Fusões e Aquisições Vão Aumentar na Indústria de Alimentos e Bebidas em 2025

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Agora que o confete foi limpo na Times Square  e as celebrações terminaram de vez em todo o mundo, qual foi a sua resolução de Ano Novo? E já a quebrou? Pergunte aos executivos do setor de alimentos e bebidas (F&B, na sigla em inglês) sobre suas resoluções, e pode apostar que duas grandes letras aparecem em muitas delas para 2025: M&A (fusões e aquisições).

A valorização crescente das empresas, a desaceleração da inflação, a normalização dos problemas das cadeias de suprimentos pós-Covid-19, o interesse de fundos de private equity em novas aquisições e uma série de cortes nas taxas de juros, previstas para a economia estadunidense, reduzindo os custos de empréstimos, criam um cenário favorável para fusões e aquisições, especialmente no setor de alimentos e bebidas.

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“Vimos um aumento na atividade de fusões e aquisições no setor de bens de consumo embalados (CPG) de alimentos e bebidas nos últimos seis meses a um ano”, disse Billy Roberts, analista sênior de alimentos e bebidas do CoBank, ao site Food Dive. “Isso vai continuar e crescer ainda mais em 2025.”

Embora fusões e aquisições ocorram em todos os setores, elas são particularmente relevantes no setor de alimentos e bebidas, onde grandes negócios vêm redesenhando o mercado há anos. Somente em 2024 ano, ocorreram megafusões bilionárias, além de diversas transações menores.

Em 2024, a Mars comprou a Kellanova, fabricante dos salgadinhos Pringles, por cerca de US$ 36 bilhões (R$ 212 bilhões na cotação atual), ampliando sua atuação no segmento de snacks para além dos doces. A Campbell’s Soup adquiriu a Sovos Brands por US$ 2,33 bilhões (R$ 13,5 bilhões), expandindo-se para o mercado de molhos para massas com a marca Rao’s.

A PepsiCo comprou a Siete Foods, marca mexicano-americana de chips, tortillas, molhos e outros produtos, por US$ 1,2 bilhão (R$ 7 bilhões) em outubro de 2024. A demanda por alimentos étnicos continua impulsionando negócios, assim como o interesse em marcas focadas em saúde.

Enquanto isso, a General Mills está vendendo seu negócio de iogurtes na América do Norte para a Lactalis, que assumirá a operação nos EUA, e para a Sodiaal, que ficará com a parte canadense. Os negócios, avaliados em US$ 2,1 bilhões, devem ser concluídos em 2025.

Crescimento por Aquisição

O setor de alimentos e bebidas frequentemente utiliza fusões e aquisições para expandir para novas áreas ou fortalecer seu negócio principal comprando concorrentes, em vez de enfrentá-los diretamente no mercado.

“O setor de alimentos e bebidas testemunhou algumas das fusões e aquisições mais significativas das últimas duas décadas”, afirmou o site XTalks.com. “Essas transações remodelaram o setor, consolidando o poder entre alguns grandes players e impulsionando o crescimento do mercado global.”

A Tendência de Fusões Não Se Limita ao Setor de Alimentos e Bebidas

A tendência de fusões não está restrita ao setor de alimentos e bebidas. Jason Wallace, diretor-gerente e chefe de consultoria de M&A do Citizens Bank, afirmou no relatório “Citizens 2025 M&A Outlook” que há sinais de um aumento nas transações, com forte apoio do mercado para novas fusões e aquisições.

O estudo do banco revelou que “compradores e vendedores estão em uma posição relativamente equilibrada no mercado atual”, tornando mais provável o fechamento de novos negócios. Executivos de private equity veem as avaliações das empresas aumentando em um ambiente de otimismo.

Embora a inflação mais baixa e os cortes esperados nas taxas de juros estejam impulsionando esse cenário positivo, muitos vendedores estão dispostos a vender apenas parte, e não toda a empresa.

Cerca de metade das grandes empresas acredita que uma economia melhor impulsionará suas atividades de fusões e aquisições, em comparação com apenas 14% das pequenas empresas, segundo o Citizens Bank.

O número de fusões e aquisições no setor de alimentos e bebidas caiu para menos de 500 por trimestre em 2024, cerca de 40% abaixo da média de 2021-2023, de acordo com o CoBank. No entanto, o banco também vê sinais de que 2025 será um ano forte para fusões no setor.

Apenas alguns dias após o início de 2025, a Flowers Foods fechou um acordo para adquirir a Simple Mills (fabricante de crackers, biscoitos, barras de cereais e misturas para assar) por US$ 795 milhões em dinheiro.

“Com os recursos da Flowers, estaremos bem posicionados para ampliar a distribuição, acelerar a inovação e aumentar a visibilidade da marca”, disse Katlin Smith, CEO da Simple Mills.

Fusões de Grande Impacto

Fusões e aquisições sempre tiveram um impacto significativo no setor de alimentos e bebidas, com negócios bilionários moldando o mercado ao longo das décadas. Algumas transações fortalecem negócios centrais, enquanto outras ampliam portfólios de produtos.

No setor de bebidas, a Keurig Green Mountain adquiriu a Dr Pepper Snapple Group por US$ 21 bilhões em 2018, enquanto a General Mills comprou a Blue Buffalo Pet Products por US$ 8 bilhões.

Antes disso, a H.J. Heinz adquiriu a Kraft Foods Group por US$ 46 bilhões em 2015, com o apoio da Berkshire Hathaway. A Kraft Foods comprou a Cadbury por US$ 19,6 bilhões em 2010 e o negócio de biscoitos da Danone por US$ 7,2 bilhões em 2007.

A Nestlé tem sido tanto vendedora quanto compradora, vendendo seu negócio de confeitaria nos EUA, incluindo marcas como Butterfinger e Baby Ruth, para a Ferrero por US$ 2,8 bilhões em 2018. Por outro lado, fortaleceu sua atuação em alimentos infantis com a aquisição da divisão de nutrição infantil da Pfizer por US$ 11,85 bilhões em 2012.

O Caso da Mars

Poucas empresas têm sido tão ativas em fusões e aquisições quanto a Mars. A aquisição da Kellanova é apenas mais um passo na sua estratégia de crescimento via aquisições.

Em 2023, como parte de sua expansão no setor de alimentos saudáveis, a Mars comprou a Kevin’s Natural Foods por US$ 800 milhões. A empresa afirmou que a Kevin’s permite aos consumidores “comer de forma saudável em minutos”.

Isso se soma à aquisição da Kind em 2020, por US$ 5 bilhões, expandindo a marca para 30 novos mercados, e à compra da Wrigley, gigante dos chicletes, por US$ 23 bilhões em 2008, em parceria com Warren Buffett.

Nem Todos os Negócios São Bem-Sucedidos

Apesar do otimismo em torno das fusões, algumas aquisições não atingem o sucesso esperado. Em 1994, a Quaker Oats comprou a Snapple por US$ 1,7 bilhão, mas enfrentou dificuldades na comercialização e distribuição da marca e acabou vendendo a empresa em 1997 por muito menos.

A Sapporo comprou a Anchor Brewing Co. por US$ 85 milhões, mas não conseguiu manter a base de clientes da marca, levando à sua venda posterior. Em 2024, Hamdi Ulukaya, fundador da Chobani, adquiriu os ativos da Anchor Brewing por um valor não revelado, prometendo reviver a marca.

Fusões e Aquisições Para Quando

Fusões e aquisições continuarão sendo uma parte essencial da indústria de alimentos e bebidas. A questão não é se elas acontecerão, mas quando e como. O setor passará por transformações ao longo do ano, impulsionado não apenas pela economia, mas pelas transações realizadas.

O sentimento do mercado está otimista para 2025, e isso pode significar uma forte atividade de fusões e aquisições. Como alertou David Dunstan, do Citizens Bank, as empresas devem considerar como suas estratégias podem mudar. Movimentos muito rápidos ou muito lentos podem ser caros, tornando o planejamento estratégico um ingrediente essencial para uma aquisição bem-sucedida.

* Louis Biscotti é colaborador da Forbes EUA, líder do grupo de serviços para a indústria de alimentos e bebidas da consultoriaMarcum LLP. Escreve sobre tendências na indústria de alimentos e bebidas.

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