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O dividend yield (DY ou, em português, rendimento com dividendos) é um indicador que mostra o quanto o investidor ganhou com os proventos pagos por uma empresa. Expresso em porcentagem, o valor é obtido pela divisão entre o total dos proventos pagos ao longo de 12 meses pelo preço das ações no momento do cálculo.
Apesar dos solavancos do mercado brasileiro, algumas empresas renderam bons retornos aos seus acionistas.
Um levantamento feito pela plataforma de informações para o mercado financeiro Quantum Finance listou as empresas que pagaram os maiores proventos entre abril de 2024 e março de 2025. Os percentuais chegam a quase 60%. Para a pesquisa, a Quantum considerou companhias que têm liquidez mínima diária na bolsa de valores.
Abaixo, listamos as cinco melhores pagadoras e as razões por trás dessas performances.
1. Syn Prop & Tech (SYNE3)
Dividend Yield: 59,43%.
A Syn é uma incorporadora com foco em imóveis comerciais, como shoppings ou edifícios corporativos de alto padrão, a maioria alocada em São Paulo, Rio de Janeiro e Goiás. Em maio, a empresa divulgará o resultado do 1º Trimestre de 2025. No exercício anterior, sua receita líquida foi de R$ 67,6 milhões, enquanto o lucro líquido foi de R$ 59,9 milhões.
Em junho de 2024, a venda do seu fundo imobiliário XP Malls, por R$ 1,85 bilhão, fez com que a empresa tivesse um impacto no caixa de R$ 1,23 bilhão, sendo R$ 1 bilhão distribuído entre seus acionistas, algo em torno de R$ 440 milhões em setembro e R$ 560 milhões em dezembro.
Por atuar no ramo imobiliário, a empresa ao realizar uma grande venda já tem a capacidade de dar um retorno considerável. No entanto, o investidor precisa ter em mente que não é algo regular. “Caso não existam vendas e novidades no portfólio, o dividend yield não deve permanecer no mesmo patamar”, explica João Daronco, analista da Suno Research.
2. Allied (ALLD3)
Dividend Yield: 34,27%
Uma das maiores distribuidoras de produtos eletrônicos do país e detentora da maior rede de lojas da Samsung na América Latina, a Allied vem pagando bons dividendos desde 2024. No quarto trimestre de 2024 ela teve receita líquida de R$ 1,39 bilhão. No ano, o total foi de R$ 5,52 bilhões, já o lucro líquido avançou cerca de 2% ante 2023, chegando a R$ 128,9 milhões. De acordo com relatório publicado pela empresa, em 2024, foram R$ 190 milhões de juros sobre capital próprio (JCP), resultando em um dividend yield de 30,7%. A previsão para este ano é de R$ 122 milhões.
3. EMBPAR (EPAR3)
Dividend Yield: 23,99%
A EMBPAR é uma empresa de investimentos que foca em logística e no setor florestal. No ano passado, seus proventos foram de 22,94%, enquanto suas ações recuaram mais de 43%. Isso porque a empresa foi multada pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM), pela falta de transparência na redução de capital de R$ 11,3 milhões, impactando negativamente na cotação dos seus papéis.
O cenário favoreceu os acionistas, que embolsaram R$ 18 milhões. A cifra se destaca diante do valor de mercado da empresa, que era de pouco mais de R$ 80 milhões.
4. Petrobras (PETR4)
Dividend Yield: 21,23%
A petroleira tende a não manter o mesmo desempenho em meio ao cenário projetado. A guerra comercial protagonizada pelos Estados Unidos tem afetado significativamente o valor do barril tipo Brent, que na quarta-feira (9), chegou a ficar abaixo dos US$ 60 (R$ 349,80). Além disso, na divulgação do seu último trimestre, a Petrobras anunciou que pretende ampliar seus níveis de produção, o que demanda mais investimento e menos dinheiro livre em caixa para o pagamento dos acionistas.
“Para os próximos 12 meses, acredito que o retorno deva ser entre 12% e 14%. É uma queda substancial”, destaca Daronco. Já na visão de Ruy Hungria, analista da Empiricus Research, a tendência é que o volume de produção da petroleira aumente neste e no próximo ano, com os novos sistemas de produção em operação. Segundo ele, isso deve fazer com que a Petrobras recupere o volume de produção, mantendo-a como uma boa pagadora de dividendos.
5. Ânima (ANIM3)
Dividend Yield: 20,47%
A Ânima atua no setor de educação, detentora de diversas faculdades privadas, como Anhembi Morumbi e São Judas. Em 2024, seu lucro líquido foi de R$ 2.557,7 milhões, enquanto a receita líquida foi de R$ 3.801,40 milhões, sendo R$ 895,4 milhões apenas no último trimestre do ano. De acordo com a empresa, em 2024, ela pagou R$ 246,8 milhões em dividendos aos seus acionistas, que não recebiam dividendos há pelo menos cinco anos. Parte disso pode ser atribuído ao fato de que os papéis da Ânima recuaram cerca de 60% em 2024.
A empresa vem se recuperando do prejuízo registrado por conta da pandemia. Foram 11 trimestres seguidos de ganhos de ganhos de margem até o terceiro trimestre de 2024.
As razões para os bons proventos
Para Daronco, parte das empresas listadas no ranking superou as expectativas de dividendos. Isso porque elas possuem um desempenho mais sólido e suas distribuições são bastante sustentáveis. Outro fator ao qual ele atribui o pagamento de dividendos é ao valor por ação. “O dividend yield distribui de acordo com o valor pago. Por isso, se o valor por ação cai, naturalmente ele aumenta, desde que o resultado da empresa não caia”, explica o analista da Suno.
O analisa afirma ser difícil precisar quais companhias continuarão sendo boas pagadoras, já que os altos proventos são frutos de eventos não recorrentes, tanto dentro quanto fora das companhias. No entanto, o analista da Suno acredita que com o aumento do custo médio da dívida, o caixa gerado possivelmente será destinado para o pagamento de juros, o que deve reduzir o dividend yield dessas companhias.
Veja a lista completa a seguir.
Ranking | Nome | Dividend Yield nos últimos 12 meses |
1 | SYN PROP TECON NM – SYNE3 | 59,43% |
2 | ALLIED ON NM – ALLD3 | 34,27% |
3 | EMBPAR S.A. ON – EPAR3 | 23,99% |
4 | PETROBRAS PN – PETR4 | 21,23% |
5 | ANIMA ON NM – ANIM3 | 20,47% |
6 | SAO CARLOS ON NM – SCAR3 | 19,41% |
7 | PETROBRAS ON – PETR3 | 19,29% |
8 | PETRORECSA ON NM – RECV3 | 16,66% |
9 | KEPLER WEBER ON – KEPL3 | 16,46% |
10 | MARFRIG ON NM – MRFG3 | 16,20% |
Fonte: Quantum Finance
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