Festa da Cultura destaca a mandioca como símbolo de tradição e desenvolvimento regional

A sexta-feira, 23 de maio, iniciou de forma especial para os produtores rurais de Sangão e região. Fazendo parte da programação da 2ª Festa da Cultura, a manhã foi dedicada à cadeia produtiva da mandioca, reunindo agricultores, técnicos, pesquisadores e representantes da indústria no Centro de Eventos José Antônio da Silva. O encontro teve início com um café de boas-vindas oferecido pela Rocha Alimentos — maior beneficiadora da mandioca de Santa Catarina — e foi encerrado com um almoço coletivo.

O cronograma técnico destacou o papel estratégico da mandioca na economia do Sul catarinense, que responde por mais de 80% da produção estadual. Atualmente, a cultura ocupa cerca de 6.276 hectares em Santa Catarina, com uma produção estimada em 173 mil toneladas para a safra de 2025. Neste cenário, o município de Sangão se consolida como o maior produtor de farinha de mandioca do Estado, com lavouras mantidas, em grande parte, por agricultores familiares.

“Essa é uma raiz que acompanha gerações e continua sendo essencial, tanto no campo quanto na mesa dos brasileiros. Estar presente na Festa da Cultura é reafirmar o quanto acreditamos na força do agricultor”, diz Cloudo Rocha, diretor executivo da Rocha. “Nosso compromisso é estar próximo, ouvir, apoiar e seguir desenvolvendo produtos que tenham identidade e origem”, complementa.

Programação técnica capacita produtores

Durante a manhã, os participantes acompanharam duas palestras técnicas. A primeira, com o pesquisador Alexsander Moreto, da Epagri, apresentou os resultados de anos de pesquisa com cultivares adaptadas à realidade local, como Sangão, Sambaqui, Cigana, Pompa, Serena e Petuna. Ele destacou ganhos expressivos de produtividade e resistência, além de avanços em sistemas de plantio direto, rotação de culturas com aveia e o uso de ramas sementes com maior sanidade. “A produtividade pode superar 40 toneladas por hectare em cultivos bem manejados. Isso representa um salto expressivo em comparação às médias nacionais”, explica.

Na sequência, Fábio Isaías, pesquisador do CEPEA/USP (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada da Universidade de São Paulo), abordou o panorama econômico da mandioca no Brasil. Ele mostrou como a cultura, apesar de ser tradicionalmente associada ao Nordeste, tem migrado sua força produtiva para o Sul e o Centro-Sul, especialmente pelos ganhos em produtividade e industrialização. “Hoje, Estados como Santa Catarina, Paraná, São Paulo e Mato Grosso do Sul representam quase 40% da produção nacional de mandioca e concentram mais de 90% da capacidade industrial de transformação da raiz em fécula e seus derivados”, aponta.

Fábio também detalhou a diversificação da indústria, que hoje não se limita à produção de fécula, mas também investe em alimentos modificados, misturas para pães de queijo e a própria tapioca, que já representa quase 5% do volume processado nas fecularias. “A cadeia da mandioca é como qualquer outra: precisa inovar. E temos visto isso acontecer aqui no Sul, com investimento em novas cultivares, práticas de manejo, planejamento de safra e industrialização mais sofisticada”, afirma.

Além das palestras, os agricultores trocaram experiências sobre desafios técnicos, custos de produção, escolha de cultivares e oportunidades de mercado. À tarde, a programação continuou com o Encontro Gastronômico de Pratos Típicos, destacando receitas à base de mandioca e seus derivados, seguido de um café coletivo.

A Festa da Cultura segue até domingo, dia 25 de maio, com apresentações artísticas, shows e espaço para expositores. A entrada é gratuita.

Colaboração: Izi Comunicação

 

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