O Dia D das Big Techs — a Posse de Donald Trump

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A segunda posse de Donald Trump, além de um dos maiores eventos políticos dos últimos anos, expôs uma dinâmica inquietante: as big techs não são mais meras ferramentas neutras para conectar pessoas. Hoje, elas desempenham um papel ativo na construção de narrativas e na formação da nossa percepção do real.

Quando líderes como Mark Zuckerberg, Elon Musk e Shou Zi Chew se sentam nas primeiras fileiras de um evento tão simbólico, é claro que eles não estão lá apenas como apoiadores. É para mostrar que estão moldando e sendo moldados pelo cenário político.

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    A Meta, por exemplo, descontinuou seu programa de checagem de fatos e abraçou as “Notas da Comunidade”, movimento que reflete uma transformação estratégica: entregar aos usuários a responsabilidade de decidir o que é ou não verdadeiro. Já o TikTok, anteriormente ameaçado, sobreviveu graças a um gesto político que o reposicionou como aliado estratégico.

    O mito da neutralidade

    Por anos, tentaram nos convencer de que as plataformas digitais eram como praças públicas modernas: espaços onde qualquer um poderia chegar, compartilhar ideias e debater livremente. Mas será que alguém ainda cai nessa? Vamos encarar a realidade: o que aparece no nosso feed é escolhido, lapidado e entregue com um laço pelos algoritmos. E quem decide como esses algoritmos funcionam? As big techs.

    Agora, com alinhamentos políticos mais evidentes, essas escolhas deixaram de ser só sobre o próximo meme viral e passaram a definir a forma como enxergamos o mundo. Portanto, a grande pergunta é: quem controla o que consumimos? Se o TikTok, a Meta e o X (sim, ainda é estranho chamar o Twitter assim) são os novos filtros da realidade, como podemos garantir que estamos vendo algo próximo do “real”? O que é mais importante: o que precisamos saber ou o que rende mais cliques (e dólares)?

    Já era difícil sair da bolha quando os algoritmos pareciam inofensivos, nos jogando vídeos de cachorros fofos e receitas de comida. Com as plataformas assumindo posições políticas, fica a dúvida: será que temos as ferramentas para questionar o que nos é apresentado? Ou estamos sendo levados, achando que escolhemos o que assistimos, quando, na verdade, eles nos escolhem?

    Entramos em uma nova era: as plataformas digitais não escondem mais suas preferências. Esqueça o mito da neutralidade. Há alguns anos as redes sociais criam narrativas. Elas são ativos políticos com agendas próprias. Atualmente, com a corrida declarada para o pole position da melhor tecnologia e produtos de inteligência artificial, isso cria um terreno fértil para inovação, claro, mas também para manipulação. Não é exagero dizer que essas as redes sociais têm mais poder que muitos governos. Elas não só controlam o que você vê, mas também como você vê. Portanto, as suas “escolhas”.

    A escolha é mais nossa do que nunca

    As big techs sempre moldaram nossas decisões, mas agora fazem isso de forma mais transparente — para o bem e para o mal. Essa clareza sobre a escolha de lados nos devolve algo valioso: a capacidade de optar conscientemente. Ao expor suas intenções, as plataformas nos dão a chance de questionar, comparar e, finalmente, fazer escolhas bem informadas. Pela primeira vez, talvez, possamos realmente tomar o controle, desde que mantenhamos atenção plena ao que está em jogo. A boa notícia é que a escolha é mais nossa do que nunca — se soubermos usá-la.

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    Iona Szkurnik é fundadora e CEO da Education Journey, plataforma de educação corporativa que usa Inteligência Artificial para uma experiência de aprendizagem personalizada. Com mestrado em Educação e Tecnologia pela Universidade de Stanford, Iona integrou o time de criação da primeira plataforma de educação online da universidade. Como executiva, Iona atuou durante oito anos no mercado de SaaS de edtechs no Vale do Silício. Iona é também cofundadora da Brazil at Silicon Valley, fellow da Fundação Lemann, mentora de mulheres e investidora-anjo.

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