Como Melania Trump Voltou a Ganhar Dinheiro Depois de Anos

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Donald Trump sempre misturou negócios e família. Ele cresceu dessa forma, aprendendo sobre imóveis aos pés de seu pai, antes de construir sua própria casa e contar com os que estivessem mais próximos a ele. Ivana, sua primeira esposa, se tornou a executiva de seus cassinos. Marla, a segunda, foi apresentadora do concurso Miss Universo.

Seus três filhos mais velhos – Don Jr., Ivanka e Eric –, assumiram papéis de liderança em sua empresa imobiliária. Mas Melania, sua terceira esposa, até agora mal tocou nos negócios da família. Fato é que isso pode ter sido exatamente o que queria Trump. “Acho que colocar uma esposa para trabalhar é algo muito perigoso”, disse ele em 1994, culpando sua primeira separação pelo papel de Ivana em seu império.

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“Uma suavidade desapareceu. Havia uma grande suavidade em Ivana. E ela ainda tem essa suavidade. Mas, durante esse período, ela se tornou uma executiva — não uma esposa”, diz o agora presidente dos EUA. Na mesma entrevista, realizada quatro anos antes de conhecer Melania, Trump declara: “Adoro criar estrelas e, até certo ponto, fiz isso com Ivana. Também fiz isso com Marla. Infelizmente, depois que elas se tornaram estrelas, a diversão acabou para mim. É como o processo de criação. É quase como criar um prédio. É bem triste.”

Não é de se estranhar que Melania tenha dedicado atenção total ao marido maior que a ela mesma durante o primeiro mandato de Trump. Mas, desta vez, ela está adotando uma abordagem um pouco diferente, copiando a fórmula do marido de fazer dinheiro, o que exige um pouco mais de visibilidade. Em outubro, a agora primeira dama lançou “Melania”, uma autobiografia que saiu 37 anos depois de “The Art of the Deal” (A Arte da Negociação), escrito por Trump.

O livro de Melania rapidamente entrou para a lista dos mais vendidos do New York Times, onde permanece até hoje. Um detalhe pode ter servido como um teaser para cineastas. Melania conta que o pai gravou sua infância desde o nascimento, criando um estoque de fitas da futura primeira-dama.

Há relatos recentes que indicam que a Amazon concordou em pagar US$ 40 milhões (R$ 228 milhões na cotação atual) para licenciar um filme e uma série documental sobre Melania. Na sequência veio a febre das criptomoedas. Donald Trump lançou um meme digital no final de semana da posse, e Melania seguiu com um de sua própria autoria. Os traders enlouqueceram, elevando o preço de ambos. A estrutura dos empreendimentos — especialmente o de Melania — permanece incrivelmente turva, tornando impossível determinar quanto ela ganhou até agora, se é que ganhou algo.

Mas há uma chance. Se a maior parte dos lucros da venda inicial ficou com ela, e os 250 milhões de tokens circulando foram vendidos a uma média de US$ 3 (R$ 17,10), ela poderia ter arrecadado US$ 400 milhões (R$ 2,28 bilhões) ou mais. Isso provavelmente qualificaria como o maior ganho de qualquer figura política na história estadunidense, que não se chame Donald Trump.

Para comemorar o momento, Melania lançou seu retrato oficial na Casa Branca, de pé, na cabeceira de uma mesa, com as mãos apoiadas em sua superfície, um sorriso astuto no rosto, encarando diretamente a câmera. A foto se parece menos com um retrato tradicional de uma primeira-dama e mais com uma foto de uma magnata dos negócios. E não é qualquer magnata. Acontece que Donald Trump posou para a Forbes com uma imagem quase idêntica — mesma postura, mesmo reflexo, mesmo sorriso — em setembro de 2015, no início de sua jornada de uma década entre negócios e política.

Jamel Toppin

Melania Trump dispensa pose de primeira-dama e posa para foto como uma empresária

Onde tudo começou

A primeira-dama sempre foi atraída por coisas chamativas desde a infância. Melania Trump cresceu em Sevnica, na Eslovênia, uma cidade com cerca de 20 mil habitantes. Sua mãe trabalhava no estúdio de design de uma fábrica de roupas infantis, e seu pai ganhava a vida como motorista, depois vendedor e, por fim, empresário. Eles moravam em um apartamento de três quartos, com dinheiro suficiente para uma babá particular e uma coleção de Ford Mustangs, BMWs, Mercedes-Benz e até um Maserati.

A mais nova de duas irmãs, Melania começou sua carreira de modelo aos seis anos, quando a mãe pediu para ela e sua irmã vestirem algumas de suas criações na passarela de Belgrado, capital da Sérvia (antiga Iugoslávia).

Melania continuou modelando no ensino médio, onde estudou design industrial, antes de mudar para o curso de arquitetura na faculdade. A modelagem acabou tomando conta, e ela foi ganhando papéis de maior destaque — e em locais mais prestigiados, vivendo em Milão, na Itália, depois Paris, na França, e em Nova York.

Ela pousou no Aeroporto Internacional John F. Kennedy pela primeira vez em 1996, aos 26 anos, com um par de malas, uma bagagem de mão e sonhos de um novo mundo. Melania se estabeleceu em um apartamento de um quarto em Manhattan.

Dois anos após sua chegada, um homem a cumprimentou em uma festa. “Oi. Sou Donald Trump.” Ainda naquele mês, ele a pegou em um Mercedes preto e a levou até Seven Springs, uma mansão de 1919 situada em uma área de 80 hectares no condado de Westchester, no estado de Nova York. “É como um castelo francês”, disse Melania, que se maravilhou na época (e depois contou em sua autobiografia). “Você mora aqui?”

O magnata imobiliário explicou que era uma propriedade adicional, que ele estava considerando transformar em um clube de golfe. Em seguida, Melania se mudou para sua residência principal, um apartamento de três andares no topo da Trump Tower. Foi lá que o magnata dos imóveis propôs casamento em abril de 2004, no 34º aniversário de Melania, quando eles estavam prestes a sair para o Met Gala.
Trump, com 57 anos na época, já havia concluído que acordos pré-nupciais eram uma “necessidade dos tempos modernos”.

Getty Images

Melaine Trump começou a trabalhar aos 6 anos como modelo

A estrutura exata do seu acordo com Melania permanece incerta, mas seus acordos com as esposas anteriores de Trump oferecem algumas pistas. Ivana, que morreu em 2022 com US$ 34 milhões (R$ 193 milhões) em sua herança, teria saído do casamento com US$ 14 milhões (R$ 80 milhões), uma mansão, um apartamento e US$ 650 mil (R$ 3,7 milhões) de pensão alimentícia anual.

Trump hesitou em se casar com Marla Maples, mesmo depois que ela ficou grávida de seu quarto filho, enquanto ela evitava assinar um pré-nupcial. Ele insistiu, oferecendo US$ 1 milhão (R$ 5,7 milhões) caso se separassem. “Acho que um milhão de dólares é muito dinheiro”, disse Trump à ABC News na época, antes de se corrigir. “Não, na verdade, não é.”

Melania Trump sempre insistiu que não entrou nisso por dinheiro, considerando a independência financeira um “valor central”. Mas, uma vez casada, ficou difícil separar sua carreira de seu casamento. Ela apareceu na capa da Vogue em 2005 em um vestido de noiva para comemorar seu casamento em Mar-a-Lago, onde a lista de convidados incluía Bill e Hillary Clinton, Shaquille O’Neal, Anna Wintour e Billy Joel.

Melania posou para a revista novamente um ano depois, completamente grávida e quase sem roupas, embarcando no jato de seu marido. “Acho que é muito sexy para uma mulher estar grávida”, disse ela à revista. Barron nasceu em março de 2006. Ela, a partir daí, colocou sua carreira de lado por alguns anos. Mas, em 2009, com Barron na pré-escola, se preparou para voltar à cena. Funcionários da Trump Organization ajudaram Melania a seguir os passos de seu marido no licenciamento de produtos. Ela entrou para o mercado de joias, criando três coleções que representavam diferentes partes de sua vida.

Uma linha de Paris focava no glamour; uma coleção de Nova York, no mundo dos negócios, e uma de Palm Beach tinha um estilo mais esportivo. Melania foi ao mercado no Quality Value Convenience (QVC), um canal de televisão de vendas nos Estados Unidos, especializado em comércio eletrônico e televendas, com dois programas de uma hora, esgotando os produtos em apenas 45 minutos.
Não está claro quanto ganhou no início, mas o sucesso não durou muito. Em 2014, os ganhos de Melania com as joias somavam menos de US$ 15 mil (R$ 85 mil) anuais.

Ela, então, tentou outra linha de produtos, concordando com um contrato de licenciamento que lhe prometia um adiantamento de US$ 1 milhão (R$ 5,7 milhões) em royalties para vender produtos de cuidados com a pele, com o empresário de Indiana, Stephen Hilbert, que havia trabalhado com seu marido no General Motors Building em Nova York (e mais tarde vendeu uma mansão para Trump em St. Martin).
Melania alegou que criou o produto após pesquisar com químicos — na verdade, era a pessoa que fazia seus tratamentos faciais no spa de Mar-a-Lago, um resort de luxo e clube privado localizado em Palm Beach, Flórida, que pertence a Donald Trump, como ela admitiu em depoimento no tribunal.

O produto deveria ser lançado no início de 2013, com uma aparição especial no Celebrity Apprentice, versão do reality show The Apprentice, originalmente criado por Mark Burnett, seguida por um lançamento exclusivo na Lord & Taylor e, depois, uma expansão para outras lojas de departamentos.

Mas seu parceiro encontrou problemas e os produtos praticamente não chegaram a lugar nenhum. Melania o processou, alegando que não honraram o contrato, não pagaram a ela, não promoveram o produto e não fizeram nada. Para encerrar o caso, fez um acordo. Isso foi basicamente o fim de sua carreira empresarial antes da política.

Depois dessa experiência, Melania flertou com a ideia de lançar outras linhas de produtos — de roupas infantis, móveis e roupas de cama. Mas então, em junho de 2015, já acompanhava seu marido até a escada da Trump Tower, onde ele anunciou sua candidatura à presidência, e mudou tudo. No meio da campanha, em janeiro de 2016, Melania pagou US$ 1,5 milhão (R$ 8,5 milhões) por um apartamento de um quarto e um banheiro, 33 andares abaixo do penthouse de seu marido.

Getty Images

Como primeira-dama, Melania não fez muito para ganhar dinheiro.

A corrida à presidência ficou brutal conforme o dia da eleição se aproximava, com revelações sobre infidelidade conjugal e o surgimento de uma gravação em que Trump falava sobre agarrar os genitais das mulheres.

Ele venceu e foi para Washington, mas Melania passou muitos dos primeiros dias como primeira-dama em Nova York, onde Barron continuou na escola. A distância teria dado a Melania uma certa vantagem sobre seu marido. No livro de Trump, um jornalista do Washington Post disse que Melania trabalhou para garantir um arranjo financeiro mais favorável para ela e seu filho, Barron. Um porta-voz de Melania zombou do livro quando ele foi lançado, dizendo que a obra pertencia ao “gênero de ficção.”

A renda de uma primeira-dama

Como primeira-dama, Melania não ganhou dinheiro. O maior cheque veio em 2017, quando a Getty Images pagou algo entre US$ 100 mil e US$ 1 milhão (R$ 570 mil a R$ 5,7 milhões) em royalties. Relatórios de divulgação financeira que Donald Trump apresentou como presidente, que exigiam que listasse a renda de emprego para a primeira-dama, não mostram nenhuma outra fonte de renda ao longo de quatro anos, com exceção de alguns milhares de dólares em rendimentos residuais da Getty.

Presidentes e primeiras-damas tendem a ganhar mais dinheiro depois de deixarem o cargo do que enquanto estão no comando. Assim como Michelle Obama e Laura Bush, Melania publicou um livro. Como Hillary Clinton, ela se juntou ao marido no circuito de palestras, ganhando mais de US$ 1 milhão (R$ 5,7 milhões) para falar às organizações pró-Trump.

Mas, como seu marido, ela também explorou novas formas de ganhar dinheiro, como vender NFTs, incluindo um que apresentava um chapéu de abas largas muito parecido com o que usou na inauguração. Esses esforços geraram cerca de US$ 700 mil (R$ 3,99 milhões) — um bom pagamento, mas nada tão significativo quanto o que estava por vir.

O lançamento dos tokens de meme em 19 de janeiro foi uma espécie de golpe preciso nos fiéis do “Make America Great Again” (MAGA). Menos de 24 horas antes de se tornar primeira-dama pela segunda vez, Melania Trump usou o Truth Social para anunciar seu meme cripto, o $Melania.

O token associado oferece aos compradores nada além de algumas obras de arte digitais e uma chance de arriscar. Isso foi o suficiente para atrair o público cripto, fazendo com que os preços disparassem para mais de US$ 10 cada (R$ 57), sugerindo que os 250 milhões de tokens em circulação valiam mais de US$ 2,5 bilhões (R$ 14,25 bilhões) em determinado momento, embora ninguém soubesse ao certo o que estavam comprando – ou quanto Melania estava ganhando.

Uma empresa chamada MKT World LLC, fundada por Melania após sua saída da Casa Branca em 2021, é responsável pelo site do empreendimento. No entanto, em nenhum lugar do site é informado que essa entidade detinha o lote inicial de tokens oferecido aos especuladores, se possui parceiros, se obteve um lucro com a venda do lote inicial ou qual porcentagem da receita foi destinada aos proprietários. Em outras palavras, é impossível saber quanto Melania Trump lucrou com o empreendimento até agora.

Muitos dos jogadores que compraram, adquirindo um ativo que vem com um aviso de que não é um produto de investimento, já perderam muito, com os tokens caindo mais de 80%. Mas Melania parece ainda ter bons tempos pela frente, posicionada para receber pilhas adicionais de tokens todo mês pelos próximos doze meses, o que pode permitir que ela converta dezenas de milhões de dólares. Os seguidores de seu marido, no final das contas, podem acabar entregando a ela mais dinheiro do que ele.

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