Guerra de Tarifas: Perdas de Us$ 5,5 Bi da Nvidia Derrubam Mercados

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A guerra tecnológica entre Estados Unidos e China fez outra vítima. A Nvidia (NVDA), terceira maior empresa americana em valor de mercado, anunciou nesta quarta-feira (16) que terá de reconhecer perdas de US$ 5,5 bilhões (R$ 32,17 bilhões) após o governo dos Estados Unidos bloquear a exportação de seus chips de Inteligência Artificial (IA) H20 para a China. A justificativa são riscos à segurança nacional associados ao uso dessa tecnologia.

Os investidores não gostaram. As ações da Nvidia caíram 6% na abertura dos mercados na quarta-feira e recuaram ainda mais durante o dia, acumulando queda de 8% à tarde. As ações da AMD e de outras fabricantes de chips também acompanharam a tendência de baixa. O índice Nasdaq como um todo caiu mais de 3%, à medida que Wall Street reavaliava as possíveis consequências de um impasse tecnológico e seu impactos sobre a indústria da IA e sobre toda a cadeia de semicondutores.

O chip H20 havia sido desenvolvido pela Nvidia para seguir as restrições impostas durante o governo de Joseph Biden e havia se tornado um produto-chave da empresa para atender o mercado chinês. A decisão repentina da administração Trump, após meses de indefinição política e negociações nos bastidores, representa mais uma guinada na política comercial e escancara o jogo de alto risco que está sendo travado entre o Vale do Silício, Washington e Pequim.

Em 9 de abril, Jensen Huang, CEO da Nvidia, havia participado de um jantar em Mar-a-Lago com o presidente Donald Trump, pagando US$ 1 milhão (R$ 5,85 milhões) por pessoa. Os lucros do evento foram destinados à MAGA Inc., um comitê de ação política alinhado a Trump, que pode arrecadar fundos ilimitados.

No cardápio estava a exportação de tecnologias de IA. Porém, cinco dias depois, na segunda-feira (14), o governo dos EUA informou à Nvidia que ela precisaria de uma licença para exportar os chips H20 para fora do país. Em 16 de abril, a Nvidia anunciou as perdas de US$ 5,5 bilhões e o mercado reagiu negativamente.

A queda da Nvidia não foi a única. A holandesa ASML divulgou vendas de € 7,7 bilhões (R$ 45,05 bilhões) no primeiro trimestre, ligeiramente abaixo das previsões, e alertou para “maior incerteza” na venda de semicondutores devido às tensões comerciais.

A ASML fabrica as máquinas que produzem os chips, o que lhe dá enorme influência sobre o fornecimento global. A empresa advertiu que novas tarifas e restrições tecnológicas podem afetar suas projeções de resultados para 2025 e 2026.

Em nota divulgada na quarta-feira, analistas do Jefferies (JEF) disseram que o bloqueio ao H20 era esperado — mas o tamanho da baixa contábil da Nvidia, não. Isso indica uma demanda excepcional por parte dos compradores chineses, que, segundo relatos, já teriam feito pedidos no valor de US$ 16 bilhões (R$ 93,6 bilhões) apenas neste ano.

Ainda assim, o Jefferies avalia que a China provavelmente já estocou chips suficientes para continuar o treinamento de IA e deverá depender cada vez mais de chips nacionais.

O mercado pode já ter precificado parte da dor, mas ainda não viu o golpe final. O índice Dow Jones caiu 679 pontos, ou 1,7%. O S&P 500 caiu 2,5%, enquanto o Nasdaq Composite recuou 3,5%.

Outras fabricantes de chips seguiram o mesmo caminho da Nvidia, com o ETF VanEck Semiconductor (SMH) recuando mais de 4%. A AMD caiu mais de 7%, enquanto a Micron Technology teve queda de quase 2%. Somando-se ao desempenho fraco do setor, a ASML divulgou um relatório de lucros decepcionante, e suas ações listadas nos EUA caíram mais de 5%.

“O S&P 500 hoje é muito mais orientado pelo setor de tecnologia do que era no passado”, afirmou Zachary Hill, chefe de gestão de portfólio da Horizon Investments. “Isso tem um impacto desproporcional, tanto para o bem quanto para o mal, como já vimos. Aconteceu na semana passada, e agora estamos vendo uma reversão.”

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