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A China plantará de quatro a cinco vezes mais milho geneticamente modificado (GM) este ano do que no ano passado, segundo analistas e executivos, dando impulso a uma implantação que tem sido retardada por controles estatais rígidos, ceticismo público e resultados mistos de testes.
Após décadas de cautela, o maior importador mundial de milho e soja tem ampliado nos últimos dois anos as aprovações de diversas variedades de sementes transgênicas, promovendo o cultivo biotecnológico ou a tecnologia transgênica como uma forma de aumentar a segurança alimentar.
A área de plantio de milho transgênico da China deve aumentar para entre 40 milhões e 50 milhões de mu (3,3 milhões de hectares) este ano, em comparação com aproximadamente 10 milhões de mu em 2024, de acordo com a CITICS Research e três especialistas do setor de sementes, que falaram sob condição de anonimato devido à sensibilidade do assunto no país.
Embora não esteja diretamente ligado à guerra comercial entre os EUA e a China, o impulso para cultivar mais milho transgênico poderia reduzir a necessidade de importações da China, dando a Pequim um novo trunfo em sua batalha tarifária com o presidente Donald Trump. No ano passado, os EUA forneceram 15% das importações de milho da China.
Mesmo com o aumento no plantio, o milho transgênico ainda representaria apenas 7% da área total de milho da China, em comparação com mais de 90% em pesos pesados da agricultura, como os Estados Unidos ou o Brasil.
A China poderia atingir rapidamente níveis semelhantes ao adotar a tecnologia transgênica, mas Pequim tende a ser cautelosa diante do ceticismo arraigado de consumidores e agricultores.
O governo administra rigidamente as vendas de sementes e o plantio por meio de controles que, segundo os executivos do setor, dificultam o planejamento e deixaram as empresas de sementes domésticas com um excesso de sementes.
“A adoção pelo mercado depende de dois fatores principais: rendimento demonstrado e benefícios de custo para os agricultores e a capacidade de Pequim de alinhar o lançamento comercial com o ceticismo público persistente”, disse Matthew Nicol, analista sênior do grupo de pesquisa China Policy.
TESTES DECEPCIONANTES
A China importa mais de 100 milhões de toneladas de milho e soja todos os anos, principalmente variedades transgênicas para ração animal, predominantemente do Brasil e dos EUA, enquanto cultiva localmente lavouras não transgênicas para consumo alimentar.
As plantações geneticamente modificadas para aumentar a produtividade ou a resistência à seca e às pragas poderiam aumentar a produtividade em 6% a 13%, de acordo com estimativas de analistas e de um funcionário do setor de sementes.
Entretanto, vários testes recentes resultaram em rendimentos mais baixos, decepcionando alguns agricultores já céticos em relação à tecnologia, de acordo com as três fontes familiarizadas com o lançamento, colocando o progresso em risco.
Algumas regiões onde os testes de milho transgênico de primeira geração foram plantados entre 2022 e 2023 registraram quedas de rendimento de 10 a 20%, disseram as fontes.
Os problemas foram causados por sementes apenas parcialmente adaptadas às condições locais ou colocadas no mercado às pressas, sem que houvesse um número suficiente de cruzamentos — quando uma planta híbrida é cruzada com uma planta-mãe para desenvolver as características desejadas, disseram as três fontes do setor.
Os resultados desses testes não foram divulgados.
O Ministério da Agricultura e Assuntos Rurais da China não respondeu a um pedido de comentário.
“Se as empresas de sementes não conseguirem melhorar os rendimentos do desempenho agronômico, mesmo em condições de teste, a estratégia de transgênicos de Pequim poderá enfrentar um problema de credibilidade, prolongando os prazos de adoção”, disse Nicol.
Enquanto isso, alguns agricultores que buscam maiores rendimentos recorreram a sementes transgênicas ilegais ou a sementes híbridas convencionais, disseram duas das fontes.
“A prevalência de milho transgênico ilegal no nordeste, conforme relatado por membros do setor… ressalta a demanda latente por características avançadas”, acrescentou Nicol.
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