Exclusivo: Teresa Cristina fala à Ponte Cultural sobre sua estreia em Florianópolis

A cantora compartilhou suas expectativas para o show na Maratona Cultural, falou sobre os planos para 2026, a possibilidade de um disco autoral

A cantora e compositora carioca Teresa Cristina conversou com a Ponte Cultural sobre sua primeira apresentação em Florianópolis, que acontece neste sábado (22), durante a Maratona Cultural. A artista será a atração principal do segundo dia do evento, levando ao palco seu show Pagode Preta, um espetáculo que celebra os clássicos do pagode dos anos 80 e 90, interpretado por uma banda formada exclusivamente por mulheres negras.

Apesar de já ter uma trajetória consolidada na música brasileira, Teresa Cristina se tornou amplamente conhecida pelo grande público durante a pandemia, entre 2020 e 2021, quando realizou lives diárias em seu instagram, que chegou a reunir simultaneamente mais de 50 mil pessoas, com a participação de artistas consagrados como Caetano Veloso, Marisa Monte, Gilberto Gil e muitos outros. A iniciativa rendeu a ela o título de “Rainha das Lives”, consolidando sua influência no samba e ampliando seu alcance nacional e internacional. Agora, chega a Florianópolis com um show que promete homenagear o pagode e reafirmar a força das mulheres no gênero musical.

A seguir, leia a entrevista completa com Teresa Cristina:

Teresa, esse show na Maratona Cultural marca sua primeira apresentação em Florianópolis, certo? Como está a sua expectativa para cantar na cidade e para esse encontro com o público catarinense?

“Bom, eu tô muito ansiosa pra essa primeira apresentação em Florianópolis. Tô feliz de poder levar esse show Pagode Preta, que é um show que eu tô gostando muito de fazer com uma banda só de mulheres negras. A gente canta Pagode dos anos 80 e 90, é um show alegre, pra cima, dançante, romântico. Eu acho que o público catarinense vai amar.”

Sua trajetória no samba é marcada por um grande respeito à tradição, mas também por um olhar sempre atento às novas gerações. Como você vê o papel do samba na música brasileira hoje e a importância de manter essa conexão entre passado e futuro?

“O samba tem um papel vital na cultura brasileira, né? E a importância de manter sempre essa conexão entre passado e futuro é esse olhazinho para trás que a gente sempre tem que ter para saber de onde vem o samba, quem foi que criou o samba, da onde o samba veio, qual o fundamento do samba, que força ancestral que carrega esse gênero musical durante tantos anos. Só assim a gente vai ter forças para o futuro. E esse futuro está chegando, viu? A gente está vendo as novas gerações abraçando o samba, mulheres compositoras, mulheres presentes na roda de samba, tocando violão, cavaquinho, pandeiro, surdo, fazendo arranjos. Eu sempre tive esse olhar de respeito para o samba. Sempre respeitei a tradição do samba, porque eu acho que com respeito a gente bota o samba para frente.”

Ao longo da sua carreira, você viveu momentos decisivos e teve encontros importantes que marcaram sua trajetória. Um desses momentos foi a sua atuação na pandemia, com as lives que se tornaram um verdadeiro ponto de acolhimento e conexão para muitas pessoas – inclusive, esse foi o tema do meu TCC. De que forma essa experiência ainda te impacta hoje? Você sente que essa troca com o público mudou sua relação com a música e com o próprio samba?

“A experiência que eu tive na pandemia me marcou para o resto da vida. Eu criei conexões com pessoas que não conheciam meu trabalho, eu criei conexões com artistas que eu não tinha contato, nem contato mental, gente. Eu pude aliviar a minha ansiedade, eu pude dar saúde mental à minha mãe, que estava preocupada com a pandemia, eu pude ressaltar a importância da cultura brasileira num momento tão difícil para o Brasil, para o mundo. E essa troca que eu tive, eu vejo até hoje, até hoje eu encontro pessoas que querem me abraçar, que querem me agradecer por eu ter ajudado de alguma forma essas pessoas a passarem a pandemia de uma maneira mais amena, de uma maneira mais doce. E conhecendo a cultura brasileira, então eu acho que é um marco na minha carreira.”

E para 2024, quais são seus próximos projetos? Podemos esperar um novo álbum, novos shows ou alguma novidade especial que você já possa adiantar para os fãs?

“Bom, para 2024 eu pretendo gravar um álbum cantando as composições do Zeca Pagodinho, o Zeca Pagodinho compositor, pretendo lançar o meu álbum autoral, se Deus quiser. Esses são meus planos, vamos ver o que que Deus quer.”

A Ponte Cultural seguirá acompanhando a programação da Maratona Cultural, que começa nesta sexta-feira (21), com atrações espalhadas por toda a cidade.

Nota do jornalista – Mateus Benhur

A Teresa Cristina foi o tema do meu Trabalho de Conclusão de Curso na faculdade de Jornalismo, em 2021. Eu, Mateus Benhur, hoje colunista do Ponte Cultural, aqui no Upiara.net, fico muito feliz que essa primeira entrevista exclusiva da nossa coluna seja justamente com a Teresa, uma artista que foi essencial para um dos momentos mais importantes da minha trajetória acadêmica e profissional.

Meu TCC abordou o impacto das lives da Teresa na pandemia, o acolhimento que ela proporcionou a tantas pessoas e a força da música como resistência, entrevistando uma série de artistas que passaram pelas lives dela. O trabalho foi aprovado com nota máxima, e hoje, olhando para trás, percebo que aquele trabalho, uma grande reportagem, em diversos formatos, vídeo, áudio e texto, com muita música e arte, foi a sementinha da Ponte Cultural, que agora começa a germinar. E que  lindo que essa primeira exclusiva seja com essa mulher forte, poderosa, inspiradora e potente, que é Teresa Cristina.

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