“Matar os pequenos significa negar o futuro”, enfatiza Papa

Francisco discursou durante encontro sobre direitos das crianças promovido por Pontifício Comitê para a Jornada Mundial das Crianças no Vaticano

Da Redação, com Vatican News

Papa Francisco discursa em Encontro Internacional sobre os Direitos das Crianças no Vaticano / Foto: Vatican Media/CPP/IPA/Sipa USA via Reuters Connect

O Papa Francisco discursou nesta segunda-feira, 3, no Encontro Internacional sobre os Direitos das Crianças no Vaticano. O evento organizado pelo Pontifício Comitê para o Jornada Mundial das Crianças (JMC) reúne chefes de Estado, líderes globais e vencedores do Prêmio Nobel no Vaticano para refletir sobre o tema.

Antes da entrada do Pontífice, as crianças quiseram lhe entregar desenhos coloridos e uma mensagem, agradecendo por ouvir suas perguntas e pela confiança que deposita nos pequenos. A fala do presidente do Pontifício Comitê para a JMC, padre Enzo Fortunato, introduziu as atividades do dia, garantindo a proximidade de todos ao Santo Padre “para salvaguardar o mais importante reservatório de amor, esperança e de vida”.

Na sequência, o vice-presidente do Pontifício Comitê para a JMC, Aldo Cagnoli, sublinhou que a humanidade enfrenta tempos de grande turbulência, especialmente por causa das guerras. Em seu discurso, Francisco reconheceu as “periferias difíceis, nas quais os pequenos são frequentemente vítimas de fragilidades e problemas que não podemos subestimar”.

Injustiças

Estas periferias, pontuou o Papa, são marcadas por “pobreza, guerra, privação da escola, injustiça e exploração”. Não se restringem aos países mais pobres, mas encontram-se “onde o mundo não está imune à injustiça”.

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O Pontífice observou como é triste e preocupante a maneira com que os jovens olham para o futuro, oprimidos pela falta de empregos e oportunidades que acabam com os sonhos. Contudo, alertou que “matar os pequenos significa negar o futuro”, recordando as crianças “que morrem sob as bombas, sacrificadas aos ídolos do poder, da ideologia e dos interesses nacionalistas”. 

Além da violência, o Santo Padre denunciou o individualismo exagerado dos países desenvolvidos, “um veneno para os pequenos”, e citou as crianças que morrem no mar, no deserto, nas travessias, “nas muitas rotas das viagens de esperança desesperada”. “A infância negada é um grito silencioso que denuncia a iniquidade do sistema econômico, a criminalidade das guerras, a falta de assistência médica e de educação escolar”, afirmou.

Ouvir as crianças

Diante disso, Francisco ressaltou que iniciativas como o Encontro Internacional no Vaticano são uma forma de não se habituar a essas tragédias e um estímulo para recuperar “o que há de mais nobre no coração humano: a piedade, a misericórdia”. Com os números em mãos, o Papa destacou que 40 milhões de crianças estão deslocadas por conflitos, cerca de 100 milhões estão desabrigadas e 170 milhões de crianças são “vítimas de trabalho forçado, do tráfico, de abuso e exploração de todos os tipos, incluindo matrimônios forçados”.

Além disso, há cerca de 150 milhões de crianças “invisíveis” que não têm existência legal e nem acesso à educação ou à assistência médica, tornando-se ainda mais vulneráveis e podendo cair no tráfico de pessoas e ser vendidas como escravas. Entre elas, listou o Pontífice, estão os pequenos rohingya e as crianças sem documentos na fronteira com os Estados Unidos.

“Infelizmente essa história de opressão das crianças se repete”, lamentou o Santo Padre, pensando nos relatos dos avós sobre a Primeira Guerra Mundial. “Enxergar com os olhos de quem viveu a guerra”, prosseguiu, “é a melhor forma para entender o valor inestimável da vida, mas ouvir as crianças que hoje vivem na violência, na exploração ou na injustiça serve também para reforçar o nosso ‘não’ à guerra, à cultura do desperdício e do lucro, em que tudo se compra e vende sem respeito nem cuidado pela vida”.

Ao final de seu discurso, Francisco pediu que sejam ouvidos também aqueles que não têm o direito de falar, como as crianças suprimidas pelo aborto, “uma prática homicida que corta a fonte de esperança de toda a sociedade”. “É importante ouvir: devemos perceber que as crianças pequenas observam, entendem e recordam. E com seus olhares e silêncios nos falam. Vamos ouvi-las”, concluiu.

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