Nos últimos anos, um movimento silencioso vem crescendo nos bastidores do mundo corporativo: executivos de alto escalão pedindo afastamento. E não é por questões financeiras, nem por mudanças estratégicas. É por algo mais profundo — saúde mental e bem-estar.
Estudos mostram que uma parte significativa de CEOs e C-Levels estaria disposta a deixar seus cargos ou até aceitar posições mais baixas se isso significasse menos estresse e mais qualidade de vida. A principal queixa? Jornadas exaustivas, metas inatingíveis, pressão constante e o peso invisível que esses cargos carregam diariamente.
Não dá mais para negar: estamos vivendo uma crise de saúde mental no meio corporativo. E o mais irônico é que, na tentativa de sobreviver a esse colapso silencioso, muitos líderes estão correndo para os esportes. Literalmente.
O problema é que, em vez de encontrar no esporte um espaço de alívio, de autocuidado, de reconexão, muitos acabam replicando o mesmo padrão de exigência que enfrentam nos escritórios. Trazem para o esporte a mesma cobrança que têm nas reuniões. A mesma comparação de performance. O mesmo espírito competitivo. A busca não é mais por saúde — é por performance. Por controle. Por mais.
Mas talvez, só talvez, essa lógica esteja prestes a mudar.
A partir de 26 de maio, entra em vigor a nova atualização da NR-1, norma que estabelece diretrizes de segurança e saúde no trabalho. E, pela primeira vez, ela passa a reconhecer riscos psicossociais como algo que precisa ser identificado, avaliado e prevenido pelas empresas. Em outras palavras: não adianta mais empurrar o bem-estar para debaixo do tapete corporativo.
Empresas de todos os portes terão que colocar na mesa discussões sobre carga horária, pressão excessiva, metas inalcançáveis, conflitos interpessoais e tudo aquilo que vem consumindo a saúde emocional dos colaboradores. E, quem sabe, isso deixe de ser um “diferencial competitivo” e vire o que sempre deveria ter sido: o mínimo esperado de um bom lugar para se trabalhar.
E quando essa virada acontecer, talvez o esporte também volte a ocupar o lugar que realmente faz sentido. Não mais como ferramenta de alta performance para turbinar a produtividade. Mas como um pilar de bem-estar verdadeiro.
Quem sabe a gente comece a trocar o “faça triathlon para pensar melhor sob pressão” por “vá surfar para respirar melhor e enxergar com clareza”. Quem sabe a busca passe a ser por silenciar a mente, sentir o corpo, se conectar com a natureza e com o presente. Não para competir. Não para ser mais do que o outro. Mas para ser mais de si.
Já imaginou uma nova cultura onde a frase mais comum entre os executivos seja: “Faço esportes para ser uma pessoa melhor”, e não apenas um profissional melhor?
Seria o começo de uma revolução silenciosa, mas poderosa. Onde a alta performance continua existindo, mas como consequência de uma vida equilibrada, e não como um objetivo final.
Porque, no fim das contas, um corpo forte e uma mente centrada são importantes. Mas uma vida leve é essencial.
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