Turismo Cinematográfico: Como a Indústria do Cinema Impacta os Destinos de Viagem

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Do sinuoso Passo de Gotthard, nos Alpes Suíços, que apareceu em “007 Contra Goldfinger”, às paisagens deslumbrantes de “The White Lotus”, incluindo os pores do sol havaianos e as encostas da Sicília, algumas produções naturalmente despertam o desejo de viajar. O turismo cinematográfico vai além de simplesmente visitar um local famoso de filmagem ou incluir um tour cinematográfico no roteiro. Trata-se da forma como filmes e séries inspiram espectadores a fazer as malas e explorar esses destinos na vida real.

Empresas do setor de turismo perceberam um aumento significativo no turismo cinematográfico nos últimos anos. Em 2022, a Expedia identificou essa tendência crescente e, em seu relatório de 2025, apontou que dois terços dos viajantes afirmam que filmes e séries influenciaram suas viagens.

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The Chedi Andermatt

Adermatt, na Suíça, comemorou o 60º aniversário de Goldfinger, abraçando sua conexão James Bond com pacotes temáticos no The Chedi Andermatt, como passeios de carro particular ao longo do Gotthard Pass

“O turismo cinematográfico é uma das ferramentas mais eficazes para promover um destino”, afirma Marta Soligo, diretora de Pesquisa em Turismo e professora de Turismo e Sociologia do Lazer na Universidade de Nevada, Las Vegas (UNLV).

“Diferente de um outdoor publicitário, que está limitado a uma localização específica e por um período determinado, filmes e séries têm um alcance muito mais amplo, pois estão disponíveis globalmente e permanecem acessíveis ao longo do tempo.”

Quando o turismo cinematográfico se tornou popular?

O turismo cinematográfico ganhou destaque nos últimos anos, um fenômeno que especialistas do setor chamam de “efeito White Lotus“. O desejo de viajar cresceu quando as pessoas estavam em casa durante a pandemia assistindo a produções ambientadas em locais paradisíacos, como a primeira temporada de “The White Lotus”, filmada no Four Seasons Resort Maui at Wailea, no Havaí.

Divulgação

A 2ª temporada de The White Lotus foi filmada no The San Domenico Taormina Palace, um hotel Four Seasons

“O ‘set jetting’ tornou-se um grande impulsionador do turismo”, afirma Debra Loew, da Kensington Tours, uma empresa de turismo de luxo especializada em viagens personalizadas e privadas. “The White Lotus é um ótimo exemplo, pois apresenta os destinos de filmagem como parte essencial da narrativa da série. O interesse pela Sicília aumentou após a segunda temporada, e já há demanda por viagens à Tailândia antes mesmo da estreia da nova temporada.”

No entanto, esse tipo de turismo não surgiu nesta década. Na verdade, ganhou força após a Segunda Guerra Mundial, quando a indústria cinematográfica e televisiva se popularizou, e as pessoas começaram a viajar para conhecer os locais onde seus filmes favoritos foram rodados, segundo Soligo.

Ranchos turísticos também se beneficiaram dos filmes de faroeste muito antes do sucesso da série “Yellowstone“.

“Do ponto de vista de um rancheiro, a explosão dos filmes e séries de faroeste trouxe um grande foco para o turismo no Oeste, destacando cowboys, cavalos e ranchos”, diz Russell True, sócio-gerente da True Ranch Collection e proprietário do White Stallion Ranch, no Arizona, onde foi filmada a série “Chaparral” (1968-72). “Os viajantes queriam experimentar a vida selvagem, a cultura do Oeste e conhecer cowboys de verdade.”

White Stallion Ranch

Os filmes de faroeste há muito ajudam a comercializar fazendas como o White Stallion Ranch em Tuscon, Arizona

True lembra de um episódio no início dos anos 1990, quando sua mãe perguntou se ele conhecia um filme chamado “Os Jovens Pistoleiros”. O rancho recebeu diversas ligações de pessoas querendo vivenciar algo semelhante ao que foi mostrado na comédia estrelada por Billy Crystal, que retratava uma viagem de condução de gado.

“Esse filme, sozinho, trouxe os ranchos turísticos de volta ao cenário das férias no Oeste”, afirma. “A única coisa que precisávamos fazer era atender o telefone.”

Qual o impacto de filmes e séries populares no turismo?

Além de Hollywood, vários destinos investiram estrategicamente para atrair produções cinematográficas.

Um exemplo é o estado da Geórgia, nos Estados Unidos, que se tornou um dos principais locais para produções de cinema e TV, com locações que vão das Montanhas Blue Ridge e das praças históricas de Savannah até o cenário urbano de Atlanta.

Títulos de grande sucesso foram filmados no estado, incluindo “Forrest Gump”, “Jogos Vorazes” e “Stranger Things”, e cada um deles atraiu visitantes aos locais de filmagem, impulsionando a economia das comunidades locais.

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Fonte do Parque Forsyth em Savannah. A Geórgia emergiu como um dos principais destinos de filmagem de filmes e programas de televisão

“O impacto do turismo cinematográfico continua muito depois que as câmeras param de gravar”, afirma Jay Markwalter, diretor de Turismo do Departamento de Desenvolvimento Econômico da Geórgia.

Em toda a Geórgia, cidades estão aproveitando os benefícios econômicos do turismo cinematográfico ao oferecer experiências para visitantes conhecerem de perto os cenários e locações de seus filmes e séries favoritos.

Um exemplo de sucesso é a cidade de Senoia, na Geórgia, principal locação da série “The Walking Dead“, que passou de seis lojas em 2011 para 150 em 2023, impulsionada pelo sucesso da série da AMC.

Outro caso ocorreu com “Podres de Ricos” (2018), quando a busca orgânica por Singapura triplicou nos Estados Unidos, segundo dados do Google durante o lançamento do filme.

Embora fictício, o filme não representa a totalidade de Singapura nem a vida dos moradores, afirma Eileen Lee, vice-presidente sênior do Conselho de Turismo do destino.

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Skyline de Singapura e vista de Marina Bay no crepúsculo

“Mas a história envolvente e os cenários icônicos, como Marina Bay Sands, Newton Hawker Center, Gardens by the Bay e Chijmes, despertaram o interesse do público, especialmente no mercado norte-americano”, diz Lee. “Isso destacou a cultura, gastronomia e atrações da cidade-estado.”

Os impactos da exposição cinematográfica continuam atraindo turistas para Singapura até hoje.

Como o turismo cinematográfico afeta as culturas locais?

O turismo cinematográfico pode ter efeitos positivos e negativos sobre as culturas locais e o meio ambiente.

Por um lado, gera receita mesmo após o término das filmagens. Em Dubrovnik, por exemplo, a empresa ToursByLocals oferece passeios inspirados em “Game of Thrones”, guiados por ex-figurantes da série, proporcionando uma experiência diferenciada e evitando grandes aglomerações nas ruas estreitas da cidade murada.

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Game of Thrones atraiu multidões de turistas para ver a cidade murada de Dubrovnik

“Os fãs não apenas visitam locais icônicos de filmagem, mas também interagem com moradores que compartilham histórias e contexto cultural”, afirma Sara Cooke, diretora de comunicação da ToursByLocals.

Por outro lado, o turismo excessivo tem gerado impactos negativos. Na Tailândia, a Baía de Maya foi fechada por três anos a partir de 2018 para a recuperação do ecossistema, após o filme “A Praia” (2000) tornar o local famoso, levando a um fluxo constante de turistas que prejudicou os recifes de coral.

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As autoridades tailandesas tiveram que fechar a praia por três anos para permitir que o ecossistema se recuperasse após o turismo excessivo estimulado pelo filme “A Praia”, de 2000

Exemplos de turismo cinematográfico

Um dos primeiros exemplos de turismo cinematográfico é “A Princesa e o Plebeu” (1953), que ainda atrai visitantes a seus locais icônicos em Roma. Outros casos incluem “O Senhor dos Anéis” na Nova Zelândia e “Harry Potter” no Reino Unido.

Dados recentes da Expedia indicam um aumento de 30% no turismo em Dubai após a exibição de “The Real Housewives of Dubai”.

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The Real Housewives of Dubai despertou interesse no destino, de acordo com a Expedia

O Reino Unido continua um destino popular para fãs de “Bridgerton”, “Harry Potter”, “Game of Thrones” e “Outlander”. Já “Gladiador 2”, de Ridley Scott, despertou interesse em Malta.

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