Dormir mal deixou de ser um problema isolado para se tornar uma questão de saúde pública no Brasil. Estima-se que cerca de 72 milhões de brasileiros enfrentam algum tipo de distúrbio do sono, de acordo com dados recentes. A insônia, em suas diferentes formas — leve, moderada ou grave — pode causar impacto direto na qualidade de vida e está associada a uma série de problemas físicos e emocionais.
Demorar para adormecer, acordar diversas vezes durante a noite ou simplesmente perder o sono e não conseguir retomá-lo são sintomas comuns. No dia seguinte, o cansaço não se resume apenas à sonolência: há também aumento da irritabilidade, dificuldade de concentração, lapsos de memória e maior vulnerabilidade à ansiedade.

Mas os efeitos vão além do cotidiano. A American Heart Association, em publicação recente, alertou que noites mal dormidas estão entre os fatores de risco para doenças cardiovasculares. O problema afeta inclusive adolescentes, que podem desenvolver pressão alta como consequência da privação de sono. Distúrbios do sono também estão associados ao agravamento de quadros de diabetes, alterações de humor e ganho de peso.
Diante da frequência e dos impactos do problema, cresce o interesse por abordagens alternativas às medicações tradicionais, que muitas vezes trazem efeitos colaterais. Uma dessas alternativas é o uso de canabinoides — compostos derivados da planta Cannabis sativa — como parte do tratamento dos distúrbios do sono.
Canabinoides no tratamento da insônia
Uma revisão crítica publicada em 2022 no Chest Journal, conduzida pela pesquisadora Isobel Lavender e outros especialistas, analisou evidências sobre o uso terapêutico de canabinoides para distúrbios do sono. O estudo aponta que o sistema endocanabinoide — presente em todos os organismos vivos — exerce papel importante na regulação do ciclo sono-vigília e pode ser modulado por substâncias como o THC (tetrahidrocanabinol), o CBD (canabidiol) e o CBN (canabinol).
Esses compostos atuam em receptores específicos do organismo, podendo contribuir para a redução da ansiedade, relaxamento muscular e indução ao sono reparador. O THC, por exemplo, é apontado por melhorar a fragmentação do sono, enquanto formulações com canabinoides raros ajudam a tratar diretamente as causas da insônia.

Outro aspecto estudado é o chamado “efeito entourage”, que ocorre quando os canabinoides são combinados aos óleos essenciais da planta — os terpenos —, potencializando o efeito terapêutico. Cada componente atua em diferentes alvos, promovendo relaxamento e redução do estado de alerta, o que favorece a indução e manutenção do sono.
Qualidade e rastreabilidade
No Brasil, a empresa farmacêutica HealthMeds atua na produção de fitofármacos canabinoides com grau farmacêutico, com formulações desenvolvidas nos Estados Unidos e importadas conforme a regulamentação da Anvisa (RDC 660/2022). Os produtos da marca possuem certificado de análise (CoA) por lote, garantindo a pureza, segurança e dose adequada de cada insumo farmacêutico ativo (IFA), que passa por controle desde a plantação até a formulação final.
Vale lembrar que o uso de canabinoides para fins terapêuticos exige prescrição médica e acompanhamento profissional. A automedicação, mesmo com substâncias naturais, não é recomendada.
Entenda os principais termos:
- Canabinoides: compostos com propriedades terapêuticas derivados da cannabis medicinal.
- THC (tetrahidrocanabinol): principal substância psicoativa da planta.
- CBN (canabinol): canabinoide com potencial indutor do sono.
- Terpenos: compostos aromáticos presentes em vegetais, que contribuem com o efeito terapêutico.
- Sistema endocanabinoide: rede de receptores que regulam funções como sono, humor, memória e imunidade.
- Homeostase: capacidade do corpo de manter o equilíbrio interno frente a estímulos externos.