Como essa startup já bloqueou mais de R$ 4 bilhões em fraudes no PIX

Data Rudder, criada pela cientista de dados Rafaela Helbing e pela UX designer Thais Nolasco, em Florianópolis, nasceu com a missão de combater fraudes em sistemas digitais de pagamento.

Até abril, a principal tecnologia da empresa já havia bloqueado mais de 400 mil tentativas de golpe, evitando prejuízos superiores a R$ 4 bilhões.

Embora atue com diferentes modalidades, como TED, boleto e cartão, a companhia projeta alcançar 20% do volume total de operações do PIX no Brasil até o fim deste ano.

Com tecnologia proprietária e foco regulatório, se posiciona como parceira de mais de 150 instituições. Em 2023, a startup recebeu um aporte de R$ 10 milhões em uma rodada Série A liderada pela LA Venture Builder, fundo de investimento criado pela B3.

O sistema antifraude foi desenvolvido para operar dentro das exigências técnicas e regulatórias do PIX, com tempos de resposta compatíveis com o padrão do Banco Central. Os modelos são ajustados para cada instituição, a partir do comportamento transacional de suas bases.

A tecnologia cobre o ciclo completo das transações, do recebimento à liquidação, e utiliza inteligência artificial (IA) e análise contextual para identificar padrões atípicos.

Ao contrário de outras soluções disponíveis no mercado, que oferecem algoritmos genéricos, a plataforma criada pela startup trabalha com algoritmos exclusivos para cada operação, com mapeamento da rede de conexões entre contas suspeitas e identificação de contas alugadas por terceiros ou criadas com dados roubados, as chamadas contas de passagem, que servem como intermediárias para dificultar o rastreamento do dinheiro fraudado.

A solução pode ser calibrada conforme o perfil da instituição, por meio de uma API unificada que acompanha a evolução da operação e permite o envio de dados extras para modelagem e definição de políticas. 

Os modelos são monitorados em tempo real e passam por ajustes sempre que necessário com o objetivo de reduzir a incidência de falsos positivos, um dos principais desafios operacionais em ambientes de transação instantânea.

A startup também desenvolveu uma ferramenta voltada ao cumprimento da Resolução Conjunta nº 6, que prevê o compartilhamento de indícios de fraude entre instituições financeiras reguladas pelo Banco Central.

A solução já é utilizada por mais de 90 entidades reguladas e foi desenhada para operar dentro dos parâmetros exigidos pelo Banco Central.

Entre suas soluções, a empresa oferece, ainda, uma plataforma que acompanha em tempo real as movimentações financeiras dos usuários, analisando transações fora do comum ou relacionadas com perfis de lavagem de dinheiro, e uma estrutura colaborativa voltada para o compartilhamento de indícios de fraude e irregularidades entre empresas de cartões, desenvolvida em parceria com a Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços (Abecs).

Expansão internacional com foco em pagamentos instantâneos

A estratégia de internacionalização está centrada no avanço de sistemas instantâneos na América Latina, onde o PIX brasileiro é visto como referência.

A empresa acompanha de perto iniciativas em países como Peru (Yape e Plin), Argentina (MODO e Transferencias 3.0), Costa Rica (SINPE Móvil) e Bolívia (Simple), cujos sistemas ainda operam com restrições técnicas e fragmentação regulatória.

A expansão prevê a atuação via modelos de licenciamento e parcerias com instituições locais, aproveitando a base tecnológica da empresa e adaptando modelos analíticos ao perfil comportamental de cada mercado.

A startup já iniciou as primeiras tratativas comerciais com players regionais e mapeia países com estrutura jurídica compatível ao seu modelo de prevenção de fraudes.

“A América Latina está em um ponto de inflexão. Os pagamentos instantâneos avançam, mas a infraestrutura antifraude ainda é incipiente. O que fizemos no Brasil pode servir de base para apoiar esse amadurecimento”, destaca Rafaela.

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