Jovem: Papa nos impulsiona, basta nos abrirmos para escutá-lo

Neste Dia do Jovem, 13, seminarista, religiosa e estudante contam como Francisco impacta a juventude; padre destaca proximidade do Santo Padre

Julia Beck
Da redação

Papa em evento com jovens na Bélgica, em setembro de 2024/ Foto: ABACA via Reuters

“Não tenham medo”. “Ide contracorrente”. “Mexam-se, porque se um jovem não se mexe, enferruja”. “Confiem tudo a Jesus, arrisquem-se”. “Não desistam”. Nestes 12 anos de pontificado, essas são algumas das muitas exortações feitas pelo Papa Francisco a um grupo celebrado nacionalmente neste domingo, 13: os jovens.

Irmã Elizane de Oliveira /Foto: Arquivo Pessoal

A partir de mensagens, frases, reflexões e documentos, o Santo Padre impactou a vida de muitos jovens, entre eles, Elizane de Oliveira Ventura (32 anos), Raylson Araújo (33 anos) e Lucas Ventura de Bem (25 anos).

Elizane é religiosa e conta que a primeira virtude do Papa que ela percebeu foi a humildade. Ao assistir a um documentário sobre a vida do então Cardeal Jorge Bergoglio, antes do papado, ela tomou ciência da ajuda frequente aos pobres e da dedicação sacerdotal do atual Papa. A exortação apostólica Gaudete et Exsultate, de autoria de Francisco, também marcou a jovem. “O que mais me chamou atenção foi uma frase do parágrafo 9: a santidade é o rosto mais belo da Igreja”.

Estudante, servo de grupo de oração (RCC) e catequista, Raylson se lembra exatamente do dia em que o Cardeal Jorge Mario Bergoglio foi eleito Papa e fez sua primeira aparição pública. Apaixonado por futebol, o jovem revela que, quando soube que o novo Pontífice era argentino (maior rivalidade do Brasil no esporte) pensou: “Poxa logo um argentino”. Mas o primeiro gesto de Francisco, de se inclinar e pedir aos fiéis que rezassem por ele, sobrepôs o sentimento inicial. “Um gesto que mostrava muito o que seria o pontificado deste Papa, e que continua até hoje”.

Seminarista engajado em diversos trabalhos pastorais, Lucas também não se esquece desse momento. “Logo achei aquilo incrível, era diferente do que tinha visto em vídeos e fotos dos outros papas, achei muito autêntico”, revela. O jovem lembra da Jornada Mundial da Juventude (JMJ) no Rio de Janeiro. Mesmo sem ter ido, ele conta que acompanhou pela TV e pela internet cada passo e fala do Papa. Segundo Lucas, ali também foi possível ver no Santo Padre autenticidade e amor pelo próximo.

Igreja e os jovens

Padre Ailton Martins Evangelista /Foto: Arquivo pessoal

Entre os muitos frutos palpáveis do pontificado do Papa Francisco, o assessor do Setor Juventude da Diocese de Lorena (SP), padre Ailton Evangelista, destaca a proximidade do Santo Padre com os jovens, o que os trouxe para mais perto da Igreja. “Ele diz que os jovens não são o futuro da Igreja, os jovens são o presente da Igreja”, recorda.

Três documentos do Papa Francisco são destacados pelo sacerdote. O primeiro é a exortação apostólica pós-sinodal Christus Vivit, o segundo, o Documento Final do Sínodo 2018 sobre os jovens. Neles, padre Ailton afirma que o Santo Padre consegue reunir e abraçar aquilo que foi proposto pelos jovens e pelos bispos sobre fé, discernimento, identidade vocacional, escuta, acompanhamento, dilemas e sonhos dos jovens. “São documentos que eu, como assessor de jovens, sempre volto para lê-los”, acrescenta. O terceiro documento é o livro “Deus é jovem”, de autoria do Papa. “É nesse livro que ele trabalha a teologia da juventude (…), uma teologia da ternura, em que ele consegue aproximar as vidas inter-geracionais dos jovens e dos idosos”.

O assessor da juventude cita também o discurso feito pelo Pontífice aos voluntários da JMJ 2013. Na ocasião, o Sucessor de Pedro falou que “Cristo bota fé nos jovens”. “Sou um padre jovem (…) e trabalhar com a juventude é um privilégio marcado por desafios, como todos os outros trabalhos pastorais, mas percebo um diferencial: os jovens também nos evangelizam. Os jovens também nos falam de Jesus, contam também o quanto a experiência deles com Jesus é forte e como também têm as suas vidas transformadas.”, partilha.

Padre Ailton enfatiza que é “muito bom estar alinhado com o Papa Francisco” porque ele é “um grande professor no apostolado no século XXI”. “Olhando para as atitudes do Papa Francisco a gente aprende muito mais de Jesus”.

Quem é o Papa Francisco para os jovens?

Com a juventude perpassada por esses 12 anos de pontificado, os três jovens definem, de forma particular, quem é Francisco. “Ele é o nosso pastor (…) que nos acolhe, pega no colo, orienta e faz com que não sigamos por caminhos errados. Ele nos ajuda a estar na vida reta e quer que a Igreja viva a santidade”, afirma Elizane.

Raylson Araújo /Foto: Arquivo Pessoal

Raylson frisa que Francisco é o Papa dos gestos, da concretude. O fato dele morar na Casa Santa Marta, o desapego a bens materiais e a forma como ele abraça e brinca com os fiéis são gestos marcantes, de acordo com o jovem.

Para Lucas, Francisco é esperança, e não só pelo ano jubilar. “Sempre se mostrou como um sinal de esperança em diversos momentos: esperança de renovação para a Igreja, esperança de paz e fraternidade no mundo, esperança de consolo e confiança em meio à pandemia da Covid-19, esperança de vida até mesmo na sua doença. Seu otimismo e sua confiança em Deus nos dão esperança para seguir caminhando”, partilha.

Líder espiritual e amigo dos jovens

Além de seguir as redes sociais do Papa Francisco e do Vaticano, Lucas conta que sempre busca conteúdos em sites e portais católicos. “Tenho o hábito de ouvir suas homilias e catequeses, gosto muito da linguagem e das analogias que o Papa utiliza — são, ao mesmo tempo, muito próximas da nossa realidade e profundas. Outro gosto que tenho é de ler seus documentos, cartas e exortações, principalmente a Christus vivit, voltada à juventude, e a Misericordia et Misera, do final do Ano da Misericórdia”.

Lucas Ventura /Foto: Arquivo Pessoal

Lucas conta que todos esses conteúdos impactam sua juventude e o ajudam a aprofundar seu entendimento acerca da Igreja e da fé. O estilo “Francisco”, frisa o seminarista, é algo que o toca e, ao mesmo tempo, o coloca em serviço.

“Acredito que as palavras do Papa Francisco impulsionam e dão coragem aos jovens que se abrem a escutá-lo. […] Nós conseguimos nos conectar com ele, ao mesmo tempo, como líder espiritual e como um amigo, alguém que te aconselha e te ajuda. Quando ele fala diretamente aos jovens, isso se torna ainda mais um impulso para agir”, enfatiza.

O “grito” do Papa para os jovens

Em um de seus documentos, o Pontífice ressalta que um cristão triste é um triste cristão. A afirmação impactou Elizane e sua busca pela santidade. A religiosa conta que passou a se dedicar a viver dando testemunho daquilo que Jesus pede sendo alegre e feliz.

A jovem acrescenta que o Papa sempre faz os fiéis lembrarem que são filhos de Deus e precisam estar unidos a Ele. “Os jovens estão desistindo muito rápido, até da própria vida. Então Francisco dá um ‘grito’ para nós, não só para o jovem, mas para todos: ‘não desistam’ (…). O objetivo é estar unido a Jesus Cristo na eternidade”, conclui.

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