Dengue pode ser tratada com caldo de cana ou carvão? Professor esclarece as fake news da doença

O professor Gustavo Olszanski Acrani, do curso de Medicina da Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS), esclareceu alguns mitos e verdades sobre a dengue. Entre as dúvidas estão questões sobre a vacina, ingredientes alternativos e medicamentos evitados. Santa Catarina decretou situação de emergência por conta da doença na última semana.

Professor esclarece mitos e verdades sobre a dengue – Foto: Divulgação/Reprodução/ND

1 – A dengue pode ser tratada com ingredientes alternativos como folhas de mamão, suco de laranja com inhame, suco de limão, caldo de cana ou carvão? 

O professor explica que até o momento não existe nenhum medicamento com eficiência comprovada em reduzir ou eliminar o vírus do organismo. “Tratamentos alternativos sugeridos em sites ou vídeos também não foram comprovados por nenhum estudo”.

Ele explica que a doença continua sem tratamento específico, assim como a maior parte das viroses. “Tratar a dengue também pode significar cuidar do paciente para minimizar os sintomas e reduzir o risco de uma doença mais grave”.

Se for neste sentido, o professor detalha que são utilizados medicamentos que amenizam os sintomas e auxiliam na hidratação com soro fisiológico, soro caseiro, água de coco, sucos, bebidas isotônicas e água.

Cuidado com as curas milagrosas

Ainda, Gustavo alerta que a população deve tomar cuidado com as curas milagrosas divulgadas na internet. “Geralmente esses textos afirmam que ‘estudos científicos comprovam’, mas tais estudos não são mostrados”.

Algumas dessas supostas alternativas podem ser perigosas. “É sabido que muitos chás têm ação anti-inflamatórias e por isso devem ser evitados por pessoas com dengue”, alerta o professor.

O limão, que muitos vídeos defendem como uma cura para a doença, assim como outras frutas cítricas, contém salicilato, componente anti-inflamatório com propriedades analgésicas.

“Que é justamente a classe de fármaco que deve ser evitada quando a pessoa tem dengue”.

2 – A ivermectina é eficaz no tratamento contra a dengue?

Não. “No momento, não existe nenhum medicamento específico que reduza a carga viral do vírus no organismo. A Ivermectina também não é eficiente no controle dos sintomas”

Conforme o professor, a ivermectina é inadequada também como tratamento da doença.

 3 – Vitamina B auxilia na prevenção contra o mosquito da dengue? 

A afirmação também é falsa. Acrani explica que assim como o  própolis, alho e inhame, o consumo de vitamina B não torna o indivíduo livre das picadas das fêmeas dos mosquitos.

4 – A vacina contra a dengue é transgênica, altera o DNA ou causa câncer? 

“A vacina da dengue deve ser recebida como uma das melhores alternativas no combate à doença. Ou talvez, a única, pois até o momento, não há tratamento específico para o vírus”, detalha o professor.

A Qdenga, presente no mercado brasileiro, é produzida pelo laboratório japonês Takeda.

5 –  A vacina contra a dengue é recomendada para todas as pessoas?

No Brasil a vacina foi aprovada pela Anvisa para pessoas de 4 a 60 anos com duas doses e eficácia superior a 66,2%. “Assim como outras vacinas atenuadas, ela deve ser evitada por gestantes e pessoas imunocomprometidas ou imunossuprimidas”, afirma o Acrani.

6 – Quais sintomas precisam ser observados e quais são os alertas para buscar ajuda médica?

Além do uso de medicamentos seguros para amenizar os sintomas, deve ser feita a hidratação cuidadosa com, pelo menos, quatro litros de água, soro caseiro, água de coco e sucos.

Ainda, o paciente precisa estar atento aos sintomas. “Especialmente, a dor abdominal intensa e contínua, vômitos constantes, náusea e sangramento de mucosas”

Esses sinais geralmente aparecem depois do quinto dia e são alertas que o paciente precisa retornar à unidade de saúde, pois os sintomas poderão se agravar.

Professor Gustavo Olszanski Acrani alerta sobre os perigos dos mitos que circulam na internet sobre a dengue – Foto: UFFS/Divulgação/ND

7 – Quais medicamentos precisam ser evitados?

O especialista explica que a automedicação é muito perigosa e, inclusive, os medicamentos que o paciente já toma com prescrição médica devem ser informados no atendimento em caso de dengue.

A popular aspirina é um desses medicamentos. “Ela pode piorar o quadro de saúde da pessoa infectada e aumentar o risco de dengue grave ou hemorrágica”, completa.

Outros medicamentos que devem ser evitados em caso de suspeita de dengue são os anti-inflamtórios, como ibuprofeno, prednisona, dexametasona e o analgésico paracetamol.

 

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