Líderes, Eis uma Grande Constatação (e Aprendizado): Não Dá para Agradar Todo Mundo

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Michael Scott (interpretado pelo ator Steve Carell) é o tipo de chefe que quer ser amigo de todo mundo. Em algum momento de seu mandato, o personagem de The Office, uma das séries mais famosas do mundo, acaba por se dar conta de algo que muitos líderes parecem esquecer: não dá para agradar todo mundo.

Os cargos de liderança impõem ao profissional algo que, confesso, é difícil para muitas pessoas: o exercício da solidão. E quanto mais se sobe na pirâmide hierárquica, mais solitário o líder se vê. É um auto engano achar que dá para ser amigo dos liderados e, sendo assim, satisfazer todos eles.

Ao contrário: a constante tentativa de ser o chefe parceiro de todos impede o gestor de exercer uma liderança eficiente. Ser um bom líder é saber dizer não, é saber comunicar más notícias quando elas são necessárias, é apontar limites – ainda que essas coisas lhe custem popularidade -, é saber dar feedback, mesmo que ele seja negativo.

Não tema. Feedback não deve ser uma distribuição universal de elogios, mas um trabalho de mentoria. Quando bem-feito, ajuda o colaborador a crescer. Por isso, críticas fazem parte. Acredite, se você der uma devolutiva de forma transparente, verdadeira e gentil, ainda que seja crítica ao trabalho do seu liderado, ele vai lhe agradecer.

O bom líder navega nesses fios da navalha. Não é exatamente fácil conseguir se equilibrar nessa corda bamba, mas alguns levantamentos talvez possam ajudar: mais do que ter um chefe parceiro, o que os colaboradores têm se ressentido é de gestores que não são honestos e humanos. Isso pode ser uma boa diretriz: seja verdadeiro e empático mesmo quando os comunicados não forem promissores nem agradáveis.

Anunciar notícias ruins exige boa dose de preparo. É importante que o candidato à posição de liderança faça essa importante reflexão antes de aceitar o cargo. Você não é responsável pela forma como cada uma das pessoas da sua equipe vai reagir (isso é bastante pessoal). Ao mesmo tempo, por temor de desagradá-los, não poderá terceirizar esse compromisso, com o risco de o time vê-lo como um chefe fraco ou covarde.

Essas são orientações que não se aplicam apenas às lideranças, mas a todos nós. A relação líder-liderado, é sempre bom lembrar, se dá entre humanos. Os empregados desejam ser ouvidos, portanto, humanize-se.

Abdicar da busca pela resposta positiva do liderado o tempo todo não significa que você deva se isolar e ficar entrincheirado na sua sala. Mas não dá para imaginar que você vá estabelecer laços afetivos que se estendam para além da organização. Não digo que seja impossível, mas a posição de gestor pede um certo pragmatismo e distância.

Por fim, uma última dica a você, gestor, que ainda se vê lutando para não ser julgado pelo seu time: seja autêntico. Mantenha-se fiel ao que você preza como princípio de liderança, mas com o cuidado de ser flexível. Todo mundo comete falhas e erra. Até você. E pode ser o seu time a apontar isso. Autenticidade, sim, mas sem rigidez.

Dr. Arthur Guerra é professor da Faculdade de Medicina da USP, da Faculdade de Medicina do ABC e cofundador da Caliandra Saúde Mental.

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