Como Fazer com Que a Aposentadoria Jogue a Favor da Sua Saúde Mental

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No tempo dos meus avós, e dos meus pais também, aposentadoria era quase sinal de que a vida produtiva tinha acabado para sempre e que só restava aos idosos se recolherem e esperarem o fim de suas vidas.

Os 60, 70 e até os 80 anos de hoje há muito não são mais os mesmos de ontem. Não só a Medicina avançou enormemente, possibilitando às pessoas viverem mais, como já temos uma multiplicidade de ferramentas para nos ajudar a tornar a nossa saúde mental (e nossa vida) melhor.

Com isso eu quero dizer que o profissional que hoje chega próximo da sua aposentadoria muitas vezes chega com uma vitalidade criativa da qual ainda gostaria de fazer uso. Eu sou exemplo de um desses profissionais: faço 71 anos este ano e estou na fase mais produtiva da minha vida.

A questão é que muitos profissionais são obrigados a se aposentarem muito mais cedo do que gostariam, seja compulsoriamente aos 75 anos, se forem servidores públicos, ou aos 65 ou 70 e até mesmo antes (os da iniciativa privada), por não conseguirem mais (ou terem extrema dificuldade) se inserir no mercado de trabalho, embora quisessem seguir trabalhando.

E, mesmo que o encerramento da vida profissional tenha sido planejado, dizer adeus à carreira pode ser um choque emocional e mental, porque, com ele, encerra-se uma rotina com a qual a maior parte de nós já estava acostumado. E isso pode ter grande impacto na autoestima, no senso de identidade, nos relacionamentos e na saúde mental.

Muitos ficam um pouco tristes (embora tendam a esconder isso); outros, perdem o senso de si, e outros chegam a ficar deprimidos. Como fazer uso da aposentadoria de forma a que ela jogue a favor da sua saúde mental?

1. Ressignifique a relação com seu parceiro ou parceira

Para muita gente, a aposentadoria pode colocar, pela primeira vez na vida, um casal junto no mesmo espaço o dia todo e isso pode amplificar fraturas que já poderiam existir na relação ou criar novas.

Talvez seja um bom momento de ressignificar a relação, aumentando o espaço de diálogo e revendo a ideia de que, de agora por diante, tudo deverá ser feito pelo casal. Se ambos trabalhavam anteriormente e tinham a sua autonomia, por que não continuar a tê-la? Até porque as pessoas são diferentes e têm desejos e ambições diferentes. Que cada um possa seguir fazendo o que gosta e o que deseja fazer, desde que o outro seja respeitado.

2. Trace novos planos

A sensação inicial de que você agora tem autonomia absoluta pode levá-lo, a “enforcar-se” nas cordas da liberdade. Ou seja, quando as opções são tantas, podemos nos embaralhar com elas. Traçar planos para essa nova etapa da vida é uma maneira de reordenar a vida e voltar a apoderar-se do senso de propósito.

Uma outra excelente possibilidade é aprender algo novo. Hoje, mais do que nunca, o nosso mundo e a complexidade que ele tem nos exige um “lifelong learning”, ou seja, uma educação continuada. Com a multiplicidade de cursos on line de curta, média e longa duração – em que se incluem MBAs e pós-graduações brasileiros e estrangeiros – tornou-se mais fácil engajar-se numa nova meta.

3. Networking também nessa fase

Manter-se circulando pode significar uma possibilidade de inserção em um projeto temporário, por exemplo. Ou mesmo a possibilidade de criar um projeto colaborativo com colegas de profissão ou de outras profissões. Novamente, fazer cursos ou até esportes são maneiras de estar entre pessoas das mais diferentes carreiras, o que só nos fará bem.

Dr. Arthur Guerra é professor da Faculdade de Medicina da USP, da Faculdade de Medicina do ABC e cofundador da Caliandra Saúde Mental.

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