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Uma das cores deste mês de maio é o cinza, chamando a atenção para a conscientização sobre o câncer cerebral — uma doença de comportamento extremamente variável. Nesta região, alguns tumores podem crescer em questão de dias, outros levam anos para expandir.
O que define essa velocidade é, principalmente, o tipo de tumor e o grau de diferenciação celular. Esse grau é determinado com base nas semelhanças ou diferenças entre as células do tumor e as células saudáveis do cérebro: quanto mais parecidas, mais baixo o grau; quanto mais diferentes, mais agressivo o câncer tende a ser.
Entre todos os tipos de tumores cerebrais, o glioblastoma é o mais comum, representando cerca de 50% dos casos. É um tumor que nasce no próprio cérebro, com crescimento rápido e comportamento bastante agressivo.
O tratamento padrão é uma combinação que inclui cirurgia, seguida de radioterapia e quimioterapia, com um medicamento chamado temozolamida. Em alguns casos, adiciona-se um segundo quimioterápico, a lomustina. E entre os avanços, temos o avastin — um bloqueador de vasos sanguíneos que se tornou o medicamento mais utilizado nesse cenário.
Mas, apesar dos progressos nas últimas duas décadas, o tratamento do glioblastoma ainda não teve o salto que vimos em outros tipos de câncer e a ciência continua buscando novas estratégias. Hoje, há pesquisas em curso com medicamentos chamados alvo-específicos, vacinas e terapias gênicas e celulares, como o CAR-T cell.
O glioblastoma ainda é um grande desafio para a Oncologia. Embora algumas pessoas consigam se curar, a maioria dos pacientes precisa conviver com a doença — e nosso maior objetivo, além de aumentar as chances de cura, é garantir que estas pessoas consigam controlar o tumor pelo maior tempo possível, com qualidade de vida.
Glioma de baixo grau
Outro avanço importante está relacionado aos gliomas de baixo grau, tumores mais frequentes em pessoas jovens. Novas medicações vêm sendo desenvolvidas para atingir alterações genéticas específicas desse tipo de câncer. Esses tratamentos demonstram uma redução de 61% no risco de progressão da doença ou impacto na qualidade de vida do paciente. Além disso, diminuem em 74% a necessidade de intervenções adicionais, como novas cirurgias ou radioterapia.
Embora sejam tumores considerados raros, os gliomas de baixo grau afetam muitos brasileiros e brasileiras, especialmente a população jovem. Trata-se de uma das áreas com maior volume de pesquisas atualmente, buscando desde formas mais eficazes de controle da doença até estratégias que possam levar a reduções significativas do tumor e, no futuro, quem sabe, à cura.
Fernando Maluf é cofundador do Instituto Vencer o Câncer e professor livre-docente da Faculdade de Medicina da Santa Casa de São Paulo.
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