“Nunca perder a esperança”, afirmam mães que demoraram a engravidar

Primeira matéria do Especial de Dia das Mães conta a história de duas mulheres que, com fé, viveram o sonho e a realização da maternidade

Julia Beck
Da redação

Gabriela e seu filho Francisco /Foto: Arquivo Pessoal

A maternidade é o sonho de muitas mulheres. Após o matrimônio, elas se preparam para vivê-la, no entanto, a tão sonhada gestação nem sempre é uma realidade imediata. A empresária de 29 anos, Gabriela Bento, conta que se considerou uma tentante por cerca de três anos. “Cheguei a engravidar duas vezes, mas infelizmente tive abortos precoces”, detalha. A fisioterapeuta dermatofuncional de 45 anos, Danila Miranda dos Santos, afirma que viveu um ano e oito meses de tentativas frustradas, noites de choro e incertezas sobre o futuro.

Após as duas perdas gestacionais, Gabriela comenta que iniciou uma investigação médica para entender as causas. “Quando elas foram identificadas, iniciei o tratamento. Foi um processo repleto de frustrações, porque eu acreditava que engravidar seria algo simples. Descobri, porém, que não é. E não é fácil aceitar que não temos o controle de tudo. Venho de uma geração que planeja a vida inteira, mas, nesse caso, percebi que não dependia apenas de mim. Essa maturidade foi difícil de adquirir”, recorda.

Durante três anos, a empresária revela ter ficado muito ansiosa, perdida em alguns momentos, e se questionando o que faria caso não conseguisse ser mãe. “Queria muito dar essa alegria ao meu marido, que sempre sonhou com a paternidade, e cheguei a me sentir culpada por não conseguir proporcionar essa realização a ele”, frisa.

Gabriela e seu filho Francisco /Foto: Arquivo Pessoal

Na segunda perda gestacional, Gabriela conta que viveu momentos bem difíceis, pois acreditava que daria certo. “Eu já tinha passado por isso antes e achava que já tinha aprendido tudo que precisava sobre frustração, fé e superação”.

“Quando tive o sangramento, demorei a acreditar que estava acontecendo novamente comigo. Questionei profundamente a minha fé. Não conseguia entender (…). Com o tempo, fui acalmando meu coração”, complementa a empresária.

Danila casou-se aos 36 anos e tinha o desejo de ser mãe antes dos 40. “Os meses foram passando e a cada ciclo sem sucesso, minha ansiedade crescia”, enfatiza. A fisioterapeuta dermatofuncional afirma que, com o passar do tempo, ela e o marido começaram a perder as esperanças.

“Eu me perguntava se a minha hora de ser mãe já havia passado. Cada consulta médica e cada resultado negativo parecia um desânimo a mais no coração. Ainda assim, não desistimos de acreditar”, sublinha.

Graça alcançada

Em 2018, Danila antes de fazer um teste de gravidez, rezou pedindo a Deus por um resultado positivo. Ela relata que pediu um sinal e sentiu a confirmação de que seu “milagre” estava a caminho. Ao descobrir a gravidez, a fisioterapeuta dermatofuncional destaca a emoção e gratidão que sentiu. “Meu sonho que parecia impossível tornava-se realidade”.

Quando seu filho João nasceu, Danila frisa ter vivido a “prova de que nunca se deve perder a esperança”. “Hoje, vivendo o papel de mãe, sou tomada pela emoção a cada novo dia. Sinto em cada cuidado, em cada olhar do João, a confirmação da promessa que recebi em oração. Minha história de superação, fé e amor ficou marcada na nossa família. A maternidade me transformou de uma forma tão bonita”. João, hoje com 6 anos, é o primogênito de Danila. Ela também é mãe de Isabela, de 2 anos.

“Ser mãe sempre foi um sonho, um projeto construído com amor, fé e esperança. Quando esse sonho se concretizou, meu coração se encheu de gratidão. Gratidão a Deus, por nos permitir viver esse milagre, por tornar possível aquilo que por muito tempo parecia tão distante. Me senti realizada, como se uma parte muito importante de mim tivesse finalmente despertado”, acrescenta.

Gabriela também define o filho Francisco, nascido há apenas 2 meses, como um milagre. “Um dia, na presença de Jesus Eucarístico, meu marido e eu pedimos um filho com muita fé e no dia seguinte, acordei com sintomas de gravidez. Fiz o teste apenas para ver, com meus próprios olhos, o milagre que já sentíamos no coração. Estávamos em paz, pois sabíamos que Jesus tinha nos escutado”, frisa.

A gestação exigiu alguns cuidados médicos, mas a empresária sublinha nunca ter tido dúvidas de que Francisco não era apenas um sonho seu, mas um sonho de Deus.

Amor profundo

Danila e seus filhos João e Isabela /Fotos: Arquivo Pessoal

Junto com a realização de ser mãe, Danila revela ter sentido medo. “Medo do novo, medo de errar, medo de não estar pronta. Porém, ao mesmo tempo, senti um encorajamento inexplicável”, revela. Para ela, a maternidade é uma força silenciosa, que proporciona coragem.

“Depois que me tornei mãe, nunca mais olhei para outra mãe com os mesmos olhos — especialmente para a minha própria mãe. Passei a admirar e reconhecer muito mais tudo o que ela fez por mim. A maternidade é um desafio diário”, acrescenta Gabriela.

A empresária destaca que a maternidade a ensina a viver um dia de cada vez e, principalmente, ensina sobre o amor. Um amor tão grande, tão profundo, que Gabriela salienta que nem sabia que era capaz de sentir.

“Antes de ser mãe, eu pensava que a maternidade era uma pausa na vida. Achava que, ao me tornar mãe, eu estaria ‘estacionando’ por um tempo. Via muitas mulheres nessa fase e pensava que suas vidas tinham parado. Mas hoje, vivendo isso na pele, entendo que foi exatamente o contrário: foi quando a minha vida, de fato, começou”, aponta.

Ser mãe, reconhece Danila, a transformou em uma pessoa mais verdadeira, mais autêntica, mais carinhosa. “Ser mãe é assumir responsabilidades que eu jamais imaginei, é me preocupar com a vida de outro ser de forma intensa e constante. Descobri uma força que não sabia que tinha. A maternidade é, sem dúvidas, uma fase maravilhosa e transformadora”.

Desafios

Ao comentar sobre os desafios da maternidade, Danila conta que com o passar dos anos começou a observar alguns pequenos atrasos no desenvolvimento de seu filho. “Algo dentro de mim dizia que havia algo diferente”, descreve. No final de 2019, após um sobrinho receber o diagnóstico de autismo, a fisioterapeuta dermatofuncional pesquisou sobre o transtorno e percebeu que seu filho apresentava muitas características.

Após um período de investigação, observação e muita persistência, João recebeu o diagnóstico de autismo. “Foi um processo intenso, cheio de dúvidas, descobertas e aprendizados. Mas também foi o início de uma nova forma de enxergar o João: com ainda mais amor, respeito e desejo de oferecer o melhor para ele”.

Como mãe, Danila defende uma sociedade com mais conhecimento e empatia acerca das pessoas com autismo. “Muitos esperam que o autista seja sempre bravo, isolado, difícil. E quando encontram uma criança como o João, se surpreendem — como se ele fosse uma exceção. Preconceito, pra mim, é isso: julgar sem conhecer. E isso não atinge só o meu filho, mas tantas outras pessoas que são rotuladas por aquilo que os outros acham que sabem”.

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