
Bloqueado por mais de 24 horas, o deslizamento de terra no Morro dos Cavalos, na BR-101, impactou a rotina de dezenas de pessoas — seja quem precisava percorrer o trajeto por conta de uma viagem ou por causa do trabalho. Com o congestionamento e as filas, a situação começou a melhorar após a liberação.

Com a queda da encosta e de árvores, o deslizamento no Morro dos Cavalos bloqueou o trânsito no BR-101 – Foto: Fabiano Peres/ND
Entretanto, com as chuvas em Santa Catarina, outras cidades do Estado começaram a identificar os mesmos problemas, com acesso limitado. Por mais que o cenário seja recorrente, você sabe como acontece um deslizamento e quais são as características?
O que é um deslizamento de terra?
A reação de um deslizamento ocorre, na maioria das vezes, por dois motivos: quando há um excesso de chuva, capaz de encharcar o solo, ou quando são feitas mudanças estruturais.
“O caso que aconteceu em Palhoça é que a equipe de engenharia fez um corte na base da encosta para a construção do eixo da estrada. Esse corte desestabilizou ou desequilibrou a estabilidade da encosta”, explica o professor do departamento de geologia da UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina). “A água de infiltração favoreceu o movimento de massa, movimento do solo na forma de deslizamento.”
Existem dois tipos comuns de deslizamento: o rotacional, com a característica de que o solo começa a desmanchar, em fragmentos; e o planar, quando o deslizamento não sofre deformação e atinge por inteiro a base, como se fosse em “bloco”.
O tipo de terra, o relevo e a remoção da cobertura vegetal são outros fatores capazes de provocar desmoronamentos.
“Pode desviar um curso de água, um rio ou soterrar o canal fluvial. Pode deixar comunidades desabrigadas e desalojadas e ainda soterrar estradas, impedindo o transporte de carga e abastecimento”, comenta o professor.
Quais são os impactos de um deslizamento?
No caso mais recente de deslizamento em Palhoça, o bloqueio na passagem afetou a rotina daqueles que precisavam percorrer a região. Entretanto, existem casos em que os incidentes incluem a evacuação da área e o soterramento de casas.
“Os impactos para a infraestrutura econômica, social e urbana são significativos, envolvendo elevados custos para a recuperação. Ações de prevenção e de redução de risco devem buscar minimizar esses impactos, promovendo uma maior resiliência da sociedade frente aos riscos de deslizamentos e outras ameaças envolvendo processos naturais”, opina a professora do departamento de geociências e do programa de pós-graduação em desastres naturais da UFSC, Janete Josina de Abreu.
Portanto, é importante que a população e os órgãos responsáveis estejam atentos para possíveis mudanças, além de avaliações periódicas com profissionais capacitados.
“Criar equipes multidisciplinares, geólogos, engenheiros, assistentes sociais, por exemplo, e fazer o mapeamento das áreas de risco”, enfatiza João.
Como identificar um deslizamento?
Perceber as mudanças climáticas e observar o solo ao redor são formas de evitar ou fugir de um deslizamento. Isso porque nos casos em que a chuva é a principal causa, espaços devem ser desocupados.
“Os sinais de alerta para um início de deslizamento são o aparecimento de degraus no terreno, assim como trincas na superfície. Pode-se observar o início de movimentação quando aparecem árvores já inclinadas”, conta João, que faz questão de enfatizar que o formato da superfície e da encosta também indicam possíveis mudanças no local.
Por isso é tão importante o acompanhamento das regiões antes e após os períodos de chuva ou quando há mudanças estruturais, trabalho feito pela Defesa Civil.
“A partir do diagnóstico inicial, é possível indicar, por exemplo, obras estruturais para contenção das encostas, como muros de arrimo, cortinas atirantadas, contenção com gabiões e outras técnicas, acompanhadas de instalação de sistema de drenagem”, finaliza Janete.