Tradição: Via-Sacra mergulha no mistério da Paixão e Morte de Cristo

Prática é uma das mais estimadas dentre os exercícios de piedade popular; com a realização da Via-Sacra, fiéis podem obter indulgência plenária 

Kelen Galvan
Da Redação

Foto: Bruno Marques

“Entre os exercícios de piedade com os quais os fiéis veneram a Paixão do Senhor, há poucos que sejam tão estimados como a Via-Sacra”, destaca o Diretório sobre a Piedade Popular e a Liturgia da Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos.

A Via-Sacra, também conhecida como Via Crucis, é uma oração católica que consiste em percorrer mentalmente ou fisicamente as estações do caminho de Jesus durante sua Paixão e Morte na Cruz, do Pretório ao Gólgota e ao túmulo.

A origem desta tradição remonta ao século IV, quando os cristãos peregrinavam para Jerusalém e percorriam o trajeto da Paixão de Cristo. A partir do século XVII, essa prática se popularizou em todo o mundo. Mas foi em 1731 que o Papa Clemente XII estabeleceu definitivamente o número de 14 estações, como conhecida atualmente. A Via-Sacra foi aprovada pela Sé Apostólica e dotada de indulgências.

Padre Thales Nogueira / Foto: Arquivo Pessoal

Padre Thales Nogueira, pároco da Paróquia Nossa Senhora Aparecida, em Lorena (SP), explica que, embora a Via-Sacra possa ser rezada em qualquer dia do ano, ela costuma ser meditada nas sextas-feiras.

“A motivação de se meditar a Via-Sacra é mergulhar no mistério da Paixão e Morte de Cristo. E o fato de tradicionalmente ser meditada na sexta-feira, recorda o dia em que Jesus entregou sua vida por nós, dia em que a Igreja celebra sua morte redentora”, destaca.

O sacerdote afirma que, na Via-Sacra, os fiéis são chamados a “carregar com Jesus a cruz de cada dia” e essa meditação pode ser consolo diante dos próprios sofrimentos. “Assemelhando nossas dores e sofrimentos ao de Jesus, somos cada dia confortados na fé e na esperança em Deus, que caminha ao nosso lado e não nos abandona”.

O Diretório sobre a Piedade Popular destaca que a Via-Sacra é um exercício de piedade especialmente adequado ao tempo da Quaresma, porque nesta prática confluem diversas expressões da espiritualidade cristã: “a compreensão da vida como caminho ou peregrinação; como passo, através do mistério da Cruz, do exílio terreno à pátria celeste; o desejo de conformar-se profundamente com a Paixão de Cristo; as exigências da sequela Christi, segundo a qual o discípulo deve caminhar atrás do Mestre, carregando cada dia sua própria cruz”.

Indulgências

Padre Thales explica que a Via-Sacra também é um ato de piedade com o qual se pode ganhar a indulgência plenária em cada dia do ano.

O Manual de Indulgências (cf. n.63) traz os critérios para que o fiel que fizer o exercício da Via-Sacra, piedosamente, ganhe a indulgência plenária. Confira os principais pontos:

1. O piedoso exercício deve ser realizado diante das estações da via-sacra;
2. São necessárias 14 cruzes que podem vir acompanhadas por imagens ou quadros que representam as estações de Jerusalém;
3. É preciso fazer 14 leituras devotas, a que se acrescentam algumas orações vocais, com meditação só da Paixão e Morte do Senhor;
4. Exige-se o movimento de uma estação para a outra, ao menos do dirigente da procissão;
5. Os legitimamente impedidos poderão ganhar a indulgência com uma piedosa leitura e meditação da Paixão e Morte do Senhor ao menos por 15 minutos.

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