Opinião | A dificuldade de interpretação do cenário e a asfixia econômica brasileira

Sabidamente nos últimos meses o Brasil tem se deparado com a volta de um velho fantasma do passado recente: o sistemático aumento de preços de produtos básicos nos supermercados, consequentemente da inflação. Lembro que nos anos 1980 e início dos anos 1990, em minha infância e adolescência, tínhamos que conviver com o fantasma das máquinas de modificação dos preços das mercadorias. 

Também me vem à memória na época do governo José Ribamar Sarney (1985-1990), primeiro o fracasso do plano cruzado e dos “fiscais do Sarney”, idealizado na gestão do Ministro Dilson Funaro, já falecido. Íamos ao mercado pela manhã e o preço de um litro de Leite ou da carne era um determinado valor e de tarde já era outro, quando não faltava mercadorias nas prateleiras.

  Outras tentativas frustradas como o plano verão de 1989 (Ministro Bresser Pereira) ou do Plano Collor de 1990, o qual confiscou a poupança, CDB´s, fundo de renda fixa, overnight e outros investimentos de muitos brasileiros, inclusive de pessoas jurídicas,  aconteceram e sem êxito na luta contra a alta dos preços. Esses esforços fracassados tinham como objetivo conter a hiperinflação.

Somente em 1994, com o plano real, idealizado no Governo Itamar Franco (1992-1994) pelo ministro da fazenda Fernando Henrique Cardoso, que se tornou presidente posteriormente (1995-2003),  em dois mandatos. O real trouxe estabilidade econômica, acabou com a inflação, diminuiu o tamanho do estado, foi rígido no controle fiscal e na contenção de gastos públicos.

Hoje vivemos, infelizmente, uma realidade diferente, que rememora o trágico período de Dilma Rousseff na presidência da república (2011-2016), onde o Brasil chegou a um decréscimo de PIB, segundo O Globo, em 2015 chegamos a uma queda de produto interno bruto de -3,55, graças a gastança, inchaço do estado e fraco desempenho na economia, o que resultou, além dos escândalos de corrupção, no impeachment da presidente.

Nos dias atuais o cenário vai se repetindo, o governo Lula III não decola na economia, os preços nos supermercados de todo país dispararam, os combustíveis com alta significativa e detalhe: sem pandemia, a qual paralisou muitos setores econômicos do país. A gastança, os 39 ministérios, despesas astronômicas com publicidade, com isso, é preciso que o alerta vermelho acenda no radar do governo, o ministro da economia Fernando Haddad desde o início do governo não deixa claro qual o rumo que o governo tem na sua pasta e não define uma postura e assistimos uma inércia na tomada de decisões para conter a alta de preços. 

Portanto, não adianta culpar governos anteriores e prospectar álibis para os erros e consequentes fracassos do governo na economia. É preciso que nós brasileiros sejamos vigilantes e que fiquemos espertos para manobras para desviar a atenção para a crise que está cada vez mais consolidada no país, é o que podemos fazer no momento.

Professor Leonardo Furtado, Doutor em Desenvolvimento Regional

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