento, o médico brasileiro Leonardo Riella é também diretor médico de transplante renal do MGH e liderou um grupo de médicos na solicitação da exceção de uso compassivo, que foi aprovada pela FDA no final de fevereiro.

“Só no MGH, há mais de 1.400 pacientes na lista de espera para um transplante renal. Infelizmente, alguns desses pacientes morrerão ou ficarão doentes demais para serem transplantados devido ao longo tempo de espera pela diálise”, disse Riella.

“Estou firmemente convencido de que o xenotransplante representa uma solução promissora para a crise de escassez de órgãos”, encerrou ao portal americano WGBH.

 

Adicionar aos favoritos o Link permanente.