A administração Egidio Ferrari (PL) tem seus primeiros testes de fogo no campo político. A confirmação – ou não – da CPI que vai investigar o contrato do saneamento básico e a paralisação dos servidores públicos municipais dominarão o debate político na semana e, dependendo das forças, por mais tempo.
A paralisação desta terça-feira promete ser representativa. Nas contas da Prefeitura na véspera, são quatro ambulatórios, 23 postos de saúde, 33 CEIs e 20 escolas que não vão atender à comunidade, fora as unidades onde o atendimento será parcial. Não é pouca coisa.
Com a lembrança do recente projeto sobre o Issblu, quando a Prefeitura fez passar um projeto com mudanças na forma de escolher o presidente do Instituto, o servidor que for para a manifestação cobra esta fatura de Egidio Ferrari.
E cobra a abertura de uma mesa de negociação e o cumprimento de acordos passados, como a apresentação de estudos de viabilidade de implementação de reivindicações históricas da categoria, como a aplicação dos pisos nacionais do magistério e dos ACSs e ACEs nas carreiras e o reenquadramento salarial de diversas funções em função de perdas salariais históricas.
A administração anunciou o reajuste de 5,32% como se fosse um benefício. Mas é lei, ou seja, o município é obrigado a pagar a reposição da inflação do ano, sempre com a data base em maio. E sinalizou um reajuste real para o Vale-Alimentação, que é importante.
Então, a terça-feira servirá de termômetro, tanto para o Sintraseb, sindicato da categoria, como para a Prefeitura. É preciso ver a adesão. Se ela for representativa, é possível que este movimento paredista se repita em outras situações.
E a CPI? Talvez não aconteça a manifestação da Procuradoria Jurídica da Câmara nesta semana, fundamental para a instalação da comissão. Já ouvi pessoas de dentro do Legislativo apontando alguns pontos que poderiam culminar com um parecer contrário. Mas o próprio líder de Governo já disse que, se houver algum problema jurídico, a administração não se oporia a refazer o requerimento de CPI.
Independente da Procuradoria, uma CPI é sempre um desgaste, mesmo com a maioria da base governista. Como o Informe Blumenau tem escrito, os quatro últimos prefeitos têm algum tipo de responsabilidade, pois eram gestores do contrato, celebrado originalmente por João Paulo Kleinübing em 2010 e com o quinto aditivo – motivação principal do requerimento de CPI – assinado por Egidio Ferrari (PL) em 2025. Napoleão Bernardes e Mário Hildebrandt também foram prefeitos neste período.
A CPI pode respingar nos quatro gestores, todos que foram aliados em momentos diferentes, mas hoje a sinergia é maior entre Egídio e Kleinübing. Os vereadores da base terão que trabalhar para que o foco não fique neles.
A administração tem maioria na Câmara e passará pelo maior teste até agora, com cinco meses de mandato. Novo e PT se aliaram nesta CPI, que muitos afirmaram que queriam que saísse, lembrando que, mesmo por estratégia, 14 vereadores assinaram o requerimento pedindo a CPI, apenas Jovino Cardoso (PL) não.
Almir Vieira, do PP, que deve fazer parte da comissão, já disse que o novo aditivo é um “assalto”.
Ou seja, uma paralisação e uma CPI para investigar atos da Prefeitura são um desgaste e dependerão de habilidade política e de comunicação para minimizar os danos.