Muito além do Mês da Mulher. Por Marilisa Boehm

Marilisa Boehm destaca as ações promovidas pelo Governo do Estado de Santa Catarina no Mês da Mulher, como o mutirão de mamografias que atendeu 476 mulheres e o lançamento do Plano Estadual de Políticas Públicas para as Mulheres.

Marilisa Boehm escreve artigo sobre políticas públicas para mulheres em SC. Foto: Richard Casas / GVG

A Maternidade Carmela Dutra, em Florianópolis, e o Hospital Terezinha Gaio Basso, em São Miguel do Oeste, realizaram um mutirão de mamografias entre os últimos dias 22 e 28 de março. Ao total, 476 mulheres foram atendidas. Essa foi uma das muitas iniciativas que nós do Governo do Estado de Santa Catarina incluímos na programação oficial do Mês da Mulher. Em todas as regiões, realizamos uma série de atividades envolvendo diversas secretarias de governo. Tudo com o apoio total do governador Jorginho Mello que, desde o início do mandato, faz questão de contar com mulheres em cargos de gestão e liderança ao seu lado na administração do Estado.

Quando criamos a programação tínhamos dois objetivos claros. O primeiro era fazer mais do que uma mera lembrança do mês que passou a ser reconhecido em 1975 pela Organização das Nações Unidas (ONU) como um símbolo da luta das mulheres para terem seus direitos reconhecidos. O segundo era implementar ações que possam ser feitas durante o ano todo.

E uma das principais ações que realizamos foi o início do Plano Estadual de Políticas Públicas para as Mulheres, algo que sempre imaginei durante as quase três décadas em que trabalhei como delegada da Polícia Civil em Joinville, onde criei a primeira Delegacia da Mulher no maior município de Santa Catarina. Meu trabalho diário no enfrentamento à violência contra as mulheres me fez ter certeza de que esta pauta não é apenas uma questão policial, mas cultural. Historicamente muitos homens creem que as mulheres são sua posse. E mudar isso requer um amplo esforço de todos os setores da sociedade, tanto na conscientização das gerações masculinas e femininas que cresceram acreditando que é direito deles bater e é obrigação delas obedecer, quanto nas novas gerações, para mostrar aos meninos que agredir uma mulher não é normal e é crime e, para as meninas, que elas devem ser respeitadas e que cabe às leis e ao Estado protegê-las e lhes dar condições ideais de vida.

Lancei a ideia do Plano Estadual de Políticas Públicas para as Mulheres em novembro de 2024, trabalhando em parceria com a Secretaria de Estado da Assistência Social, Mulher e Família. Das reuniões de orientação e trabalho ficou claro que a iniciativa só poderia acontecer após termos um diagnóstico amplo sobre a situação das mulheres que vivem em Santa Catarina. Assim, no dia 24 de março, por meio da Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Estado de Santa Catarina (Fapesc), foi lançado o edital de seleção de profissionais graduados e pós-graduados que vão apurar as múltiplas realidades das mulheres.

Não é possível pensarmos em soluções sem sabermos exatamente quais são os problemas.
Será que a mulher serrana tem a mesma realidade da que vive no Litoral? E as que moram nos municípios menores do Vale do Itajaí, Planalto Norte, Oeste e Sul têm as mesmas condições que as das grandes cidades como Joinville, Florianópolis e Criciúma? Para descobrir isso, os bolsistas vão levantar dados sociais, nível de escolaridade, de empregabilidade, de participação política e questões como acesso aos serviços de saúde e de segurança pública, entre outros temas. A partir daí, o Governo do Estado poderá, enfim, criar ações específicas para todas as catarinenses nascidas aqui e para as migrantes e imigrantes que escolheram nosso Estado para viver. Será uma realização muito além do Mês da Mulher e que valerá para todos os anos.


Marilisa Boehm (PL) é a vice-governadora de Santa Catarina desde 2023 e ex-delegada.

Adicionar aos favoritos o Link permanente.