
Coletiva dos ministros Fernando Haddad e Simone Tebet – Foto: Valter Campanato/Agência Brasil
Na tarde desta quinta-feira (22), parte da imprensa e o ministro dos Transportes, Renan Filho (MDB), anteciparam o aumento no IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) que iria ser anunciado pelo Ministério da Fazenda às 17h. O vazamento de informação do governo foi minimizado por Fernando Haddad (PT) , chefe da pasta.
“A nossa posição é a seguinte. Tem um protocolo, se alguém não seguiu, o problema é daquela pessoa”, afirmou Haddad sobre o vazamento de informação do governo. “Na Fazenda e no Planejamento, as pessoas que trabalham aqui e no Planejamento sabem que elas têm dever funcional de guardar sigilo. Por isso eu não respondo muitas das perguntas que vocês me fazem no zap porque eu não posso responder.”
Cerca de duas horas antes da entrevista sobre as mudanças no imposto, Renan Filho afirmou que o IOF iria aumentar para ajudar na arrecadação do governo. Em outra ocasião, o ministro Haddad afirmou que o vazamento de informação do governo não foi de sua pasta nem da de Simone Tebet, ministra do Planejamento e Orçamento.
“Garanto para você que não vazou da Fazenda. Aqui não vaza nada”, afirmou o ministro ao lado de Tebet. “As pessoas que trabalham aqui e no Planejamento sabem que elas têm dever funcional de guardar sigilo. Por isso eu não respondo muitas das perguntas que vocês me fazem no zap porque eu não posso responder”, complementou Fernando Haddad sobre o vazamento de informação do governo.

Ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), e ministra do Planejamento, Simone Tebet (MDB)
Mercado reage à vazamento de informação do governo
Com o vazamento de informação do governo sobre o aumento do IOF, o mercado financeiro se movimentou. Questionado sobre o impacto dessa comunicação parcial da Fazenda no mercado, Haddad se eximiu de responsabilidade.
“Mexeu bem ou mexeu mal? Se mexeu bem, deixa o mercado. Mas eu não posso ter responsabilidade sobre o mercado faz”, comentou o ministro.
Além do aumento em si, passou a circular nas redes sociais a hipótese do IOF incidir sobre dividendos no exterior. O ministro negou essa informação e chamou de chantagem as especulações.
“Não, não vai incidir sobre dividendos no exterior”, antecipou o ministro. “Eu não posso ceder a esse tipo de chantagem. O cara joga um negócio na rede e eu sou obrigado a antecipar o anúncio que o protocolo da Fazenda afirma que seja depois do fechamento do mercado?”, comentou Haddad ao se negar a informar de quanto seria o aumento do IOF.
Vazamento de informação do governo invade coletiva sobre Orçamento
A coletiva dos ministros não era sobre o IOF, que seria anunciado pela equipe econômica das pastas. O ministro comentou o assunto por causa do vazamento de informação do governo sobre o tributo.
O assunto principal era o contingenciamento de mais de R$30 bilhões como ajuste fiscal. No primeiro bimestre, o governo gastou mais que a projeção e, por isso, precisa cortar gastos não obrigatórios.
Uma das medidas citadas pelo ministro para equilibrar as contas é a compensação orçamentária da desoneração da folha de pagamentos aprovada no Congresso Nacional. Fernando Haddad cobrou discussão de medidas econômicas do Legislativo.
Às 17h, com o mercado fechado, o Ministério da Fazenda divulgou os ajustes no IOF de cada categoria. A estimativa é um aumento na arrecadação de R$20,5 bilhões em 2025 e R$41 bilhões em 2026.

Fernando Haddad afirmou que vazamento de informação do governo não foi na Fazenda – Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
O que é IOF?
O IOF, ou Imposto sobre Operações Financeiras, é um tributo de competência da União que incide sobre atividades como crédito, câmbio, seguros e negociações com títulos e valores mobiliários. Aplicável tanto a pessoas físicas quanto jurídicas, esse imposto é amplamente utilizado como uma ferramenta de política econômica pelo governo federal.
Sua principal característica não é apenas arrecadatória, mas regulatória. O IOF permite ao Executivo federal, por meio de decreto, ajustar suas alíquotas com rapidez, sem necessidade de aprovação do Congresso Nacional. Essa flexibilidade torna o imposto um instrumento estratégico para influenciar o comportamento do mercado, incentivando ou desestimulando determinadas operações financeiras conforme os objetivos da política econômica do momento.
Apesar de ter sido criado com uma finalidade regulatória, o IOF também tem se mostrado relevante na composição da receita pública, servindo como uma fonte adicional de arrecadação em períodos de necessidade fiscal.