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“Em cerimônia realizada hoje em Jeddah anunciamos ao mercado a construção de mais uma fábrica na Arábia Saudita. Com investimento de US$ 160 milhões reforçamos nossa presença no Reino Saudita alinhado com nossa estratégia de expansão global.” Foi com essa declaração, publicada em suas redes sociais nesta terça-feira (22), que Marquinhos Molina, CEO da BRF Arabia e filho do empresário Marcos Molina, anunciou mais um passo da multinacional brasileira no Oriente Médio. Desde que se mudou para Riade, em outubro do ano passado, Marquinhos tem liderado a expansão da companhia na região, um movimento que se consolida com o início das obras da nova unidade.
O novo projeto em Jeddah, desenvolvido em parceria com a Halal Products Development Company (HPDC) — braço do fundo soberano da Arábia Saudita (PIF) —, prevê a construção de uma moderna fábrica de alimentos processados com capacidade inicial para 40 mil toneladas anuais. O investimento, estimado em quase R$ 918 milhões em dólar convertido no dia de hoje, é realizado por meio da BRF Arabia Holding Company, joint venture criada em dezembro de 2023, na qual a BRF detém 70% de participação e a HPDC, 30%.
Marcos Molina, controlador da BRF e presidente do conselho da companhia e da Marfrig, destacou que essa iniciativa reforça a presença internacional da empresa e aprofunda a parceria com o governo saudita no âmbito da segurança alimentar. “O investimento representa mais um avanço consistente na nossa estratégia de presença global e fortalece nossas operações em um mercado altamente estratégico para a companhia, além de consolidar nossa parceria com o Reino da Arábia Saudita em sua agenda de segurança alimentar”, afirmou Marcos Molina.
A BRF, conhecida por seu portfólio de marcas como Sadia, Perdigão, Qualy e Banvit, fortalece sua posição em um dos mercados mais estratégicos para o setor de alimentos halal. Com presença global em mais de 120 países, a empresa vem apostando na diversificação geográfica e no crescimento de produtos de valor agregado, especialmente em mercados onde a demanda por alimentos certificados halal é crescente.
Para Fahad Alnuhait, CEO da HPDC, a unidade será peça-chave para consolidar a Arábia Saudita como referência global em produtos halal, alinhando-se às diretrizes da Visão 2030. “Em parceria com a BRF, este investimento reflete nossos esforços contínuos para avançar a posição da Arábia Saudita na economia global halal. A planta não apenas atenderá à crescente demanda doméstica por produtos processados, como também reduzirá a dependência do Reino em relação a produtos importados, oferecendo alternativas de alta qualidade produzidas localmente. Ela apoia diretamente o mandato mais amplo da HPDC de desenvolver o ecossistema halal e posicionar o Reino como o hub global de produtos halal”, disse Alnuhait. “Além disso, está alinhada com nosso compromisso de fortalecer as capacidades de manufatura local, impulsionar a autossuficiência e criar oportunidades de emprego de alto valor, contribuindo de forma significativa para as metas de sustentabilidade e diversificação econômica da Visão 2030”.
Lançada em 2016, o “Visão 2030: O Plano de Diversificação da Arábia Saudita” é uma iniciativa estratégica do governo local para reduzir a dependência do petróleo e diversificar a economia do país. Entre os principais pilares do programa estão o desenvolvimento do setor privado, com atração de investimentos estrangeiros; a transformação da a Arábia Saudita em um hub global de alimentos halal, aproveitando sua posição de liderança no mundo islâmico; o aumento da produção local de bens e serviços, reduzindo a necessidade de importações; a geração de empregos qualificados e promover a sustentabilidade econômica, além de fortalecer o papel do Public Investment Fund (PIF) como motor de crescimento e parceiro estratégico de empresas globais, como é o caso da joint venture com a BRF. Segundo o próprio governo saudita, o objetivo é que, até 2030, a participação do setor privado no PIB suba de 40% para 65%.
O que é nova fábrica da BRF
No caso das proteínas, o desenvolvimento de um ecossistema robusto de produção halal é uma das metas centrais, visando posicionar o país como referência mundial neste segmento, estimado em mais de US$ 2 trilhões globalmente. A nova fábrica da BRF, que deve entrar em operação a partir de 2026, terá foco inicial no abastecimento do mercado saudita, mas com potencial de exportação para países vizinhos. O projeto já nasce com estrutura para expansão futura, podendo dobrar sua capacidade produtiva. A expectativa é de que a planta gere mais de 500 empregos diretos e utilize, em um primeiro momento, matérias-primas importadas do Brasil, onde a BRF mantém uma rede de aproximadamente 9 mil produtores integrados.
Esse movimento integra a estratégia da companhia de ampliar sua presença no mercado halal, segmento no qual já atua há mais de 50 anos no Oriente Médio, sendo líder com a marca Sadia. Além das exportações para mais de 14 países da região, a BRF já opera uma unidade fabril em Dammam e conta com uma estrutura própria de distribuição no território saudita.
Recentemente, a empresa também adquiriu 26% da Addoha Poultry Company, marcando sua entrada direta na produção local de frango halal. Segundo Igor Marti, vice-presidente da BRF responsável pelo mercado halal, essas iniciativas reforçam a competitividade da companhia e ampliam a oferta de produtos processados e de maior valor agregado, atendendo à demanda crescente dos consumidores da região. A escolha por Jeddah, segunda maior cidade da Arábia Saudita, não foi por acaso. Sua localização facilita o acesso a mercados consumidores e parceiros comerciais.
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