

Conheça o Châteauneuf-du-Pape, o vinho do Papa – Foto: Getty Images/ND
Com a morte do Papa Francisco nesta segunda-feira, cresce o interesse por tradições ligadas ao Vaticano — entre elas, a história do vinho que nasceu sob a bênção papal e ainda hoje carrega no nome e no sabor séculos de legado: o Châteauneuf-du-Pape.
Muito mais do que um rótulo sofisticado, o Châteauneuf-du-Pape, produzido no sul da França, é conhecido como “o vinho do Papa” — título que não é apenas simbólico, mas profundamente histórico.
Por que o Châteauneuf-du-Pape é chamado de vinho do Papa?
O nome, que em francês significa “Castelo Novo do Papa”, remete ao período em que a sede da Igreja Católica foi transferida de Roma para Avignon, entre os séculos XIV e XV. Durante esse tempo, Papas como Clemente V e João XXII se instalaram na região e deram início a uma nova era para a vitivinicultura local.
Foi João XXII, aliás, quem ordenou a construção de um castelo nos arredores da vila e incentivou o cultivo de uvas para produção de vinho — um gesto que faria nascer a tradição do “Vin du Pape” (vinho do Papa).
Onde é feito o vinho do Papa?
A bebida é produzida em uma das mais prestigiadas Apelações de Origem Controlada (AOC) da França, localizada no Vale do Rhône. A área cobre cerca de 3.200 hectares e conta com um terroir único, marcado por pedras arredondadas chamadas galets, que aquecem durante o dia e mantêm as uvas amadurecendo de forma equilibrada à noite.
Quais uvas compõem o Châteauneuf-du-Pape?
Apesar de ser mais conhecido na versão tinta (rouge), o Châteauneuf-du-Pape também é produzido na versão branca (blanc). São até 18 tipos de uvas permitidas em sua composição, incluindo as tintas Grenache, Syrah e Mourvèdre (famosas pelo blend GSM), além de variedades menos conhecidas como Muscardin e Counoise. Entre as brancas, destacam-se Roussanne, Clairette e Picpoul Blanc.

Uvas do tipo Syrah estão entre as variedades do Châteauneuf-du-Pape – Foto: Getty Images/ND
Características do vinho do Papa
- Châteauneuf-du-Pape Rouge: apresenta aromas intensos de frutas vermelhas, notas herbáceas e toques de couro e especiarias, com alto teor alcoólico e excelente capacidade de envelhecimento — podendo durar mais de 20 anos na garrafa.
- Châteauneuf-du-Pape Blanc: revela notas de pêssego, flores brancas e anis, sendo ideal para consumo jovem, embora algumas garrafas possam evoluir por até uma década.
Um vinho com passado sagrado e futuro promissor
Apesar de ter enfrentado momentos difíceis, como a crise da filoxera no século XIX e o uso como vinho medicinal na Borgonha antes da Primeira Guerra Mundial, o Châteauneuf-du-Pape voltou ao estrelato graças a produtores locais que, em 1929, conseguiram o reconhecimento oficial da AOC — a primeira da França.
Hoje, o vinho do Papa continua a ser um símbolo de elegância, tradição e história viva engarrafada. Uma escolha que une fé, sabor e prestígio — seja em homenagens, celebrações ou brindes à memória.