Editorial: Decisões na saúde pública

Conforme publicamos nesta semana no jornal O Município, o sábado passado foi marcado por visitas do secretário de Estado da Saúde, Diogo Demarchi Silva, a instituições de saúde de Brusque. Ele veio ao município para conhecer serviços do Hospital Azambuja e do Imigrantes Hospital e Maternidade/Imas, ambos conveniados para prestar serviços de alta complexidade pelo SUS.

No Azambuja, o secretário conheceu as instalações e os projetos de ampliação da instituição, com ênfase na Unidade de Alta Complexidade em Oncologia (Unacon), secretário também visitou a torre de alta complexidade que está em construção no hospital.

No Imas, o secretário visitou as instalações gerais e também o novo setor de oncologia, que está aguardando o processo de credenciamento para iniciar os atendimentos. O hospital é uma das seis unidades privadas contratualizadas com o governo do estado para realização de atendimento de saúde pública.

A agenda do secretário está diretamente ligada a uma espécie de conflito que há entre os dois hospitais atendendo serviços semelhantes pelo SUS.

De um lado há o Azambuja, que tem muito mais uma característica regional, por ter seus atendimentos concentrados na população de Brusque e arredores.

O Imas, por outro lado, tem uma característica mais estadualizada. Percebe-se toda semana a chegada de um grande fluxo de vans trazendo pacientes das mais diversas partes do estado para serem atendidos aqui.

Dessa forma, apesar dos dois atenderem pelo SUS, nitidamente são duas estratégias diferentes. A vinda do secretário serviu, entre outras coisas, para entender o jogo de forças que há, e como serão conduzidas, daqui para frente, as novas contratualizações em especialidades.

Sem organização, há uma sobreposição de oferta de especialidades médicas pelo SUS, o que pode gerar conflito e confusão. É imperativo que haja um posicionamento do estado no sentido de vocacionar os hospitais, definindo áreas específicas de atuação de cada um nos convênios

Nos bastidores, há uma espécie de guerra fria, não declarada, pela habilitação para prestar serviços de Oncologia pelo SUS.

Nessa disputa, há inclusive forças políticas trabalhando para cada um dos lados, utilizando-se da influência e da burocracia contra ou a favor deste ou daquele, dependendo do interesse.

O posicionamento é decisivo para por fim a esse conflito, assim como definir os próximos passos. O governo vai ter que dar a orientação e, para isso, terá que levar em conta as características já mencionadas de cada instituição, assim como os benefícios trazidos aos moradores de Brusque e região.

A questão da Oncologia já é um assunto mais urgente. Com a saída do serviço do hospital Santa Isabel, de Blumenau, abre-se uma brecha para que o serviço finalmente seja prestado em Brusque.

E cabe ao governo definir essa situação. Pode ser que apenas um hospital seja contemplado, ambos ou até mesmo nenhum, com os pedidos negados, como já ocorreu no passado.

Ter uma sinalização do governo é necessário não apenas para definir a vocação dos hospitais, mas também para facilitar o planejamento dos investimentos. Cada um tem uma história, está ligado a um tipo de atendimento, e cada um tem sua importância dentro do contexto da saúde regional.

O mais importante é que a cidade não fique sem cobertura desses serviços de saúde. Para a população, é excelente que haja dois hospitais atendendo alta complexidade pelo SUS, mas também é necessário que o caminho que cada um vai seguir seja tornado claro, para que possamos ter, cada vez mais, uma saúde de qualidade na cidade de Brusque.

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