Elizabeth Pisani, uma Brasileira do Campo Apaixonada Pelo Agro do Paraguai

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O departamento de Alto Paraná, no Paraguai, é uma vasta região de fronteira com o Brasil – onde está Ciudad del Este –, área de forte vocação agrícola para os cultivos de soja, milho, arroz, sorgo e para a criação de gado. O Chaco, mais ao norte e no sentido oposto ao território brasileiro, também entra na conta da produção rur

al. A região, que corresponde a quase dois terços da superfície total do Paraguai – país que é somente um pouco maior que o Mato Grosso do Sul –, nas últimas décadas vem ganhando importância para o cultivo e mostrando potencial de uma pecuária moderna e mais tecnificada.

A produção no campo desencadeia um ciclo de negócios, passando pela agroindústria e a exportação. Na soja, o país já é o terceiro maior exportador mundial, com estimativa de embarcar cerca de 10 milhões de toneladas em 2024. Na carne bovina, as vendas externas devem ficar acima de 320 mil toneladas.

Segundo o Serviço Nacional de Saúde Animal e Qualidade (Senacsa), até o fim de novembro, somente essa proteína representava o ingresso de US$ 1,6 bilhão (R$ 9,7 bilhões na cotação do início de dezembro), volume recorde de venda desde 2016.

“O Paraguai é um paraíso”, diz a produtora rural brasileira Elizabeth Von der Osten Pisani, 70 anos, e que há sete anos divide seus dias entre a fazenda localizada em Itakyry e Curitiba (PR), “só por causa dos netos, senão estaria na fazenda”. Antes disso, sua residência fixa por 15 anos foi o Paraguai. Criada em 1979, a Agricola Ganadera San Marcos tem duas propriedades, a de Itakyry, que fica a cerca de 120 quilômetros de Ciudad del Este, e a outra na região do Chaco.

Na San Marcos, Elizabeth cultiva soja e milho, operações nas mãos do marido de Elizabeth, e toda a operação com gado está com ela. São 4.700 matrizes no Alto Paraná e 2.500 no Chaco. A base do gado é da raça nelore, mas ela faz cruzamento industrial com angus e abate, por ano, utilizando a terminação dos animais em confinamento, cerca de 8 mil bovinos, entre próprios e de terceiros.

“A gente compra e vende em dólar, os negócios são regidos pelo mercado internacional, não há grandes oscilações e assim podemos planejar melhor. E o agro é muito respeitado no país”, afirma.

O presidente do Paraguai, Santiago Peña, esteve no Brasil no final de 2024 para uma série de encontros de empresários do agro, um deles na capital paulista. Peña falou sobre seus planos e o que vem fazendo para o setor. “Decidimos começar a falar do Paraguai, contar nossa história, nosso presente e nosso futuro”, disse. “O poder do meu país está na produção de alimentos e na capacidade de exportar. Precisamos unir forças entre setor público e privado para liderar o processo global de segurança alimentar.”

Além da soja, o Paraguai está entre os maiores exportadores globais de milho e arroz. No caso da carne, no ano passado, o país exportou para 52 países, com destaque para o Chile, mas com uma novidade: depois de 25 anos, os EUA abriram o mercado ao país. O início dos embarques se deu com 10 mil toneladas.

O movimento de vendas foi liderado por empresas frigoríficas brasileiras, como a Minerva Foods, que nasceu em Barretos (SP) e que hoje é a maior exportadora de carne bovina da América do Sul, com quatro unidades de abate e capacidade diária para 8 mil bovinos.

Mas não são somente eles. Há cooperativas brasileiras que atuam no país, como a Lar Agroindustrial, de Medianeira (PR), que se tornou referência. A Lar tem 23 unidades de recepção de grãos, cerca de 1.600 produtores atendidos em quase 700 mil hectares.

“Nosso objetivo é atrair mais empresas brasileiras e internacionais que queiram utilizar o Paraguai como plataforma de exportação para a América Latina e além”, afirma. Um dos atrativos é que o país tem incentivos industriais, como o regime de “maquila”, que permite a importação de insumos sem impostos, a produção local e a exportação com uma taxa de apenas 1% sobre o faturamento.

É por causa dos incentivos que Elizabeth diz investir na melhoria do seu gado, em busca de mais produtividade, ou seja, mais quilos de carne por hectare. Por exemplo, a inseminação artificial ela utiliza há 20 anos. “Mas, quando comecei a usar a IATF, meus vizinhos diziam que eu era louca”, afirma. “Nesta safra, fizemos 4.500 IATF em um único mês.”

A inseminação artificial em tempo fixo, ou seja, todas as vacas emprenhadas em um espaço de tempo, leva a uma gestão melhor do rebanho. E mais: o sêmen pode ser de touros superiores. É o que ocorre na San Marcos.

“O próximo projeto é ser 100% IATF”, diz ela. Elizabeth, que é artista plástica e que já foi por sete anos diretora de um orfanato em Curitiba, diz que faz escolhas todos os dias na gestão das propriedades; entre elas, está a de não parar de trabalhar. “No Paraguai, estou em casa.”

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