Boxeador George Foreman Morre Aos 76 Anos

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George Foreman, campeão mundial dos pesos-pesados que surpreendeu o mundo ao voltar ao boxe e recuperar seu título aos improváveis 45 anos, e que transformou sua fama e personalidade carismática em um negócio multimilionário de grelhas elétricas, morreu na noite de sexta-feira em um hospital de Houston. Ele tinha 76 anos. Roy Foreman, irmão de George, anunciou a morte no Instagram. A causa do falecimento não foi divulgada.

Quando Foreman voltou ao ringue após dez anos afastado, muitos duvidavam que um lutador da sua idade pudesse vencer adversários mais jovens, muito menos retornar ao topo do esporte. Mas, em 1994, ele derrotou o então invicto Michael Moorer e reconquistou o título mundial.

A carreira de Foreman atravessou gerações: ele enfrentou Chuck Wepner nos anos 1960, Dwight Muhammad Qawi nos anos 1980 e Evander Holyfield nos anos 1990.

Ao lado de Joe Frazier e Muhammad Ali, Foreman marcou a era dourada do boxe nos anos 1970, quando o esporte ainda era uma força cultural nos Estados Unidos. Os três grandes campeões encantaram os fãs com lutas históricas, uma após a outra. Foreman era o último membro do trio ainda vivo.

Além do boxe, sua popularidade lhe permitiu faturar milhões vendendo grelhas elétricas após sua aposentadoria.

Campeão olímpico

George Edward Foreman nasceu em 10 de janeiro de 1949, em Marshall, Texas, filho de Nancy Ree (Nelson) Foreman e J.D. Foreman, um operário da construção ferroviária. Na vida adulta, descobriu que seu pai biológico era um homem chamado Leroy Moorehead.

Foreman foi transparente sobre seu passado turbulento, admitindo que, na juventude, foi um valentão e cometeu pequenos delitos. Após abandonar a escola, ingressou no Job Corps aos 16 anos. Aos 17, experimentou o boxe pela primeira vez.

O sucesso veio rápido no circuito amador. Apenas um ano e meio depois, sagrou-se campeão olímpico dos pesos-pesados ao derrotar Ionas Chepulis, da União Soviética, por nocaute no segundo round, na Cidade do México, em 1968.

Título mundial

Já como profissional, iniciou uma rotina intensa de lutas, chegando a lutar até 12 vezes em um ano. Ele acumulava um cartel invicto de 37 vitórias quando teve sua primeira chance de disputar o título mundial contra Joe Frazier, em Kingston, Jamaica, em 1973.

Apesar de ser considerado azarão em uma proporção de 3 para 1, Foreman dominou a luta, derrubando Frazier seis vezes antes do combate ser interrompido no segundo round. Uma dessas quedas inspirou o lendário comentarista Howard Cosell a pronunciar uma das frases mais famosas da história do boxe: “Frazier foi ao chão! Frazier foi ao chão!”

“It was unbelievable” (“Foi inacreditável”), escreveu Arthur Daley, colunista esportivo do The New York Times. “Em pouco mais de quatro minutos e meio, George Foreman destruiu Joe Frazier esta noite, e o homem que supostamente não podia perder sequer teve uma chance fantasma de vitória. Agora há um novo campeão mundial dos pesos-pesados, e ele conquistou o título com autoridade, em uma demonstração explosiva de força e habilidade.”

Foreman defendeu o título duas vezes antes de enfrentar Ali, em 1974, no lendário “Rumble in the Jungle”, no Congo, então denominado Zaire. Dessa vez, Foreman era o favorito, mas Ali recuperou o título, impondo a primeira derrota da carreira do campeão.

Ali utilizou sua estratégia “rope-a-dope”, apoiando-se nas cordas e permitindo que Foreman o golpeasse repetidamente, desgastando-se no processo. No oitavo round, Ali encerrou a luta com uma combinação de esquerda e direita que levou Foreman à lona.

Foreman ainda venceu mais cinco lutas, incluindo uma revanche contra Frazier, mas após perder para Jimmy Young em 1977, decidiu pendurar as luvas aos 28 anos, citando sua fé religiosa e o desejo de sua mãe.

Retorno improvável

No período de aposentadoria, tornou-se pastor em Houston e abriu um centro juvenil. Mas o boxe o atraiu de volta. “Quero ser campeão de novo”, declarou em 1987. “Tenho um plano de três anos. Quero começar de baixo. Treinar mais do que qualquer outro homem no mundo. Lutar uma vez por mês.”

Ele admitiu que a necessidade financeira pesou na decisão. “Sabe aquela história de que você tem quatro bolsos na calça e precisa guardar o que tem em um deles para o futuro? Pois bem, eu guardei um bolso. Tenho dinheiro para bife e batatas. Mas os outros três bolsos eu simplesmente torrei.”

Foreman lutou frequentemente, chegando a nove lutas em um ano. Conseguiu 24 vitórias seguidas, a maioria contra adversários menos talentosos. Isso o levou a uma chance pelo título aos 42 anos contra Holyfield, em 1991. Foreman perdeu por decisão, mas teve um desempenho respeitável.

Três anos depois, veio a consagração. Aos 45 anos, enfrentou Michael Moorer, de 26, campeão que havia vencido Holyfield. Foreman estava perdendo na pontuação dos juízes até acertar o golpe decisivo no 10º round, nocauteando Moorer em Las Vegas. Ele se tornou o campeão mais velho da história dos pesos-pesados.

“Qualquer coisa que você deseja, você pode conquistar”, disse Foreman após a luta. “É como na música: ‘Quando você deseja algo com o coração, seus sonhos se realizam’. Olhem para mim esta noite.”

Depois dos ringues

Foreman seguiu lutando até 1997, quando perdeu uma decisão apertada para Shannon Briggs, aos 48 anos. Encerrou sua carreira com um cartel de 76 vitórias e 5 derrotas, sendo amplamente considerado um dos 10 maiores pesos-pesados da história.

Após se aposentar, voltou a administrar seu centro juvenil, trabalhou como comentarista de boxe e, mais lucrativamente, tornou-se um vendedor de grelhas elétricas.

Em 1994, começou a promover a George Foreman Grill, conquistando o público com seu carisma e slogans como “É um nocaute!”. A grelha elétrica tornou-se um sucesso nos lares americanos.

Em 1999, a Salton Inc. pagou US$ 137,5 milhões (R$ 784,8 milhões) pelos direitos de uso do nome de Foreman nos produtos. Ele recebeu cerca de 75% desse valor. Também fez campanhas publicitárias para escapamentos, frango frito e salgadinhos.

Foreman teve cinco filhos e deu a todos o mesmo nome: George. Em 2005, escreveu um livro infantil, Let George Do It!, inspirado em sua família.

“Se tem uma coisa que aprendi nos negócios”, disse ele certa vez, “é que nada substitui o contato direto com as pessoas. Elas querem te conhecer. Então, elas compram você.”

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