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A indústria brasileira retomou o ritmo em março e a produção cresceu bem mais do que o esperado, no ritmo mais forte em nove meses, mesmo diante do aperto nas condições financeiras e aumento da incerteza externa.
Em março a produção industrial cresceu 1,2% em relação ao mês anterior, resultado que ficou bem acima da expectativa em pesquisa da Reuters de alta de 0,3%.
A leitura mensal foi a mais alta desde junho de 2024 (4,3%), dando um salto após estagnação em fevereiro e avanço de apenas 0,1% em janeiro, de acordo com dados divulgados nesta quarta-feira pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística)
Na comparação com o mesmo mês do ano anterior, a produção aumentou 3,1%, taxa mais forte desde outubro de 2024 (6,0%) e também acima da expectativa de 1,4%.
Com isso, a indústria está 14,4% aquém do ponto mais alto da série histórica, de maio de 2011 e terminou o primeiro trimestre com crescimento de 0,1% sobre os três meses anteriores, segundo o IBGE.
De acordo com André Macedo, gerente da pesquisa no IBGE, o resultado de março da indústria teve perfil disseminado de taxas positivas entre as atividades, mas marcado principalmente por setores importantes que recuperaram perdas de meses anteriores.
“Por enquanto não é uma mudança de trajetória, é uma melhora da situação. Não é leitura de que a indústria vai engatar uma trajetória ascendente”, disse ele.
“Por ora o que temos é apenas reposição de perdas do passado recente”, completou. “Até porque fatores negativos continuam, tais como inflação, juros mais altos, crédito mais caro, aumento da inadimplência, incertezas internacionais com tarifas.”
A expectativa de economistas é que a indústria brasileira deve sentir este ano os impactos da alta dos juros, do encarecimento do crédito, queda na confiança dos empresários, desvalorização da taxa de câmbio e aumento das tarifas de importação pelos EUA.
Uma acomodação é esperada, em linha com a perda de força gradual da economia tanto nacional quanto global, ainda que políticas governamentais de estímulo à atividade econômica devam ajudar a mitigar os impactos negativos.
O Banco Central anunciará nesta quarta-feira sua decisão de política monetária, com expectativa de nova alta na taxa de juros Selic, atualmente em 14,25%.
“O ambiente ainda demanda cautela. Os dados de março ainda não refletem a incerteza gerada pelas tarifas e os indicadores antecedentes da indústria sugerem que abril pode mostrar uma desaceleração, com os industriais menos otimistas devido às condições de crédito e aumento de estoques”, alertou o economista sênior do Inter, André Valério.
Os dados da pesquisa sobre a indústria mostraram que em março três das quatro grandes categorias econômicas e 16 dos 25 ramos industriais pesquisados tiveram expansão na produção.
As principais influências positivas vieram de coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (3,4%), indústrias extrativas (2,8%), produtos farmoquímicos e farmacêuticos (13,7%) e veículos automotores, reboques e carrocerias (4,0%).
Entre as categorias econômicas, bens de consumo duráveis (3,8%) e bens de consumo semi e não duráveis (2,4%) tiveram os melhores desempenhos em março sobre o mês anterior.
O setor de bens intermediários também registrou crescimento(0,3%), e a única taxa negativa veio de bens de capital (-0,7%).
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