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O peso argentino recuou 17% nesta segunda-feira (14), enquanto os títulos avançavam, depois que o país fechou um programa de empréstimo de US$ 20 bilhões (R$ 116,6 bilhões) com o Fundo Monetário Internacional (FMI) e desfez grande parte de seus controles cambiais e de capital na sexta-feira (11).
A queda do peso, em linha com as previsões de operadores, ocorreu depois que o banco central argentino desfez seu chamado “crawling peg” e mudou para uma faixa de negociação muito mais ampla, de 1 mil a 1,4 mil pesos por dólar, permitindo que a moeda flutue livremente dentro dessa faixa.
Na sexta, a divisa argentina havia fechado em 1.074 pesos por dólar, embora as taxas paralelas, estivessem próximas de 1.350 pesos por dólar. Essas tarifas são frequentemente usadas por argentinos e empresas locais para acessar dólares devido aos rígidos controles de capital em vigor desde 2019,
Os títulos internacionais do país, por sua vez, se recuperavam, com alguns vencimentos ganhando mais de US$ 0,04 (R$ 0,23), de acordo com dados da MarketAxess.
Saída para crise?
O apoio do FMI é visto como um estímulo à confiança geral e a remoção dos controles pode ajudar a estimular o investimento. “Esperamos uma reação positiva do mercado aos anúncios feitos na sexta-feira”, disse o Goldman Sachs em nota publicada no domingo, acrescentando que a nova taxa de câmbio flutuante “superou nossas expectativas”. “Isso pode contribuir positivamente para a sustentabilidade de médio prazo do programa de ajuste macroeconômico que está sendo implementado na Argentina“, acrescentou.
O acordo com o FMI liberará um montante inicial de US$ 12 bilhões (R$ 69,9 bilhões), com mais US$ 3 bilhões (R$ 17,4 bilhões) a serem liberados no final do ano. A Argentina também anunciou grandes acordos de empréstimo com outros credores e bancos multinacionais, que devem ajudar a reforçar suas reservas de moeda estrangeira esgotadas.
O país está saindo de uma grande crise econômica sob o comando do presidente Javier Milei, que assumiu o cargo no final de 2023 e conseguiu estabilizar a economia com uma política de austeridade e disciplina fiscal. O acordo com o FMI inclui metas e premissas básicas que farão com que o país continue se comprometendo com um “déficit zero” e acumulando reservas neste ano. Novos investimentos em áreas como energia e exportação de grãos serão fundamentais para isso.
O JP Morgan disse que a queda do peso pode ser atenuada pela demanda dos exportadores de grãos por pesos, já que eles procuram liquidar sua renda em moeda estrangeira a uma taxa de câmbio mais atraente. “Em nossa opinião, o câmbio oficial provavelmente se estabilizará abaixo do nível do câmbio paralelo a partir da próxima sexta-feira (18), com a recuperação da oferta de câmbio relacionada à agricultura. A diferença cambial provavelmente diminuirá para 5%”, disse o banco. “Os avanços na política representam um progresso significativo, permitindo que o país desbloqueie um potencial que foi sufocado por décadas devido à má formulação de políticas”, concluiu.
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