Moradia mais cara: o que está por trás do aumento nos valores do aluguel residencial em Brusque

A Fundação Getúlio Vargas (FGV) divulgou o Índice Geral de Preços-Mercado (IGP-M) de 2024, que fechou com alta acumulada de 6,54%. O percentual é o maior dos últimos dois anos, já que, em 2023, o índice registrou queda de 3,18%, e, em 2022, alta de 5,45%.

Os anos de 2020 e 2021, que tiveram parte do calendário influenciado pela pandemia de Covid-19, foram os últimos a apresentar altas superiores à de 2024. Em 2020, o índice acumulou elevação de 23,14%, enquanto, em 2021, a alta foi de 17,78%.

Relação com o valor do aluguel

O índice mede a inflação de diversos serviços e produtos, além de ser utilizado para o reajuste dos contratos de aluguel de imóveis. Quando o indicador está em alta, a tendência é que o valor da locação suba.

A média do último ano é usada pela maioria das imobiliárias para calcular o reajuste do aluguel ou o valor pedido para locação.

Desde o elevado percentual registrado em 2021, em decorrência da pandemia de Covid-19, muitas pessoas têm buscado negociar o valor ou, pior, não conseguem encontrar um imóvel que se encaixe no orçamento.

Para não perder inquilinos ou afastar possíveis locatários, muitos proprietários têm aceitado renegociar ou reduzir o valor do aluguel. Para os gerentes, em alguns casos, essa prática é essencial para manter bons clientes, evitando que o imóvel fique desocupado por muito tempo, o que poderia gerar prejuízos ao proprietário.

Respostas do mercado

De acordo com gerentes de locação de imobiliárias consultadas pelo jornal O Município, o ano de 2025 começou com alta nos valores pedidos pelos proprietários dos imóveis disponíveis para locação.

Esse movimento já vem sendo percebido desde 2023, quando apartamentos de dois quartos, que tinham aluguel avaliado em R$ 1,6 mil, passaram a ser alugados por valores entre R$ 1,8 mil e R$ 2 mil, um aumento que varia entre 12,5% e 25%.

“O reajuste real para aquele período seria de aproximadamente R$ 80. No entanto, devido à alta demanda e ao crescente número de novos moradores na cidade, percebemos que é possível fechar a locação por um valor mais alto, refletindo a valorização do imóvel”, afirmou uma das gerentes entrevistadas. 

Por outro lado, segundo outro gerente, fevereiro de 2025 foi marcado por uma maior flexibilidade por parte dos proprietários, diferente do que se observou em janeiro.

Com muitos imóveis disponíveis no mercado, cresce o receio de que, ao manter o valor elevado, a propriedade permaneça desocupada e acabe desvalorizando por falta de interessados.

“Negociações precisaram ser feitas. Muitos proprietários concederam descontos significativos para que os contratos fossem fechados. Como há muitos imóveis no mercado, cabe ao proprietário decidir se prefere insistir no valor desejado ou reduzir um pouco o preço para garantir uma locação mais rápida. É importante continuar avaliando o mercado para entender se essa tendência vai se manter”, explicou o gerente. 

Outras justificativas

Nos últimos anos, uma “estratégia” que tem ganhado força entre os proprietários de imóveis em Brusque é a conversão de locações residenciais para comerciais, o que permite cobrar aluguéis significativamente mais altos.

“Me interessei por uma casa no bairro Santa Rita que era perfeita para a minha família, mas o proprietário disse que só alugaria para fins comerciais, mesmo sem nenhuma característica que indicasse esse uso. Fiz uma oferta, mas ele preferiu manter a locação comercial porque assim poderia cobrar mais”, relatou uma moradora que preferiu não se identificar.

Outra moradora viveu uma situação ainda mais frustrante. Após o proprietário autorizar a mudança e permitir que ela deixasse pertences no imóvel, desistiu do acordo porque uma clínica odontológica fez uma proposta mais alta.

“Voltei para a casa da minha mãe. Confiei, mas me dei mal. Os outros imóveis estão muito acima do que eram há poucos anos, então, por enquanto, prefiro continuar aqui”, lamenta.

Corretores explicam que, especialmente em bairros com alta circulação de pessoas, transformar casas e apartamentos térreos em salas comerciais pode dobrar o valor do aluguel.

No entanto, se o imóvel for residencial, é essencial verificar a viabilidade da mudança, pois o inquilino precisará de um CNPJ e documentos que comprovem a aptidão do espaço para uso comercial.

“Eu não vejo isso como uma tendência. Muitos imóveis de alto valor continuam residenciais. Mas, quando há viabilidade, alguns são ofertados para ambas as opções ou exclusivamente comerciais”, pondera uma gerente imobiliária.

Outra prática que tem dificultado a vida dos inquilinos é a exigência de garantias. Sem um fiador, muitos acabam recorrendo ao seguro-fiança, que encarece a mensalidade.

“Ou você consegue um fiador, ou paga mais caro para se mudar”, diz Pricila D’ávila, que mora de aluguel no bairro Santa Terezinha. “Apressados para mudar, acabamos aceitando, mas entendo que o proprietário busca segurança ao assinar o contrato”, completa.

Bairros mais caros

Há anos, os bairros mais procurados de Brusque incluem Centro, Santa Terezinha, Santa Rita, Jardim Maluche, Dom Joaquim, Primeiro de Maio, Limeira e Águas Claras.

De acordo com as imobiliárias, essa preferência se deve ao fato de essas localizações serem vistas como as melhores, por estarem próximas às áreas centrais e comerciais da cidade. Os que não são perto da área Central, costumam oferecer uma ampla variedade de serviços, como supermercados, farmácias, academias e escolas.

A reportagem realizou um levantamento exclusivo baseado em anúncios nos sites de duas imobiliárias diferentes que são consideradas referências na cidade.

Segundo os dados obtidos, o valor do aluguel de apartamentos em Brusque apresenta grande variação conforme o bairro, a quantidade de quartos e a presença de garagem. Nos bairros mais centrais, os preços tendem a ser mais elevados, especialmente para imóveis maiores e com mais comodidades.

No bairro São Pedro, por exemplo, o aluguel de um apartamento de 1 quarto com 1 vaga de garagem gira em torno de R$ 1,1 mil. Já no Centro, os valores são mais altos, variando entre R$ 1,2 mil e R$ 3 mil, com a média chegando a R$ 2,5 mil, considerada alta para imóveis que possuem apenas 1 quarto.

Nos bairros residenciais, como Limeira Baixa e Santa Terezinha, os alugueis também apresentam diferença. No Limeira Baixa, apartamentos de 2 quartos com 1 vaga, considerados padrões, custam entre R$ 1,25 mil e R$ 1,5 mil, enquanto em Santa Terezinha, que possui uma estrutura melhor e ainda conta com uma universidade, os preços aumentam e oscilam entre R$ 1,8 mil e R$ 2,3 mil. 

Em regiões como o Jardim Maluche, que teve maior valorização em décadas passadas, os valores de aluguel são mais altos, variando entre R$ 2,1 mil e R$ 3,4 mil. A oferta limitada de imóveis na área pode ser um fator que contribui para os preços elevados.

O valor do aluguel de casas em Brusque também revela diferenças significativas conforme o bairro, o tamanho do imóvel e a quantidade de vagas de garagem. Enquanto algumas regiões oferecem opções mais acessíveis, outras atingem patamares elevados, especialmente para casas maiores e bem localizadas.

No bairro São Pedro, é possível encontrar casas de 2 quartos com 1 vaga de garagem por valores entre R$ 1,5 mil e R$ 3,3 mil, com média de R$ 2,3 mil. Já em Dom Joaquim, os preços oscilam entre R$ 1,6 mil e R$ 2,2 mil, com uma média mais baixa, de R$ 1,9 mil, atraindo moradores que buscam custo-benefício e que não possuem problema em morar longe das áreas centrais.

Já bairros como Santa Rita e Souza Cruz apresentam aluguéis médios de R$ 2,3 mil e R$ 2,8 mil, respectivamente, para casas de 2 quartos e 1 vaga de garagem. Em contrapartida, áreas como São Luiz e Centro já registram valores mais altos, chegando a R$ 5 mil e R$ 5,9 mil, respectivamente.


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