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Elissa Butterfield passou anos de sua vida atendendo às exigências de Elon Musk. Agora, ela está investindo em suas empresas. Natural de Los Angeles, ela aceitou trabalhar para Musk, aos 25 anos, e abandonou de vez a indústria do entretenimento.
Na época, Musk ainda não era a figura super conhecida que é hoje. Seu patrimônio girava em torno de US$ 10 bilhões (R$ 56,6 bilhões), 38 vezes menor do que o atual. Durante dois anos, como uma das assistentes executivas de Musk, Butterfield ajudou a gerenciar a agenda e as prioridades sempre mutáveis do chefe temperamental, desde resgatar crianças presas em uma caverna na Tailândia até cavar buracos no estacionamento da Tesla. Ela coordenava ligações com investidores, remarcava reuniões e equilibrava o portfólio variado de Musk, que incluía tarefas da Tesla e da SpaceX, além de seus projetos excêntricos e novos empreendimentos. Em 2018, ela passou a ocupar funções operacionais tanto na Tesla quanto na SpaceX, antes de sair da folha de pagamento de Musk em 2022.
“Fiquei com a impressão de que ela era incrivelmente leal e devia ser extremamente eficiente”, disse um ex-funcionário da SpaceX. Agora, Butterfield está aproveitando sua experiência e conexões. Desde que se juntou à Island Green Capital Management, uma firma de venture capital com sede em Los Angeles, em 2024, a empresa fez investimentos na xAI e na SpaceX, duas das companhias de Musk que mais crescem.
Fundada em 2023 pelo ex-trader do Goldman Sachs Ateet Ahluwalia, a Island Green foi um dos pelo menos 61 investidores que participaram da rodada de captação de US$ 6 bilhões (R$ 33,9 bilhões) da xAI, realizada em maio do ano passado, que avaliou a startup em US$ 24 bilhões (R$ 135,8 bilhões). Em janeiro, a Island Green comprou uma participação na SpaceX de um vendedor não identificado, provavelmente a uma avaliação de cerca de US$ 350 bilhões (R$ 1,981 trilhão), valor que a SpaceX atingiu em dezembro passado após uma venda de ações de US$ 1,25 bilhão (R$ 7,07 bilhões).
O investimento da Island Green na SpaceX foi feito por meio de um veículo de propósito específico (SPV), uma estrutura popular entre investidores ansiosos para ter uma fatia da SpaceX — e dispostos a pagar uma taxa –, segundo uma fonte familiarizada com o assunto.
SpaceX multiplicando investimentos
As apostas da Island Green ligadas a Musk já se valorizaram no papel. A xAI captou mais US$ 6 bilhões (R$ 33,9 bilhões) em novembro, a uma avaliação de US$ 50 bilhões (R$ 282,8 bilhões). Esse valor chegou a US$ 80 bilhões (R$ 452,5 bilhões) no mês passado, após a fusão da xAI com a empresa de mídia social X, também de Musk. Agora, o bilionário estaria buscando levantar ainda mais recursos para a xAI a um “valor apropriado”, que, segundo a Bloomberg, poderia chegar a US$ 120 bilhões (R$ 679 bilhões). Da mesma forma, as ações da SpaceX estão sendo negociadas no mercado secundário a avaliações entre US$ 380 bilhões (R$ 2,15 trilhões) e US$ 400 bilhões (R$ 2,26 trilhões), conforme dados das plataformas PM Insights e Caplight.
A Island Green também investiu na Impulse Space, startup de Tom Mueller, outro veterano da SpaceX, que foi um dos primeiros funcionários da fabricante de foguetes e seu principal engenheiro. A empresa de Butterfield participou de uma rodada de financiamento de US$ 150 milhões (R$ 849 milhões) realizada em outubro passado, que avaliou a Impulse Space em US$ 510 milhões (R$ 2,88 bilhões), segundo o PitchBook. Antes da chegada de Butterfield, a Island Green — que atualmente administra US$ 88 milhões (R$ 498 milhões) em ativos — havia feito apenas dois outros investimentos: um na empresa de defesa Shield AI e outro na empresa de robótica Formic.
Butterfield agora integra a crescente lista de ex-funcionários de Musk que estão fechando negócios e lançando empresas no ecossistema de startups e venture capital influenciado por Musk. Vários dos principais executivos de Musk acumularam fortunas de centenas de milhões ou até bilhões de dólares. Segundo o site de fundadores egressos da SpaceX, veteranos da empresa já lançaram 116 companhias e captaram US$ 6,1 bilhões (R$ 34,5 bilhões) em capital de risco. Sam Teller, chefe de gabinete de Musk entre 2014 e 2019, que contratou Butterfield, ingressou na Valor Equity Partners, empresa administrada por Antonio Gracias, amigo bilionário e investidor de Musk, onde foi sócio por três anos e meio.
O que se sabe sobre Elissa Butterfield
Ao contrário de seu antigo chefe, Butterfield mantém um perfil discreto. Ela não respondeu aos pedidos de comentário da Forbes para esta matéria. Aos 34 anos, a nativa de Los Angeles se formou Cum Laude em 2013 pela Belmont University, uma universidade cristã privada em Nashville, com diploma em negócios da música, segundo o escritório de registro da instituição. Ela iniciou sua carreira na agência de talentos WME, onde chegou ao cargo de assistente do chefe de eventos, conforme consta em seu LinkedIn. Depois, ingressou na equipe de assistentes executivos de Musk.
Naqueles dias, sempre havia algo para fazer. Em 2016, quando Musk ordenou que seus subordinados começassem a cavar um projeto piloto no estacionamento da Tesla para sua recém-criada startup de túneis — que se tornaria a Boring Company –, Butterfield foi quem correu para organizar a retirada dos carros dos funcionários da Tesla, como relatado na biografia de Musk escrita por Walter Isaacson.
Em 2018, quando Musk decidiu transformar a base de lançamentos da SpaceX em Boca Chica, no Texas, no centro dedicado para o Starship — o maior e mais novo foguete da SpaceX –, ele colocou Butterfield no comando da criação de uma comunidade para os engenheiros e operários que trabalhavam dia e noite; ela trouxe trailers Airstream, palmeiras, um bar tiki e um deque com uma fogueira, segundo o livro de Isaacson.
Ela também se envolveu nas ideias extravagantes de Musk. Em julho de 2018, quando Musk mobilizou engenheiros da SpaceX e da Boring Company para fabricar um mini submarino para ajudar a resgatar um grupo de meninos presos em uma caverna na Tailândia, Butterfield foi uma das responsáveis pela coordenação dos detalhes.
Ela ajudou a agendar o voo de Musk para a Tailândia e, aparentemente, repassava as ideias de engenharia dele (algo envolvendo uma “solução de zíper de força zero” para um “tubo de caverna tailandês”) para Sam Teller, então chefe de gabinete de Musk, e para Steve Davis, presidente da Boring Company e um dos principais aliados de Musk, segundo documentos de um processo judicial de 2018, no qual o mergulhador britânico Vernon Unsworth processou Musk por difamação, sem sucesso, após Musk chamá-lo de “pedo guy” no Twitter.
E, como qualquer funcionária eficaz, Butterfield aprendeu a lidar com o humor do chefe. Ao organizar as obrigações de Musk na SpaceX, ela procurava “evitar faltar à reunião dos Colonizadores de Marte, porque era a reunião mais divertida para ele e sempre o deixava de bom humor”, contou ela a Isaacson.
Segundo seu LinkedIn, Butterfield tornou-se diretora do escritório do CEO da SpaceX em 2021. Uma pessoa familiarizada com o cargo disse que ela foi trazida de volta como assistente executiva para cobrir a licença-maternidade de uma colega. De uma forma ou de outra, Butterfield deixou a SpaceX definitivamente em 2022 e passou a atuar como diretora de operações de uma empresa de biotecnologia, além de fundar sua própria empresa, a Bread and Butterfield LLC. Porém, ela deixou o novo cargo após um ano, e sua LLC, embora ainda ativa, não parece estar vinculada a nenhum negócio operacional. Parece que ela ainda não estava totalmente pronta para sair da órbita de Musk.
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