De Quantos Dólares Milei Precisa para Liberar o Câmbio Antes das Eleições?

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Um relatório do banco americano Citi apontou que a Argentina poderia eliminar os controles cambiais ainda neste ano se conseguir um acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI) por mais de US$ 20 bilhões (R$ 113,4 bilhões) ou se receber financiamento adicional de outros organismos. No entanto, o cenário ainda depende de uma série de condições-chave que determinarão a viabilidade dessa medida.

A análise do Citi, enviada a clientes, avaliou as implicações do Decreto de Necessidade e Urgência (DNU) assinado pelo presidente Javier Milei, que permite a negociação de um novo programa com o FMI. Segundo o documento, o DNU detalha os destinos dos recursos que o governo busca, mas não especifica condicionalidades, taxas ou valores definitivos.

O relatório estima que o acordo com o FMI ficaria entre US$ 15 bilhões (R$ 85,05 bilhões) e US$ 20 bilhões (R$ 113,4 bilhões), mas ressalta que esse valor poderia ser complementado com US$ 5 bilhões (R$ 28,35 bilhões) do Banco Mundial (BM) e do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). Se o total de novos recursos ultrapassar os US$ 20 bilhões (R$ 113,4 bilhões), o governo teria os meios necessários para avançar na eliminação do controle cambial antes do fim do ano.

No entanto, Milei deixou claro em várias ocasiões que a remoção do controle cambial será feita de forma gradual para evitar desequilíbrios que possam prejudicar a estabilidade econômica e o processo de desaceleração da inflação.

O fator determinante será a quantidade de novos recursos fornecidos pelo FMI. Esse dinheiro será fundamental para fortalecer as reservas do Banco Central (BCRA) e acelerar a retirada dos controles de capital.

Em 2024, o BCRA comprou mais de US$ 25 bilhões (R$ 141,75 bilhões), mas as reservas líquidas cresceram apenas US$ 7 bilhões (R$ 39,69 bilhões) devido ao pagamento de dívidas. A intervenção para reduzir a diferença entre as cotações do câmbio alcançou cerca de US$ 2,4 bilhões (R$ 13,6 bilhões), embora esse cálculo não inclua os dólares utilizados para manter o câmbio diferenciado para exportadores.

O Citi alerta que, se os novos recursos cobrirem os vencimentos de curto prazo, as compras do BCRA poderão ser direcionadas ao fortalecimento das reservas, facilitando a eliminação dos controles de capital antes do fim do ano. Caso contrário, o processo poderá se estender até depois das eleições legislativas de 26 de outubro.

O relatório também menciona que o DNU assinado por Milei justifica a operação de crédito pela necessidade de reduzir o risco-país e permitir o reingresso da Argentina nos mercados internacionais de dívida. Ambas as questões são fundamentais para melhorar o acesso ao financiamento externo e atrair investimentos.

Novo acordo com o FMI

O Decreto 179/2025 autoriza a negociação de um novo programa sob a modalidade Extended Fund Facility (EFF). Isso permitiria um esquema de pagamento mais flexível, com uma amortização de 10 anos e um período de carência de 4 anos e meio.

O decreto estabelece que os recursos obtidos serão utilizados para cancelar parte das Letras Intransferíveis emitidas pelo Tesouro no passado e que hoje estão em poder do BCRA. Essa decisão poderia melhorar o balanço do Banco Central e reforçar as reservas líquidas.

O montante do refinanciamento com o FMI alcançará US$ 13 bilhões (R$ 73,11 bilhões), enquanto os vencimentos das Letras Intransferíveis em 2025 somam US$ 11 bilhões (R$ 62,37 bilhões) a valor nominal. No entanto, como o BCRA registra um valor inferior em sua contabilidade, o Tesouro precisará de menos dólares para cancelar esse compromisso.

Ainda não está claro se o total do novo programa ultrapassará os US$ 20 bilhões (R$ 113,4 bilhões) nem se os recursos novos serão suficientes para remover o controle cambial. Enquanto isso, o Governo defende a operação como um passo necessário para recuperar a confiança do mercado e melhorar as condições de financiamento do país.

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