Realização de Lucros e Temor Fiscal Norteiam Queda de Ibovespa e Dólar

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O risco fiscal no Brasil e os Estados Unidos, além da realização de lucros, nortearam o mercado nesta quarta-feira (21). Enquanto o dólar oscilou ao longo do dia, até se encaminhar para um recuo mais consolidado, o Ibovespa sofreu com o aumento das taxas de Depósitos Interfinanceiros (DI’s) o viés negativo da bolsa de Nova York.

No fim da sessão, o índice somou 137.881,27 pontos, um recuo de 1,59%, quebrando a sequência de duas renovações máximas. A realização de lucros e os recuos registrados em Wall Street influenciaram fortemente no viés negativo. Ainda assim, o Ibovespa vem em uma sequência de seis ganhos semanais. Enquanto no ano, beira uma alta de 15%. Já a moeda americana fechou em baixa de 0,47%, cotada a R$ 5,6413.

O principal recuo entre os índices americanos foi registrado pelo Dow Jones, que registrou baixa de 1,91%, enquanto S&P 500 e Nasdaq caíram 1,61% e 1,41%, respectivamente. Agentes mostram preocupação com proposta de corte de impostos, ainda estagnada no Congresso. Se aprovada, ela pode aumentar em trilhões a dívida americana. Pesa também o rebaixamento da classificação de risco dos EUA pela agência Moody’s.

Medida provisória

O temor fiscal no Brasil foi motivado por uma medida provisória (MP) sobre o setor elétrico que institui a chamada “justiça tarifária”, ampliando a gratuidade da conta de luz para milhões de pequenos consumidores. A MP foi assinada nesta quarta pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

No entanto, o governo ainda não deu detalhes sobre ela. De toda forma, o Palácio do Planalto afirma que a intenção é de não gerar qualquer impacto fiscal.

Destaques

– VALE ON caiu 1,28%, apesar da alta dos futuros do minério de ferro na China, apoiados pelo recuo do dólar e pela demanda resistente pelo ingrediente de fabricação de aço, embora a fraqueza do setor imobiliário da China tenha limitado os ganhos. O contrato mais negociado na Bolsa de Mercadorias de Dalian encerrou as negociações do dia com alta de 0,76%. O vencimento de referência na Bolsa de Cingapura, porém, encerrou com declínio de 0,06%.

– PETROBRAS PN recuou 1,12%, conforme os preços do petróleo no exterior abandonaram os ganhos e o barril de Brent fechou em queda de 0,72%. O governo do Estado do Rio de Janeiro propôs à estatal um Programa de Recuperação Fiscal (Refis) para encerrar disputas sobre dívidas que podem chegar a R$ 28 bilhões, em grande parte relacionadas ao imposto estadual ICMS. “Estamos negociando um grande Refis com a Petrobras”, disse o governador fluminense, Cláudio Castro.

– ITAÚ UNIBANCO PN caiu 2,01%, em dia mais negativo para bancos do Ibovespa, com BRADESCO PN fechando em queda de 1,78%, SANTANDER BRASIL UNIT recuando 2% e BTG PACTUAL UNIT encerrando com declínio de 1,2%. BANCO DO BRASIL ON flertou com o sinal negativo, mas sucumbiu à piora no segmento e fechou com declínio de 0,94%.

– RAÍZEN PN avançou 5,95%, tendo como pano de fundo notícia de que o Pátria submeteu neste mês à apreciação do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) operação referente à aquisição de ativos relativos a projetos de usinas de geração solar distribuída detidos pela companhia, conforme processo disponível no site do órgão regulador. O CEO da Raízen afirmou recentemente que a empresa “está seguindo” com a venda dos ativos de energia para reduzir o endividamento.

– VAMOS ON caiu 6,6%, enfraquecida pelo avanço das taxas dos contratos de DI, que derrubou outros papéis sensíveis a juros, como CYRELA ON, que perdeu 5,61%, e MAGAZINE LUIZA ON, que recuou 4,06%.

– AZUL PN perdeu 5,56%, ainda enfraquecida por preocupações de agentes financeiros com a liquidez da companhia. Na véspera, a Standard & Poor’s cortou a nota de crédito da empresa para “CCC-“, com perspectiva negativa, citando maior probabilidade de “default” nos próximos seis a 12 meses. Uma reportagem da Bloomberg afirmou que a Azul pode fazer um pedido de recuperação judicial nos EUA “já na próxima semana” e que discute com credores financiamento de cerca de US$600 milhões.

– GOL PN, que não está no Ibovespa, disparou 35,29%, um dia após a aérea informar que seu plano de reestruturação foi aprovado pela Justiça dos Estados Unidos e que espera deixar o processo de recuperação judicial, ou Chapter 11, em junho. De acordo com analistas do BTG Pactual, a aprovação reduz significativamente a incerteza quanto à reestruturação financeira da Gol e aumenta a flexibilidade estratégica da empresa no futuro.

– JBS ON subiu 0,17%, tendo no radar a assembleia extraordinária com acionistas da empresa na sexta-feira para deliberar sobre seu plano para listar ações na bolsa de Nova York. Na véspera o BNDESPar, instituição do BNDES que atua no mercado de capitais, disse que reduziu sua participação acionária na companhia para 18,18%. Fontes afirmaram à Reuters que a BNDESPar pretende continuar vendendo papéis da JBS.

– MARFRIG ON valorizou-se 0,61%, com agentes financeiros ainda analisando os planos da companhia de incorporar a BRF, empresa na qual já detém controle acionário. Também de pano de fundo do setor permanece a questão da gripe aviária, com mais de 30 destinos comerciais já tendo suspendido as importações de carne de frango do Brasil após a confirmação de um foco da doença no Rio Grande do Sul. BRF ON encerrou com acréscimo de 0,19%.

– XP INC, que é negociada nos Estados Unidos, avançou 0,48%, após o balanço do primeiro trimestre mostrar lucro líquido ajustado de R$ 1,24 bilhão, alta de 20% ano a ano e um pouco acima das previsões de analistas, bem como novo programa de recompra de ações de R$ 1 bilhão. A plataforma de investimentos também mostrou melhora na rentabilidade ano a ano. O BTG Pactual reiterou compra e elevou o preço-alvo das ações de US$ 17 (R$ 95,88)para US$22 (R$ 124,08) após os números.

– NU, que é listada nos EUA, caiu 6,11% na esteira da saída de Youssef Lahrech dos cargos de presidente e diretor de operações (COO) do banco digital. As funções de Lahrech serão absorvidas pelo CEO, David Vélez. Para o Citi, a mudança pode aumentar a agilidade e a velocidade do banco na tomada de decisões, mas a falta de planos claros de sucessão para o cargo de COO pode levantar questões sobre incentivos, planejamento de longo prazo e a capacidade do NU de reter talentos-chave.

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