“Minha vida acabou”: mulher atingida por carro na cachoeira do Taquaruçu relata traumas e recuperação de acidente em Brusque

cachoeira do Taquaruçu

Fernanda Jennyfer Amarante da Silva, a mulher que foi atingida pelo carro que capotou na cachoeira do Taquaruçu, em Brusque, relatou ao jornal O Município os momentos que viveu no acidente e os traumas que enfrenta na recuperação. Ela fraturou o pé e está com diversos ferimentos nas pernas, braços e nas costas. Andando com ajuda de uma muleta, a jovem de 18 anos está fazendo tratamento psicológico e com medicamentos.

Ela conta que chegou na cachoeira com o marido cerca de 20 minutos antes do acidente. Ambos desembarcaram de um carro de aplicativo e foram até a água. Ela tomou banho na cachoeira, tirou fotos e sentou próxima a ribanceira. Ali, o carro capotou diversas vezes e atingiu a jovem.

“Algumas pessoas acharam que eu estava dentro do carro, mas não estava. Ninguém ia imaginar que um carro ia despencar de 5 metros. Também dizem que eu fui imprudente ao sentar em um local próximo à pista, mas ninguém vai imaginar. Você está ali para se divertir e brincar. A gente gosta da água, ainda mais nesse calor que está fazendo”, diz.

Durante a conversa, ela diz que, quando desceu do carro, brincou com o marido perguntando sobre a possibilidade do veículo cair da rua, por se tratar de uma via muito estreita. Ela conta que quando chegou, os homens estavam bebendo e com som alto no carro. Até que eles saíram do local e, pouco tempo depois, voltaram e fizeram diversas manobras perigosas.

“Foi tão rápido [a queda] que eu nem escutei. O meu marido se joga para o lado e o carro cai em cima de mim. Não tive tempo de reagir. Tinha uma criança ali e naquele momento eu estava olhando para ela. O pai dela conseguiu salvá-la em segundos. Por mais que não tenha caído na criança, imagina se cai. Não tinha sobrevivido”.

João Henrique Krieger/O Município

Bebidas e drogas

Ela afirma que haviam quatro pessoas dentro do carro e os envolvidos estavam sob efeitos de drogas. Dois deles, que, segundo ela, não sofreram tantos ferimentos, fugiram do local.

“Gravaram vídeos mostrando os homens, é só olhar para o rosto deles que dá para ver o efeito das drogas. Como que uma pessoa sai do carro sorrindo depois de um acidente desse tipo. Dois saíram rindo enquanto eu estava exposta desmaiada no chão. Eu estava só de biquíni e fui para o hospital só com uma toalha. Lá eu tive que tirar tudo”.

O carro atingiu Fernanda nas costas, onde ela tem uma ferida, na cabeça, onde ela tem um corte, no braço e nas pernas. “Ele caiu deslizando e bateu em uma pedra perto de mim. Se não fosse a pedra, ele teria me esmagado. Deus é tão glorioso que não deixou ser pior. Imagina se a sua família recebe a notícia que você morreu por causa da imprudência de alguém”.

João Henrique Krieger/O Município

Sonho perdido

Um dia antes do acidente, Fernanda havia sido demitida do emprego de repositora. Ela já estava enviando currículo para outras empresas e esperava ser chamada para entrevistas durante a semana. Agora, ela está sendo cuidada pela tia, Priscila Lima Amaral, 41. O marido de Fernanda também está desempregado e todos passam por dificuldades financeiras.

Ela também tinha o sonho de comprar um carro, mas após o acidente diz estar traumatizada com o ocorrido. Além disso, Fernanda fazia tratamento no Centro de Atenção Psicossocial (Caps) quando era adolescente. Ela havia recebido alta médica, mas voltou ao tratamento.

“Eu durmo a base de remédio e acordo às três horas da manhã chorando de dor. Eu já tenho medo de andar de carro, e agora estou com medo de sentar na beira da rua e um carro me bater. Para uma pessoa que já fazia tratamento, ganhar alta e ter que voltar por erro dos outros, é bem difícil. O meu sonho de ter um carro foi destruído por outra pessoa. Não que um dia eu não possa ter, mas não faz mais sentido”.

Outra situação que a jovem também está enfrentando é o julgamento das pessoas na rua. Ela conta que em vários lugares que passa, pessoas a reconhecem e pensam que ela estava com os envolvidos. Ou até mesmo que sofre violência doméstica quando está ao lado do marido.

João Henrique Krieger/O Município

“Eu quero justiça por algo que eu não fiz. Já sujaram o meu nome. Por onde eu passo as pessoas me reconhecem, mesmo não sabendo o meu nome, apenas porque eu comentei na publicação do acidente. Eu me sinto destruída quando as pessoas ficam me olhando. A pessoa me encara sem o senso de desviar o olhar, eu chego a sentir o nojo e o desprezo”.

Fernanda registrou um boletim de ocorrência na Polícia Civil e pretende entrar com uma ação judicial contra os envolvidos. “Encontramos algumas testemunhas e vamos seguir com o processo”, diz a tia dela.

“No fundo, a minha vida acabou. Eu não consigo trabalhar, pensar e nem dormir. Eu não pedi por isso e não estava no meio. Só quero que o meu nome seja limpo pelo fato de acharem que eu estava com eles”, diz.

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