Opinião | O sol vermelho e suas consequências na Gestão Ambiental

A cor avermelhada do sol foi notadamente observada durante o ano de 2024, como um fenômeno que resulta da presença de partículas suspensas no ar. Essas partículas, provenientes de queimadas, poluição industrial e outros processos destrutivos, têm impactos diretos na saúde humana, causando problemas respiratórios e cardiovasculares, além de afetar o meio ambiente de forma catastrófica. O fenômeno do sol vermelho também sinaliza a crescente degradação ambiental. Queimadas intensificadas e tempestades de areia, exacerbadas pelas mudanças climáticas, são apenas alguns dos fatores que contribuem para esse cenário. A luz solar, ao atravessar uma atmosfera saturada de poluentes, dispersa seletivamente as cores azul e verde, deixando passar a luz vermelha, criando o efeito visual que tantos têm observado. Essa realidade deveria ser motivo de alerta máximo para as autoridades, especialmente para o governo federal, responsável pela gestão do meio ambiente no país. No entanto, o descaso com a preservação ambiental é evidente.

No entanto, não se pode fugir da verdade dos dados, posto que, segundo o Inpe – Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, durante a gestão da ministra Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, a Amazônia registrou os maiores índices de queimadas em períodos recentes. Em setembro de 2024, Marina reconheceu que muitos incêndios tinham origem criminosa e admitiu que o governo enfrentava dificuldades para lidar com o problema. Apesar disso, a ministra, que já havia criticado duramente administrações anteriores, enfrenta agora os desafios de sua própria gestão, ressaltando as dificuldades sistêmicas na condução de políticas ambientais efetivas.

Adicionalmente, em 2024, o governo federal reduziu o orçamento do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) para o combate a incêndios, mesmo diante de previsões de cenários climáticos adversos, agravando ainda mais a crise ambiental e limitando a capacidade de resposta a um problema tão crítico.

Embora a ineficiência governamental seja evidente, é imprescindível coibir e punir queimadas realizadas de forma irresponsável, seja no manejo da terra ou no desmatamento. Sem uma fiscalização rigorosa e penalidades efetivas, práticas predatórias continuarão a destruir a floresta, agravando os danos ambientais e comprometendo a saúde e o bem-estar da população.

Esses episódios trazem à tona uma reflexão inevitável: enquanto no passado as críticas à devastação da Amazônia eram severas e amplamente divulgadas, atualmente, o silêncio de muitos setores da sociedade contrasta de forma intrigante com a seriedade da situação atual. Isso nos leva a questionar: será que a preocupação real sempre foi a destruição da floresta, ou apenas a ideologia de quem ocupava o governo naquele momento?

Teresinha Chiraski Linzmeyer e
Jorge Amaro Bastos Alves, bióloga e economista

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