Presságio: Florianópolis suspende verbas a 37 instituições investigadas; confira a lista

A Operação Presságio ganha mais um capítulo. Isto porque o Instituto Bem-Possível, criado pelo ex-secretário de Turismo, Cultura e Esporte, Ed Pereira, voltou ao centro das discussões da cidade nesta quarta-feira (13).

A instituição aparece em uma lista de 37 OSCs (Organizações da Sociedade Civil) que são alvos da prefeitura de Florianópolis por “possíveis irregularidades”. Todas elas estavam envolvidas com projetos esportivos comunitários entre os anos de 2019 e 2023. Confira lista abaixo.

Presságio volta a apontar Ed Pereira em investigação

Organização de Ed Pereira volta a aparecer nas investigações – Foto: Divulgação/ND

As irregularidades foram investigadas pela Controladoria-Geral do Município de Florianópolis, por meio de Auditoria de Acompanhamento e Consultoria realizada na Secretaria Municipal de Turismo, Cultura e Esporte, de maio a novembro de 2023, a pedido do prefeito, Topázio Neto.

Além do Instituto Bem Possível, também foi citada a Associação Brasileira de Incentivo ao Esporte e Cultura de Santa Catarina, que à época tinha como presidente Ricardo Borges Bortoluzzi, organizador da Copa Desterro de Jiu-Jitsu.

Problemas identificados em cerca de 125 projetos

  • Falhas na seleção dos projetos propostos pelas OSCs, com aprovação de Planos de Trabalho inadequados, incompletos, com metas genéricas ou imprecisas; falhas nas análises das prestações de contas, pela comissão designada pela Secretaria;
  • Ausência de execução de atividades em parte dos projetos esportivos, que foram suspensos pela FME; repasse de recursos a agentes públicos que também prestam serviços, contrariando a legislação;
  • Falhas na cobrança de prestação de contas e de respostas a diligências; e ainda falta de baixa contábil de prestações de contas já encerradas.

Segundo a prefeitura, nos próximos dias, o relatório preliminar passa pela análise dos gestores dos órgãos auditados, garantindo o direito ao contraditório e à ampla defesa.

Posteriormente, o documento é concluído e uma versão de Relatório Final, homologado, é encaminhada ao Núcleo Anticorrupção, bem como ao Tribunal de Contas de Santa Catarina, à Polícia Civil e ao Ministério Público de Santa Catarina.

Confira a lista de instituições investigadas em Florianópolis

O portal ND Mais obteve a lista completa de instituições citadas para prestar esclarecimentos. No entanto, é importante observar que na listagem há empresas que podem não ter nenhuma irregularidade e que apenas precisam apresentar novamente documentos para prestação de contas.

  1. Sociedade Esportiva Recreativa AUPE Amigos Unidos;
  2. Paula Ramos Junior Futebol Clube;
  3. INSTITUTO ESPORTE SOCIAL E CIDADANIA;
  4. Instituto Baby Basquetebol Cidadania;
  5. CLUBE ATLETICO CATARINENSE;
  6. Associação Pro-Vôlei de Educação Esporte Cultura e Lazer;
  7. A.R.C.E. AVANTE DE SANTO A. DE LISBOA Associação Sul Americana de Esportes, Cultura, Turismo e Lazer;
  8. Associação Brasileira de Incentivo ao Esporte e Cultura de SC – ABIESC Clube De Regatas Aldo Luz;
  9. ADIEE – Associação Desportiva – Instituto Estadual de Educação;
  10. Agregação Desportiva, Cultural, Escola de Samba A;
  11. ANADO – Associação Nadadores do Clube Doze;
  12. APAFF – Associação dos Pais dos Atletas de Futsal;
  13. Associação Beneficente Esportiva, Recreativa, Educativa e Cultural Irmão Capoeira;
  14. Associação Brasileira de Incentivo ao Esporte e Cultura em SC;
  15. Associação ABADÁ – Capoeira do Estado de Santa Catarina;
  16. Associação Desportiva, Cultural Recreativa Pedra Branca;
  17. Associação Esportiva, Cultural e Social Arte Suave Floripa;
  18. Associação Sul Americana de Esporte, Cultura, Turismo e Lazer;
  19. Clube Cultural e Recreativo Chico Sciense;
  20. Clube Náutico Francisco Martinelli;
  21. ELASE – Associação dos Empregados da Eletrosul;
  22. Instituto HOPE HOUSE;
  23. Instituto Marcelo Santos;
  24. Instituto Nova Morada;
  25. Associação de Punhobol de Florianópolis;
  26. Associação Catarinense de Esportes Adaptados ACESA;
  27. Associação Cultural e Desportiva Tigres Catarinense;
  28. Associação das Federações Desportivas do Estado de SC;
  29. Associação de Pais e Amigos dos Autistas;
  30. Credores com Processo Pendente de Baixa Contábil;
  31. Associação Desportiva & Cultural Florianópolis;
  32. Associação Desportiva A Turma;
  33. Associação Desportiva Ajax Futebol Clube;
  34. Associação dos Moradores de Canasvieiras;
  35. Associação Jiu-Jitsu Esporte e Cultura;
  36. Associação Pedal da Grande Florianópolis;
  37. Associação Recreativa e Cultural de Esportes do Balneário.

Atleta investigado na Operação Presságio

Uma investigação realizada pelo portal ND Mais revelou que Ricardo Borges Bortoluzzi está envolvido em conversas sobre possíveis negociações de propina, conforme áudios obtidos pela equipe de reportagem.

Atleta de Jiu-Jitsu, Bortoluzzi era responsável pela organização da Copa Desterro de Jiu-Jitsu e foi apontado como sócio-proprietário da Associação Brasileira de Incentivo ao Esporte e Cultura de Santa Catarina.

Presságio volta a apontar Ricardo Bertolozzi em investigação

Atleta nega envolvimento em esquema investigado na Operação Presságio – Foto: Reprodução/@ricardobortuluzzi/ND

A Polícia Civil investiga corrupção, lavagem de dinheiro e crimes ambientais por parte de agentes públicos e privados da cidade. Um dos principais nomes citados no processo é o de Renê Raul Justino, ex-diretor de Projetos da Fundação Franklin Cascaes, apontado como aliado de Ed Pereira, ex-secretário de Turismo de Florianópolis, alvo da investigação.

Em áudio enviado no dia 6 de dezembro de 2022, Renê explica o esquema para Bortoluzzi:

“Cara, como é que é: o Ed ia precisar em torno de 60, 70 pau, tá ligado? Esse é o grande lance dele. Isso limpo, né. Então, qual era o grande lance do evento, fazer o evento entre 150 e 120, sacou? Porque daí o que acontece, ah vamos supor que é 150, tá ligado, 75 pra realização do evento, 75 pro Ed”, diz.

Foi este o áudio que viralizou nos últimos dias. Nele, Renê supostamente explica para Bortoluzzi que Ed Pereira utilizaria parte do dinheiro para pagar “dívidas de campanha”.

“Setenta e cinco da realização do evento, dá pra realizar o evento, pagar todo mundo e sobrar uma grana massa pra ti! Setenta e cinco pro Ed, dá pra tirar 7 mil reais aí, que é o 10% que perde, tá ligado? Cara vamos supor setenta pro Ed limpo. Esses setenta pau pro Ed limpo, ele paga boa parte do que ele precisa, sabe? Porque ele tá pagando dívida de campanha, né. Ele vai pagar a gráfica, que era 20 pau da gráfica, e vai jogar 50 pau pro cunhado dele, que ele deve 300 pau pro cunhado dele!”, fala Renê.

Ouça o áudio:

O que dizem as defesas

Questionada a defesa de Ed Pereira disse que não se declararia sobre o assunto. Já a defesa de Bertolozzi não respondeu aos questionamentos da reportagem. O espaço segue aberto.

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