Figuras políticas de volta à cena em Florianópolis

Três nomes que marcaram presença na política de Florianópolis estão pleiteando o retorno na próxima eleição municipal. Dário Berger, ex-prefeito com dois mandatos, o ex-sindicalista e deputado Vânio dos Santos e o ex-vereador Juarez Silveira articulam com os respectivos partidos e coligações a volta ao Executivo (caso de Berger) e ao Legislativo (Santos e Silveira).

Aqui, eles explicam por que tomaram essa iniciativa e o que pretendem, mesmo sendo ainda pré-candidatos, fazer pela cidade, caso sejam eleitos.

Juarez Silveira pretende voltar para “ajudar as pessoas”

O anseio de construir um projeto para a cidade e deixar um legado para as gerações futuras está movendo o ex-vereador Juarez Silveira a pleitear uma vaga na próxima legislatura na Câmara de Florianópolis.

Juarez Silveira pretende concorrer a uma vaga no Legislativo de Florianópolis pelo PSD – Foto: Divulgação/ND

Pré-candidato, ele deve ser oficializado como um dos nomes do PSD (Partido Social Democrático) nos próximos dias e começar a campanha desfraldando bandeiras que já eram objeto de suas preocupações nas cinco vezes em que foi vereador, a partir de 1989.

Administrador de empresas, Silveira foi eleito em todas as campanhas de que participou e atribui o sucesso nas urnas ao fato de “fazer política para ajudar as pessoas”.

Filho de motorista de parlamentares, a política era assunto corrente em sua casa, desde cedo. Depois, fez parte de um grupo de jovens com ambição política que reunia, além dele, nomes conhecidos como Paulinho Bornhausen e dois filhos de Amaury Silva, tradicional empresário do ramo de revenda de veículos na cidade.

A legenda era o PFL (Partido da Frente Liberal) e o respaldo ao projeto foi do ex-governador Vilson Kleinübing. “Não tive cargos na prefeitura e nunca indiquei ninguém”, diz o ex-vereador.

Passou pelos governos de Esperidião Amin, Sérgio Grando, Angela Amin (oito anos) e Dario Berger. Independente de partidos, garante ter colaborado com todos os prefeitos – incluindo Grando, da Frente Popular, que contou com o apoio da Câmara Municipal para implantar o projeto de ônibus nos morros da Ilha.

Juarez Silveira também se orgulha de ter ajudado a viabilizar o Sapiens Parque, no Norte da Ilha, apoiado os projetos dos elevados que desafogaram o tráfego urbano, defendido a implantação de hospitais e maternidades, atendido a pleitos de pescadores de várias regiões da cidade e de usuários do sistema de transporte coletivo.

Para ele, tudo deve ser feito pensando no bem-estar da população. Por isso, defende “projetos de governos, não de pessoas”.

O nome de Juarez Silveira esteve muito em voga durante a Operação Moeda Verde, quando foi acusado, junto com outros servidores municipais e empresários, de fazer parte de um esquema de corrupção para invasões e ocupações de áreas públicas em Florianópolis.

Procuradores do MPF (Ministério Público Federal) alegavam que o grupo praticou crimes contra o meio ambiente, o patrimônio e a administração pública.

Preso em 2007 e posteriormente inocentado da condenação por prescrição de pena, em 2020, Juarez Silveira se diz injustiçado e vítima de “pura maldade” por parte de pessoas que disputavam posições e cargos políticos em Florianópolis. “A Moeda Verde foi um mal para a cidade e para as pessoas”, sentencia.

Ele diz que fitas foram editadas e que as obras então questionadas ajudaram a estabilizar o mercado imobiliário local e melhoraram a infraestrutura de saúde. “Estou em paz”, afirma, quando questionado sobre os desdobramentos da operação.

Dário quer um projeto de cidade para Florianópolis

De administração municipal, Dário Berger entende. Depois de dois mandatos em São José (1997-2004) e mais dois em Florianópolis (2005-2012), ele é outra vez pré-candidato ao cargo mais importante da capital catarinense pelo PSDB (Partido da Social Democracia Brasileira).

Dário Berger se filiou ao PSDB para buscar um quinto mandato no cargo de prefeito – Foto: Leo Munhoz/ND

A definição dos nomes de todas as frentes e coligações pode esperar até o dia 8 de agosto, nas convenções partidárias, mas o ex-prefeito pleiteia a indicação por uma chapa que terá a presença do PDT (Partido Democrático Trabalhista) e diz que pretende voltar porque a cidade vê os problemas se avolumando na saúde e na mobilidade urbana, por exemplo, e espera soluções do poder público.

Nos últimos oito anos (2015-2023), Berger foi senador da República, mas afirma que se sente melhor em cargos do Executivo. Sua presença na disputa visa a “aprimorar o processo eleitoral e promover uma ampla discussão” sobre os desafios de Florianópolis. “A política é a arte do bem comum e das transformações sociais, e está mais presente na vida cotidiana do que muitos pensam”, ensina.

Mesmo com os “tempos sombrios” de hoje, marcados por uma polarização que afasta as pessoas e famílias umas das outras, o ex-prefeito quer interferir nos rumos da cidade, como fez nas gestões anteriores. “Devemos pensar que tipo de cidade vamos construir”, diz ele.

“Precisamos de um pacto com a sociedade, que cresce desordenadamente, num cenário cujas ilegalidades ninguém tem coragem de enfrentar. Os governos deveriam se preocupar menos com a política e mais com os hospitais, onde, em pleno século 21, as pessoas esperam muitas horas na fila por atendimento”.

Com os problemas da mobilidade e a cidade tomada por moradores de rua, o pré-candidato acredita que as soluções passam pelo diálogo, pela transparência e pela participação popular nas decisões.

Ele cita algumas das obras e projetos que mudaram a cara da cidade em suas gestões, como as três UPAs (Unidades de Pronto Atendimento) e as quatro policlínicas que construiu, as 1.500 ruas que pavimentou e os elevados – no terminal Rita Maria, trevo da Seta, Capoeiras e Itacorubi – que deram outra dinâmica ao tráfego na Capital.

“Construí mais salas de aula do que todos os prefeitos que me antecederam e dobrei o número de creches em tempo integral”, afirma, dizendo que todo chefe do Executivo precisa “ter um plano de metas e noção de que deve começar e terminar as obras, se cercar de uma boa equipe de trabalho, ter caráter ilibado, boa experiência e honestidade de princípios e propósitos”.

Sobre o cenário brasileiro atual, Dário Berger condena a criminalização da política, que reduziu o interesse das camadas mais jovens por temas importantes para o país e impediu o surgimento de novas lideranças. “Criminalizar a política é criminalizar o futuro”, ressalta.

Do sindicalismo à defesa de direitos no Legislativo

Pré-candidato a uma vaga na Câmara de Vereadores de Florianópolis, o ex-deputado Vânio dos Santos traz como respaldo em sua carreira política a defesa dos direitos sociais e dos trabalhadores – algo que pretende, se indicado e eleito, repetir no legislativo municipal.

Vânio dos Santos quer concorrer ao cargo de vereador na capital catarinense este ano – Foto: Divulgação

O processo de construção das candidaturas está em curso na frente que une PT, PCdoB e PV, mas ele tem mais de 40 anos de atuação como sindicalista e parlamentar e conhece as dificuldades que os moradores da Capital enfrentam e as muitas demandas em áreas como a saúde, o saneamento e o transporte coletivo.

Nascido em Gravatal, no Sul do Estado, em 1961, e formado em direito, Vânio já participou de nove eleições, incluindo a do ano 2000 a prefeito de Florianópolis. Na época, já trazia a larga experiência como líder sindical, por conta do trabalho junto aos bancários da cidade e do Estado. Aposentado como funcionário da Caixa Econômica Federal, lutou por prerrogativas que a categoria não tinha, ajudando na conquista da jornada de seis horas e do direito à sindicalização.

Depois da atuação sindical, ele se filiou ao Partido dos Trabalhadores e concorreu à Câmara dos Deputados, ficando como suplente e assumindo o mandato em parte das legislaturas de 1995 e 1999. Como deputado estadual, fez parte da 15ª legislatura (2003-2007) e da 16ª legislatura (2007-2011).

Entre 2011 e 2015, foi chefe de gabinete da presidência da Caixa. Em novembro de 2015, assumiu a Superintendência Regional do Trabalho e Emprego de Santa Catarina. Em 2018, foi candidato a primeiro suplente do senador Lédio Rosa pela legenda petista, que fez 327.226 votos, mas acabou não sendo eleita. Entre as lutas extra-sindicais, cita a defesa das Diretas Já, em 1984, e a campanha de Luiz Inácio Lula da Silva contra Fernando Collor, em 1989.

Para o ex-deputado, Florianópolis precisa ser tratada mais do que como uma cidade privilegiada pela natureza. “Há problemas sérios na saúde que impactam o atendimento à população, faltam formação para muitos jovens e um transporte coletivo que faça as pessoas chegarem rápido ao seu destino”, afirma.

Ainda como pré-candidato, Vânio dos Santos considera que a transparência no mandato e a prestação de contas à sociedade são mandamentos essenciais para um legislador. Atualmente, com maioria absoluta na Câmara de Vereadores, o Executivo não é ameaçado por uma fiscalização efetiva.

Ele cita o caso do Conselho Municipal da Saúde, que foi contra a transformação de uma UPA em OS (organização social), mas “o prefeito não respeitou essa deliberação”.

“A Câmara é um espaço para fazer ecoar a boa política e precisa interagir mais com a população”, afirma Vânio. Ele acredita que mesmo em nível local é possível obter avanços em questões sociais. Além disso, é dever dos legisladores criar condições para que o município ofereça serviços públicos de qualidade.

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