Guerra tarifária entre EUA e China: nova fase com aumentos de impostos

Por Felipe Bernardi Capistrano Diniz.

Em 2024, a guerra tarifária entre Estados Unidos e China entrou em uma nova fase, marcada pela reintrodução e ampliação de tarifas sobre produtos estratégicos. O governo dos EUA, sob pressão política interna e às vésperas das eleições, anunciou aumentos expressivos nos impostos de importação sobre veículos elétricos chineses — que passaram de 25% para 100% —, além de elevar as tarifas sobre baterias de lítio, semicondutores e painéis solares para até 50%, dependendo do item.

A justificativa americana é conter o avanço da indústria chinesa em setores considerados fundamentais para o futuro tecnológico e sustentável. Washington acusa Pequim de subsidiar fortemente suas empresas, gerando concorrência desleal e provocando distorções no comércio internacional. A resposta da China veio rapidamente: o governo chinês impôs tarifas de até 25% sobre produtos agrícolas dos EUA, como soja, milho e carne suína, e sinalizou novas taxas sobre aviões, carros e componentes industriais.

Essas medidas reacendem uma disputa iniciada em 2018 durante o governo Trump, mas agora com foco renovado em tecnologias verdes e alta performance. A China, que se tornou líder global em veículos elétricos e energias renováveis, vê os novos impostos como uma tentativa direta de limitar sua influência nesses setores. Já os Estados Unidos afirmam que estão defendendo empregos e indústrias nacionais que correm risco diante da expansão agressiva das empresas chinesas.

O impacto imediato tem sido sentido em diversas frentes. Montadoras chinesas como BYD e NIO, que planejavam expandir vendas nos EUA, recuaram diante das tarifas de 100%. Ao mesmo tempo, agricultores americanos temem perder mercado para concorrentes de países como Brasil e Argentina, já que as tarifas chinesas tornam seus produtos menos competitivos. O resultado é um clima de incerteza para empresas globais e para os consumidores, que já veem aumento de preços em produtos eletrônicos e veículos sustentáveis.

Apesar do tom elevado entre os dois governos, especialistas alertam que a interdependência entre as economias de China e Estados Unidos dificulta um rompimento total. Os dois países são os maiores parceiros comerciais um do outro em diversas categorias, e um conflito prolongado pode desacelerar ainda mais a economia mundial, que já enfrenta desafios com inflação, transição energética e tensões geopolíticas.

A guerra tarifária também tem gerado debates internos nos EUA. Enquanto setores industriais e sindicatos apoiam a proteção contra concorrência estrangeira, empresas de tecnologia, startups e ambientalistas criticam as medidas por frearem a inovação e a transição ecológica. A taxação de painéis solares e baterias, por exemplo, vai na contramão das metas de energia limpa estabelecidas pelo próprio governo Biden.

No fim das contas, a nova fase da guerra tarifária entre Estados Unidos e China vai além de simples medidas econômicas: ela reflete uma disputa estratégica por liderança global em tecnologia, energia e influência geopolítica. O desfecho dependerá não apenas de acordos comerciais, mas de como cada país enxerga seu papel no cenário mundial das próximas décadas.

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